segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

10.º LH2 partilha as suas leituras na BE/CRE

 

No âmbito do Clube de Leitura, os alunos e alunas do 10.º LH2 reuniram-se na Biblioteca juntamente com a docente de Português, Ana Paula Luz, e com a Professora Bibliotecária.

O trabalho desenvolvido no âmbito deste Clube articula, ainda, com o Projeto WEIWERBE que visa o desenvolvimento de competências ao nível das literacias da informação e digital, de forma a promover o trabalho colaborativo e, ao mesmo tempo, novas responsabilidades nos utilizadores de recursos digitais.

Importa, ainda, referir que, tendo em conta que a nossa escola é uma escola piloto na implementação do projeto Educação sobre o Holocausto e prevenção do Genocídio” (Rede de Escolas associadas da UNESCO), a seleção dos livros para estas primeiras leituras teve em conta a temática do Holocausto.

Depois de duas sessões iniciais dinamizadas pela professora bibliotecária, uma de motivação à leitura a partir da exploração de elementos paratextuais, e outra sobre literacia da informação, coube aos alunos a tarefa de leitura do livro escolhido. O corpus literário incluiu, de entre outros, os seguintes livros:

- “Os meninos que enganaram os Nazis” de J. Joffo

- “O Violino de Auschwitz” de Maria A. Anglada

- “Os Rapazes que Desafiaram Hitler” de Phillip Hoose

-“Canção de Embalar de Auschwitz” de Mario Escobar

- “O Tatuador de Auschwitz” de Heather Morris

- “Se Isto é um Homem” de Primo Levi

- “O Mundo em que vivi” de Ilse Losa

Estas leituras e esta partilha visam não só a promoção da leitura pelo prazer de ler, mas também a promoção de uma reflexão sobre diversas temáticas, suscitadas pelas leituras e que devem ser propostas pelos alunos. Assim, estas sessões de partilha desenvolvem-se em torno da leitura em voz alta de um excerto do livro que cada aluno selecionou, à qual se segue um breve debate sobre o tema proposto por cada aluno e no qual todos os alunos são convidados a participar, independentemente de terem ou não lido esse livro.

Nesta sessão debateram-se temas como a resiliência, o poder do amor e da amizade, os limites físicos e psicológicos do ser humano, de entre outros.

Os alunos passaram, agora, a uma fase de pesquisa para a elaboração de trabalhos que partilharão com os colegas e as docentes no próximo período. 


 








 

Jogos da Alimentação ajudam a rever e a consolidar os conhecimentos adquiridos nas aulas de Ciências Naturais


À semelhança de anos letivos anteriores, a BE/CRE dinamizou mais uns Jogos da Alimentação numa parceria com os docentes de Ciências Naturais do 6.º ano.

Este ano, devido à pandemia, registaram-se algumas alterações, nomeadamente a redução do número de alunos em cada uma das atividades e o reforço dos cuidados de higienização dos materiais utilizados. Assim, procedeu-se à desinfeção dos equipamentos após cada utilização, recorreu-se ao uso de pinças, passíveis de desinfeção, para manuseamento dos materiais e plastificaram-se as páginas do livro consultado.

Os alunos aderiram com o habitual entusiasmo e mostraram que esta é uma geração informada relativamente aos cuidados que devemos ter com a nossa alimentação.

Os jogos desenvolvem-se em torno de quatro atividades diferentes que vão sendo realizadas de forma rotativa:

Atividade A - A roda diária

Os alunos devem fazer uma adequada distribuição dos alimentos, disponibilizados em pequenas imagens em formato de íman, ao longo do dia, procurando variar, o mais possível, a escolha dos alimentos que consomem.

Atividade B - “Sara’s cooking class”

Recorrendo a esta aplicação, os alunos devem preparar, virtualmente, um “Smoothie de Pêssego” sendo que devem seguir as instruções dadas no guia da atividade e estar atentos aos ingredientes utilizados - uma forma lúdica de aprender a preparar uma refeição saudável.

Atividade C - Curiosidades sobre alimentos

Sabias que os bróculos são ricos em vitamina K? E que o pepino tem 96% de água? Ou que umas gotas de azeite na orelha podem aliviar a dor de ouvido? Estas e outras curiosidades foram descobertas pelos alunos através da consulta de algumas páginas do livro “100 coisas para saber sobre comida” e pela realização de umas palavras cruzadas.

Atividade D - A Pirâmide Alimentar da Dieta Mediterrânica

Nesta atividade os alunos distribuem, desde a base de uma pirâmide, os alimentos que devem ser consumidos, diariamente, em maior quantidade, até às camadas superiores onde devem constar aqueles que devem ser consumidos com moderação.

No final, na avaliação da atividade, os alunos foram unânimes em considerar que aprenderam mais sobre a alimentação de uma forma divertida!












 

sábado, 19 de dezembro de 2020

"O Gigante Egoísta" de Oscar Wilde - Leituras de Porta em Porta

 Aqui fica o belo texto de Oscar Wilde para lembrar que o Natal é um tempo de dádiva e de altruísmo...

“O Gigante Egoísta” 

“Todas as tardes, depois da escola, as crianças brincavam no jardim do gigante.

Era um grande e belo jardim, forrado de uma relva macia e verde. Estava semeado de flores semelhantes a estrelas e havia doze pessegueiros que na Primavera se cobriam de pétalas cor-de-rosa e pérola e no Outono davam frutos saborosos. Os pássaros cantavam tão docemente entre a folhagem daquelas árvores, que a crianças interrompiam muitas vezes as suas brincadeiras para os ouvir em silêncio. «Como somos felizes aqui», diziam umas às outras.

Um dia o Gigante voltou. Fora visitar um amigo, o Ogre da Cornualha, com quem passara sete anos. Decorrido esse tempo, tendo dito um ao outro quanto poderiam dizer, porque as suas conversas eram bastante limitadas, decidira voltar para o seu castelo. Quando chegou, encontrou as crianças no seu jardim.

- Que fazeis aqui? – gritou, num tom de voz muito bruto. As crianças fugiram apressadamente.

- O jardim é meu – disse o Gigante -, qualquer pessoa pode perceber isso, e não deixarei que ninguém, além de mim, venha para aqui brincar. Construiu então um grande muro em torno do jardim, e colocou nele uma tabuleta que dizia: «Os Invasores Serão Processados.»

Era decididamente um Gigante muito egoísta.

As pobres crianças não tinham agora nenhum sítio onde pudessem brincar. Experimentaram a estrada, mas não gostaram; havia muito pó e muitas pedras. No fim das aulas iam rondar o muro, conversando sobre o belo jardim que havia lá dentro: «Como fomos felizes ali», diziam uns aos outros.

Veio depois a Primavera e o campo encheu-se de flores e passarinhos. Só no jardim do Gigante Egoísta reinava ainda o Inverno. Os pássaros não mostravam desejos de cantar porque ali não havia crianças, e as árvores esqueciam-se de florir. Um dia, uma flor levantou timidamente a cabeça na relva mas, ao ver a tabuleta, sentiu tanta pena das crianças que deslizou de novo para a terra e adormeceu. Os únicos seres que viviam ali satisfeitos eram a Neve e a Geada. «A Primavera esqueceu-se deste jardim», exclamavam, «e poderemos ficar aqui todo o ano.» A Neve cobria a relva com o seu alvo manto e a Geada enfeitava de prata todas as árvores. Tinham convidado o Vento Norte a fazer-lhes companhia e ele viera. Enrolado em peles, rugia o dia inteiro, e tanto soprou que acabou por derrubar as chaminés do castelo. «Este lugar é deliciosos», dizia. «Precisamos de convidar o Granizo a visitar-nos.» E veio o Granizo. Tamborilava todos os dias nos telhados mais ou menos durante três horas. Esfacelou, assim, quase todas as telhas, enquanto corria em torno do jardim, rodopiando vertiginosamente. Vestia-se de cinzento e tinha um hálito gelado.

«Não percebo porque demora tanto a Primavera a chegar», dizia a si próprio o Gigante Egoísta, sentado à janela, contemplando o seu jardim branco e frio. «Espero que o tempo mude.»

Mas a Primavera nunca chegou, nem o Verão. O Outono espalhou os seus frutos dourados por todos os jardins, mas não reservou um único para o jardim do Gigante. «Ele é demasiado egoísta», explicava o Outono. Portanto, ali era sempre Inverno, e apenas ali ficaram o Vento Norte, o Granizo, a Geada, e a Neve dançando entre as árvores.

Certa manhã, acordado, mas ainda na cama, o Gigante ouviu uma música encantadora. Soava-lhe tão bem que pensou que seriam os músicos do rei, de passagem. Era apenas um pequeno tentilhão que cantava no peitoril da janela, mas há tanto tempo que o Gigante não ouvia o canto de uma ave no seu jardim, que aquela música lhe soava como a mais bela do mundo. Então, o Granizo parou de dançar sobre a sua cabeça, o Vento Norte parou de rugir, e entrou pela janela um perfume delicado. «Acho que a Primavera chegou finalmente», pensou o Gigante, e saltou da cama para ver o que se passava lá fora.

Que viu então?

O espetáculo mais maravilhoso que se possa imaginar. Através de um buraco no muro, as crianças tinham penetrado no jardim e estavam sentadas nos troncos das árvores. Em todas as árvores que conseguia ver havia uma criança. E as árvores estavam tão contentes com o regresso dos garotos que se haviam recoberto de flores e agitavam docemente os ramos sobre as pequeninas cabeças. Os pássaros esvoaçavam de um lado para o outro, chilreando alegremente, e as flores olhavam sobre a relva, rindo. Era uma cena deliciosa; só num canto do jardim ainda era Inverno. Era o canto mais afastado, e nele estava um rapazinho muito pequeno. Era tão pequeno que não conseguia alcançar os ramos da árvore, e rodava à volta dela, chorando de desespero. A pobre árvore estava ainda coberta de Geada e Neve e o Vento Norte rugia entre os seus ramos. «Sobe, rapazinho», dizia a árvore, inclinando os ramos para ele, o mais baixo que podia. Mas o menino era demasiado pequeno.

O coração do Gigante comoveu-se, de repente. «Como tenho sido egoísta! Agora compreendo por que motivo a Primavera não voltava aqui. Vou ajudar aquele pequenino a subir para a árvore. Derrubarei o muro e o meu jardim transformar-se-á num parque de recreio para as crianças, para todo o sempre.» Estava realmente arrependido do que tinha feito.

Desceu devagar as escadas, abriu o portão sem fazer barulho e saiu para o jardim. Mal o viram, as crianças, assustadas, fugiram a correr e o Inverno voltou a tomar conta do jardim. Só o pequenino não pudera fugir porque tinha os olhos tão cheios de lágrimas que nem sequer vira o Gigante. Este aproximou-se dele, tomou-o delicadamente sobre a palma da mão e colocou-o num ramo. Imediatamente a árvore desabrochou em milhares e milhares de flores, e os pássaros começaram a cantar, e o pequenino passou os braços em torno do pescoço do Gigante e beijou-o. Vendo que o Gigante já não era mau, as outras crianças voltaram para o jardim. E com elas voltou a Primavera. «Agora o jardim é vosso, meninos», disse o Gigante, e pegou numa picareta e derrubou o muro. Ao meio-dia, as mulheres que voltavam do mercado viram o Gigante a brincar com as crianças no mais belo jardim que se possa imaginar.

Brincaram o dia inteiro e, ao chegar da noite, as crianças despediram-se do Gigante.

- Mas onde está o vosso companheiro? – perguntou.

- Onde está o pequenino que eu coloquei sobre a árvore? – O Gigante gostara mais desse menino porque o tinha beijado.

- Não sabemos – responderam. – Foi-se embora.

- Digam-lhe que não falte, que volte amanhã – pediu o Gigante. Mas as crianças responderam que não sabiam onde morava o menino, e que nunca antes o tinham visto; e o Gigante sentiu-se muito triste.

Todas as tardes, quando a escola acabava, as crianças vinham brincar com o Gigante. Mas o menino que o Gigante tanto amava nunca mais apareceu. O Gigante continuou a ser muito bom para todas as crianças, mas pensava sempre naquele seu primeiro amiguinho, e falava frequentemente nele. «Como gostaria de o tornar a ver!», dizia.

Os anos passaram e o Gigante ficou velho e fraco. Sentado numa enorme poltrona, olhava as crianças, distraídas nos seus folguedos, e admirava o jardim. «Tenho muitas flores belas», pensava; «mas as crianças são as flores mais belas de todas.»

Certa manhã de Inverno, enquanto se vestia, olhou pela janela. Já não odiava o Inverno, porque sabia, agora, que era apenas o sono da Primavera, e que as flores estavam a descansar.

De repente, esfregou os olhos, maravilhado, e olhou, e tornou a olhar. No ângulo mais distante do jardim estava uma árvore toda coberta de flores brancas. Dos seus ramos de ouro pendiam frutos de prata e debaixo dela estava sentado o pequenino que ele tanto amava.

O Gigante, doido de alegria, precipitou-se pela escada, até ao jardim. Correu pela relva e aproximou-se da criança. Quando chegou junto dela, o seu rosto ficou vermelho de raiva, e perguntou:

-Quem ousou ferir-te? – Porque nas palmas das mãos da criança estavam as marcas de dois pregos, e os seus pés tinham também a marca de dois pregos.

-Quem ousou ferir-te? – repetiu o Gigante. – Diz-me, para que eu o agarre e mate com a minha grande espada.

- Não! – respondeu o menino. – Estas feridas são de amor.

- Quem és tu, então? – perguntou o Gigante e, assolado por um estranho tremor, ajoelhou-se diante da criança.

O menino sorriu-lhe e disse:

- Uma vez deixaste-me brincar no teu jardim. Agora vens tu comigo para o meu jardim, que é o Paraíso.

E naquela tarde, quando as crianças chegaram, correndo, ao jardim, encontraram o Gigante morto, estendido sob a árvore, coberto de flores brancas.”

 

Wilde, O. (2019). O Gigante Egoísta. In Nas Tuas Mãos Unip. Lda., Vinte Surpreendentes Histórias de Natal (pp. 111-116). Lisboa: Sibila Publicações.