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sexta-feira, 29 de março de 2013

"Leituras com chocolate" para Assistentes Operacionais e Administrativos

À semelhança do ano anterior, a professora bibliotecária dinamizou, no âmbito da Semana da Leitura, duas  sessões de leitura para os Assistentes Operacionais e, este ano, também para os Assistentes Administrativos .
Tendo em conta o projeto "Tablet de Chocolate", que está a ser implementado, a obra escolhida foi o romance de Laura Esquivel, Como Água para Chocolate.
 
Depois de breves considerações sobre a escritora e o género literário em que esta obra se inscreve, passou-se a um momento de interação em que se exploraram algumas capas deste livro e se formularam algumas hipóteses sobre a ação deste romance. A sessão terminou com a leitura de excertos do primeiro capítulo e, claro, com uma chávena de chocolate quente.
 
 

"Amado Jorge"

Parte integrante da exposição "A(mar) Amado", o Power Point com excertos de testemunhos de personalidades do mundo da política, da literatura, da música, atraiu as atenções de todos os que visitaram a exposição.


Exposição A(mar) Amado 1912 - 2012



A imagem de Jorge Amado que ficará, para sempre, guardada na nossa retina será a de um homem informal, descontraído, bem-disposto e que não gostava de falar de coisas tristes. Será também a imagem de um homem amante da vida, de um homem que viveu e amou o povo - o povo das praças, dos morros, das vielas, dos becos, das praias, dos terreiros de santos, das roças de cacau… E será, ainda, a imagem do escritor que escolheu para personagens principais dos seus livros  jagunços, matutos, pescadores, meninos de rua, prostitutas, lavadeiras do Senhor do Bonfim.

Tal como ele próprio afirma em O Menino Grapiúna “(…) Que outra coisa tenho sido senão um romancista de putas e vagabundos? Se alguma beleza existe no que escrevi, provém desses despossuídos, dessas mulheres com ferro em brasa, os que estão na fímbria da morte, no último escalão do abandono. Na literatura e na vida, sinto-me cada vez mais distante dos líderes e dos heróis, mais perto daqueles que todos os regimes e todas as sociedades desprezam, repelem e condenam.”

Jorge Amado, o filho da Bahia, o escritor que levou a muitos milhões de pessoas a mensagem de um Brasil esmagado pelo peso da ditadura militar, mas que Amado revelou ser humana e culturalmente muito rico, o Brasil do sertão Baiano.

No ano letivo de 2012/2013,  por ocasião do centenário do seu nascimento, e no âmbito do projeto “Tablet de chocolate”, a Biblioteca Escolar  pretende, na 7ª edição da Semana da Leitura, este ano centrada na temática do MAR, lembrar “O menino do cacau”, “O cavaleiro da esperança”, “O cantor da baianidade”, “O libertador do povo brasileiro”… enfim, lembrar e fazer amar Amado.











terça-feira, 26 de março de 2013

Jorge Amado - Apontamento biográfico







Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, a sul do Estado da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância. Fez os estudos secundários no Colégio António Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador. Nessa altura, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes.
Publicou o seu primeiro romance, O país do carnaval, em 1931. Casou-se em 1933, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, Lila. Nesse ano publicou o seu segundo romance, Cacau.
Formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, em 1935. Militante comunista, foi obrigado a procurar o exílio na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942, período em que fez uma longa viagem pela América Latina. Ao voltar ao Brasil, em 1944, separou-se de Matilde Garcia Rosa.
Em 1945, foi eleito membro da Assembleia Nacional Constituinte, pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Jorge Amado foi o autor da lei, ainda hoje em vigor, que assegura o direito à liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai.
 
 
Em 1947, ano do nascimento de João Jorge, primeiro filho do casal, o PCB foi declarado ilegal e os seus membros foram perseguidos e presos. Jorge Amado vê-se obrigado a fugir com a família para França, onde ficou até 1950, quando foi expulso. Em 1949, morreu no Rio de Janeiro a sua filha Lila. Entre 1950 e 1952, viveu em Praga, onde nasceu a sua filha Paloma.
De volta ao Brasil, Jorge Amado afastou-se, em 1955, da militância política, sem, no entanto, deixar os quadros do Partido Comunista. Dedicou-se, a partir de então, inteiramente à literatura. Foi eleito, em 6 de abril de 1961, membro da Academia Brasileira de Letras.
A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações ao cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba em várias partes do Brasil. Os seus livros foram traduzidos para 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em formato de audiolivro.
Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001. Foi cremado conforme o seu desejo, e as suas cinzas foram enterradas no jardim da sua residência na Rua Alagoinhas, no dia em que completaria 89 anos.
A obra de Jorge Amado mereceu diversos prémios nacionais e internacionais, entre os quais se destacam: Estaline da Paz (União Soviética, 1951), Latinidade (França, 1971), Nonino (Itália, 1982), Dimitrov (Bulgária, 1989), Pablo Neruda (Rússia, 1989), Etruria de Literatura (Itália, 1989), Cino Del Duca (França, 1990), Mediterrâneo (Itália, 1990), Vitaliano Brancatti (Itália, 1995), Luis de Camões (Brasil, Portugal, 1995), Jabuti (Brasil, 1959, 1995) e Ministério da Cultura (Brasil, 1997).
Recebeu títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas ordens da Venezuela, França, Espanha, Portugal, Chile e Argentina, além de ter sido feito Doutor Honoris Causa em 10 universidades, no Brasil, em Itália, em França, em Portugal e em Israel. O título de Doutor pela Sorbonne, em França, foi o último que recebeu pessoalmente, em 1998, durante a sua última viagem a Paris, quando já estava doente.
Jorge Amado orgulhava-se do título de Obá, posto civil que exercia no Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia.
Fonte: Fundação Jorge Amado

quinta-feira, 21 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DAS FLORESTAS



As atuais comemorações têm as suas raízes em manifestações antigas, nomeadamente no culto das árvores e das florestas de culturas antigas e que ainda perduram.
Os gregos e os romanos tinham o culto de várias divindades que associavam às árvores. Os celtas acreditavam na magia das árvores e que cada uma tinha o seu próprio poder. A simbologia estendeu-se também às florestas, espaço de mistério e de sentimentos conflituais que excitam a imaginação e o fantástico. As comemorações referenciadas na antiga Grécia e em Roma assumem a sua expressão mais celebrizada em França como símbolo do novo regime que sucedeu à Revolução Francesa “as árvores da liberdade”.
As actuais comemorações e as“Festas da Árvore”, do início do século, têm a sua raiz no Dia da Árvore, dia especialmente dedicado à plantação de árvores no Nebrasca (EUA), face à escassez de florestas, com início em 10 de abril de 1872.
Muitos países se seguiram nesta iniciativa. As comemorações tinham lugar em diferentes épocas, dependendo das condições climáticas.
Em Portugal, a primeira “Festa da Árvore” foi comemorada em 1907, estendendo-se estas comemorações, sobretudo durante o período inicial da 1.ª República, até 1917. Foram interrompidas pelo Estado Novo. Para alguns a “Festa da Árvore” não passava de um culto pagão, sendo destruídas as árvores plantadas.
Em dezembro de 1970, no âmbito das comemorações do Ano Europeu da Conservação da Natureza, foi retomada a celebração oficial do “Dia da Árvore”, por proposta da então Direção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas e da Liga para a Proteção da Natureza.
A “Festa da Árvore” passou a“Festa da Floresta” quando, em 1971, a FAO estabeleceu o "Dia Mundial da Floresta" com o objetivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.
Em Portugal foi celebrado o primeiro “Dia Mundial da Floresta” em 1974, tendo sido escolhida, como em muitos outros países do hemisfério norte, a data de 21 de março, o primeiro dia de primavera.
Em 30 de novembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que declara o dia 21 de março de cada ano como Dia Internacional das Florestas, encarregando o Secretariado de, em colaboração com os governos e as demais organizações internacionais e da ONU, organizar anualmente as comemorações do Dia Internacional.
DIA DA FLORESTA AUTÓCTONE
A 23 de novembro celebra-se, na Península Ibérica, o Dia da Floresta Autóctone. Esta efeméride surge em complemento do Dia Mundial da Floresta - 21 de março - pouco adequado à plantação de espécies autóctones nos países do sul da Europa.
Assim, sugere-se a plantação de árvores no dia da Floresta Autóctone e a rega (se necessário) no Dia Mundial da Floresta.
A EVOLUÇÃO DA FLORESTA
A floresta na Península Ibérica, durante as mudanças climáticas pleistocénicas, com avanços e recuos dos gelos continentais, era diferente das florestas atuais.
Antes da última glaciação tínhamos no nosso território um clima subtropical húmido, estando coberto por florestas de lenhosas sempre-verdes com composição semelhante à que se observa hoje, nos Açores, Canárias e Madeira. Aqui este tipo de floresta não foi devastado pela última glaciação devido às temperaturas não atingirem os baixos valores do continente.
Esta floresta designa-se Laurissilva por ter árvores da família das Lauráceas, como o loureiro Laurus nobilis, o til Ocotea foetens ou o vinhático Persea indica.


 

 

Na serra de Sintra ainda persistem algumas espécies relíquia da Laurissilva como o feto-dos-carvalhos Davallia canariensisou o feto-folha-de-hera Asplenium hemionitis.
Durante a última glaciação o nosso país teve um clima muito frio, desaparecendo a Laurissilva e passando a ter uma cobertura vegetal semelhante à actual taíga. Abundavam pinheiros e Juniperus como a sabina-das-praias.
Depois da última glaciação a floresta apresenta espécies adaptadas ao novo clima, predominando carvalhos, género Quercus,e a faia Fagus sylvatica.
A nossa espécie instala-se na Europa em plena última glaciação e assiste/colabora na formação da floresta atual. De início, a humanidade aproveita a proteção e riqueza disponibilizada pela floresta: caça, frutos, água. Quando inicia o cultivo de cereais e a domesticação dos animais inicia-se a degradação da floresta. Intensifica-se com a procura de lenha e de carvão, exploração de madeira e alargamento do espaço pastoril e agrícola.
A construção de naus, durante os descobrimentos, teve grande responsabilidade na exploração e declínio das florestas europeias. A maior parte da floresta de serra de Sintra foi então destruída.
Com as montanhas desarborizadas, a população começou a viver do pastoreio. Os fogos e queimadas também contribuíram para a desertificação das nossas montanhas. Passam a estar cobertas por urzes, giestas, tojos, torgas e carqueja.
Portugal foi artificialmente rearborizado a partir do século XIX. Na serra de Sintra foram utilizados o pinheiro-bravo Pinuspinaster, o cedro do Buçaco Cupressus lusitanica e o eucalipto Eucaliptus globulus.
A não substituição por matas fundadas na vegetação natural – equilibrada e estável - teve como consequência a pesada fatura dos fogos. Após o grande incêndio de 1966, criaram-se condições para se instalarem as espécies invasoras como as acácias, o pitósporo e as háquias.
Actualmente, no topo, predominam os pinhais bravos, eucaliptais e acaciais, que o fogo periodicamente devora. O avanço das espécies invasoras é cada vez maior.
A fauna da serra, onde já viveram ursos, cervos, javalis, lobos, gatos-bravos, lebres, não pode hoje ser rica dado o predomínio de espécies exóticas.
A FLORESTA ATUAL NA SERRA DE SINTRA
Estima-se que, atualmente, apenas persista 1% da vegetação arbórea natural. No entanto, o clima especial, a diversidade de exposições e de composição geológica permitem uma notável biodiversidade: cerca de 900 plantas autóctones, sendo, cerca de metade, mediterrânicas ou oeste-mediterrânicas. Nos espaços mais abrigados ocorre a regeneração do carvalhal.
 
 
Floresta de carvalho cerquinho
Ainda se encontram quase todas as espécies do género Quercusespontâneas em Portugal: o sobreiro Quercus suber vê-se com frequência a meia altitude nas encostas setentrionais mais frescas, o carvalho-alvarinho ou roble Quercus robur, que subsiste na humidade das vertentes mais a norte de clima mais suave, o carvalho-negral Quercus pyrenaica prefere a parte superior da montanha mais fria e com solos mais ácidos e secos, e o carrasco Quercus coccifera por toda a serra, este preferindo as encostas mais secas, onde se intercala com a azinheira Quercus rotundifolia, o Quercus lusitanica a carvalhiça, carvalho arbustivo característico de zonas outrora ocupadas por floresta, o carvalho-cerquinho Quercus faginea nos terrenos calcários, e nas vertentes setentrional e meridional a média altitude Quercus rotundifolia, a azinheira. Coabitam com o azevinho Ilex aquifolium,o medronheiro Arbutus unedo, o folhado Viburnum tinus, o zambujeiro Olea europaea var. sylvestris a gilbardeiraRuscus aculeatus e violetas Viola odorata nas margens dos caminhos.
Carvalho negral



Próximo das linhas de água crescem os freixos Fraxinus angustifolia, amieirosAlnus glutinosa, aveleiras Corylus avellana, salgueiro-preto Salix atrocinerea e o ulmeiro Ulmus minor.
Musgos, líquenes, fetos e grande variedade de cogumelos encontram aqui habitat privilegiado. Cerca de 140 espécies de cogumelos foram já identificadas na serra.

 
Zambujeiro


 Prof. Honório Marques

Bibliografia: www.icnf.pt