Páginas

domingo, 3 de novembro de 2024

"Leituras de Porta em porta" - Dia da Biblioteca Escolar

 


Imagem da atual Biblioteca de Alexandria 
Fonte: Viator. https://www.viator.com/pt-PT/tours/Alexandria/half-day-tour-to-The-Bibliotheca-Alexandrina-Library-of-Alexandria


“Alexandria, o farol do saber”

«Até Roma atingir o apogeu, Alexandria, fundada por Alexandre em 331 a.C., foi a maior e mais populosa cidade do Mediterrâneo. Durante o primeiro século e meio da sua existência, assumiu a condição de centro cultural graças ao patrocínio dos Ptolomeus, os faraós gregos que fundaram o Museu e a sua Biblioteca. O Museu e a Biblioteca faziam parte do complexo palatino juntamente com um observatório astronómico e um jardim botânico.

“Não há nada que não figure entre os seus tesouros”, assegurava um ditado da época. “Ginásios, espetáculos, filósofos distintos, o recinto sagrado dos deuses, o rei, homem generosíssimo, e além disto, o Museu!” Muitos decerto admiraram as gigantescas proporções do farol e de outros edifícios de Alexandria ou passearam pela ampla avenida do Canopo e pelos seus mercados de sedas e especiarias. Poucos, em contrapartida, alguma vez colocaram pé no Museu (o “Templo das Musas”), já que esta seleta instituição se encontrava dentro do palácio real, que ocupava todo o bairro, e a sua entrada era restrita.

          Sabia-se que no Museu existia uma grande biblioteca, onde se acumulavam milhares de rolos de papiro e que ali vivia uma comunidade de sábios. (…) Tanto Ptolomeu I, o fundador do Museu, como o seu filho Ptolomeu II agiram com a mesma vontade de domínio que empurrara Alexandre para a exploração dos confins do mundo. No entanto, em vez de enviarem tropas para o Egito, estes soberanos enviaram emissários comerciais com as bolsas cheias de ouro para comprar livros. Chegaram mesmo a confiscar no porto de Alexandria o que não conseguiam comprar e que queriam incluir nos fundos da biblioteca. Ao mesmo tempo, filósofos, eruditos e homens de ciência de todo o mundo grego aceitaram o convite para integrarem a comunidade do Museu, no palácio real. Livres de preocupações materiais, já que nem impostos tinham de pagar, “adoravam as Musas” em benefício dos seus generosos patronos. Os poucos que entravam no Museu sabiam que este tinha diversas dependências: salas de conferências, laboratórios, parques, pórticos, êxedras… já para não falar da famosíssima Biblioteca e do refeitório onde os residentes comiam e celebravam banquetes juntos.

          Porém, dentro do Museu, a vida não registava a tranquilidade absoluta que se esperaria de um espaço de leitura. Uma sátira da época comentava que “no Egito, o de muitas raças”, criavam-se, “alguns rabiscadores de livros que discutem sem fim na gaiola dos pássaros do Museu”.

          De facto, Zenódoto de Éfeso, o primeiro diretor da biblioteca, talvez fornecesse a sensação de que flutuava pelas prateleiras e entre os rolos de papiro que tentava colocar seguindo uma ordem alfabética – um sistema inventado por ele -, enquanto dezenas de colaboradores, de estilete em riste, escreviam o texto da sua nova edição corrigida das obras de Homero.(…)

          Os membros do Museu tinham também de agir como conselheiros dos monarcas e educavam os príncipes da casa real antes da coroação. Zenódoto, por exemplo, foi tutor real de Ptolomeu II, e Apolónio de Rodes, o segundo diretor da biblioteca, de Ptolomeu III. Os membros do Museu podiam também integrar o séquito de outros membros da realeza, como Eratóstenes de Cirene, o terceiro diretor da Biblioteca, que foi confidente da rainha Arsínoe III e até lhe escreveu uma biografia.

          O Museu era basicamente um centro de investigação e não uma universidade com ensino regular, embora por vezes incorporasse jovens promessas aos quais atualmente chamaríamos “assistentes de investigação”. É verdade que, com o tempo, os membros do Museu levaram a cabo uma espécie de ensino público, fosse sob a forma de conferências, de simpósios ou de banquetes nos quais o rei também pontualmente participava.

A festa das Musas

          A melhor ocasião de relacionamento entre o Museu e a população de Alexandria era o festival organizado periodicamente em honra das Musas e do deus Apolo. Era constituído por jogos e concursos literários, com os respetivos prémios e honras para os vencedores.

Nestes certames, também podiam participar estrangeiros com talento que quisessem dar a conhecer as suas composições literárias. Era um evento internacional, e os membros do Museu eram convidados para o júri. Conta-se que, para uma das edições deste festival, Ptolomeu IV escolheu seis jurados da sua confiança, mas faltava um sétimo. Então, o soberano dirigiu-se aos sábios do Museu e estes apontaram para um jovem entre eles, de seu nome Aristófanes, que “com entusiasmo e uma pontualidade extraordinária, não fazia mais do que ler e reler todos os livros da biblioteca, seguindo uma ordem sistematizada”. (…)

Aristófanes dedicara-se a ouvir as explicações do bibliotecário Zenódoto desde criança e, como jovem prometedor, foi discípulo do poeta Clímaco. A escolha de Aristófanes como membro do júri estava, assim, plenamente justificada por se tratar de uma das estrelas emergentes no firmamento científico de Alexandria.

          Os poetas começaram a recitar as suas composições em voz alta, e o público presente assinalava aos juízes, com aplausos ou assobios, os que eram do seu agrado e aqueles que não o eram. Quando foi pedido aos juízes o seu veredito, seis concederam o primeiro prémio ao poeta que melhor impressão causara no povo, mas Aristófanes deu como vencedor precisamente o poeta que menos entusiasmo gerara nas massas.

          O rei e os outros juízes indignaram-se, mas Aristófanes indicou-lhes tranquilamente que o seguissem até à biblioteca do Museu. Já na sala, Aristófanes começou a retirar das estantes um grande número de rolos de papiro e foi comparando um a um com os poemas que ouvira no festival. Os poetas vencedores tiveram de confessar que tinham copiado as suas composições. Ptolomeu IV ordenou que os plagiadores fossem punidos e despediu-os da forma mais humilhante. Em contrapartida, cobriu Aristófanes de presentes e nomeou-o diretor da Biblioteca.

          A partir do seu novo cargo, Aristófanes levou a cabo um prodigioso trabalho no campo da crítica literária e, com as suas edições dos dramaturgos e líricos gregos, permitiu que a filologia alexandrina chegasse ao apogeu.

Curiosidades…

O Engano dos Atenienses

 O médico Galeno, que no século II d.C., viveu durante cinco anos em Alexandria, descreveu o modo como Ptolomeu II assegurou cópias oficiais das obras de Ésquilo, Sófocles e Eurípides, os grandes autores trágicos gregos, que estavam guardadas em Atenas. Os Atenienses emprestaram-nas ao rei para que as copiasse mediante pagamento prévio de uma fiança de quinze talentos de prata, o que pressupunha 390 quilogramas deste metal precioso. “Porém – conta Galeno -, uma vez copiados no melhor papiro, o rei ficou com os que recebera dos atenienses e enviou-lhes os que copiara, pedindo-lhes que ficassem com os quinze talentos e recebessem os novos livros em vez dos velhos que estes lhe tinham entregado.”

          “E assim – terminava Galeno -, nada podiam aqueles fazer, já que tinham em todo o caso recebido a prata com essa condição. Receberam os novos livros e ficaram com a prata.”

 Em Voz Alta, Por Favor

          Se existe algo que caracteriza as nossas bibliotecas é o silêncio, tão necessário para nos concentrarmos na leitura. Mas a leitura silenciosa é uma novidade medieval: na Antiguidade, lia-se em voz alta. Por essa razão, as bibliotecas não tinham salas de leitura como as atuais. Em Alexandria, o habitual era ouvir vozes continuamente: as dos eruditos que liam, absortos, ou dos que passeavam ou se sentavam a conversar e a trocar ideias no perípatos ou galeria coberta do Museu que Estrabão mencionou, ou na êxedra (um espaço semicircular com bancos corridos) que este autor também citou.

          Os livros (…) eram feitos de papiro (…) e tinham a forma de rolos e o texto era colocado em colunas. O leitor segurava-os com as mãos: quando acabava de ler uma coluna de texto, desenrolava com a mão a seguinte, enquanto a outra enrolava o trecho que terminara. 

Sánchez. J. P. (2024). A Vida dos Sábios – A Biblioteca de Alexandria. História – National Geographic, (19), 50-59.

Alguns registos da atividade "Leituras de Porta em porta" com as Alunas Monitoras da BE/CRE Mélanie e Beatriz. Muito obrigada a ambas. 






Dia da Biblioteca Escolar - "Bibliotecas escolares: a ligar comunidades!"

 


Todos os anos a IASL (International Association of School Librarianship) lança o desafio às bibliotecas escolares (BE) de todo o mundo – desenvolver ao longo do mês de outubro um conjunto de atividades que visem dar a conhecer o trabalho que se desenvolve na Biblioteca Escolar, evidenciando que a biblioteca não é apenas um serviço da escola mas sim um local nevrálgico da mesma.

Em Portugal, instituiu-se que a quarta segunda-feira do mês de outubro seria o Dia, por excelência, dedicado às Bibliotecas Escolares.

Este ano, o mote para celebrar este mês foi: “Bibliotecas Escolares: a ligar comunidades”.

Na BE  da Escola Básica e Secundária de Gama Barros, o mês de outubro foi, na verdade, muito preenchido e ilustrativo da dinâmica habitual deste espaço, agora renovado, entre as Visitas Orientadas à BE para todos os alunos do 5.º ano, as atividades em parceria com a disciplina de Ciências Naturais – “Rochas e Solos” -, o lançamento do Projeto “Weiwwe(r)be” com a dinamização  das sessões de Literacia da Informação para algumas turmas dos Cursos Profissionais e do 10.º ano dos restantes Cursos, e de um novo “Clube de Leitura”, e a atividade “Bem-vindos ao Nosso Mundo”, concebida pelas Professoras Bibliotecárias do Agrupamento – Filomena Lima e Gracinda Silva - especificamente para assinalar o mês das BEs.

No dia 28 de outubro, Dia da Biblioteca Escolar, na BE/CRE da EBS Gama Barros, dinamizamos a atividade “Leituras de porta em porta” - com um texto sobre a Biblioteca de Alexandria, dando conta da sua importância enquanto polo cultural no Mundo Antigo -, tivemos a presença de três turmas do 6.º ano para participar na atividade “Bem-vindos ao nosso mundo” e, no final da tarde, houve um pequeno lanche de confraternização, oferecido pela professora bibliotecária, para os alunos do 6.º 6.ª.

Sobre cada uma destas atividades daremos conta brevemente, aqui no nosso blogue.


Momento da confraternização dos alunos e das alunas do 6.º 6.ª

Halloween na Biblioteca Escolar

À semelhança de anos letivos anteriores, a equipa da Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos da Escola Básica e Secundária de Gama Barros não deixou passar em branco o, cada vez mais popular, Dia das Bruxas. Este ano, o cenário criado inspirava-se numa “mesa de trabalho”, verdadeiramente assustadora, da nossa Bruxa. Desde o panelão de ferro, passando por vários instrumentos de laboratório, gentilmente cedidos pela professora de Física e Química Angelina Fortes, que colaborou na conceção do cenário, estavam, também, expostos vários ingredientes, indispensáveis para a concretização de feitiços assustadores – patas de grifo, um coração de Ogre, Morcegos chifrudos, Acromantulas, veneno de aranha e outros.

Sob o olhar atento da bruxa, os alunos do 5.º ano foram recebidos pela Professora bibliotecária, Filomena Lima, que, para além de partilhar a origem da palavra Halloween, apresentou uma versão verdadeiramente assustadora da Lenda de Jack O’Lantern. No final, ainda houve tempo para um “Spooky Bingo” durante o qual se aproveitou para consolidar e aprofundar algum léxico, em Inglês, relacionado com o Halloween.

A professora de Inglês, Clara Afonso, cujas turmas participaram nesta atividade, ainda distribuiu alguns “treats” a todos os participantes.

Foram, na verdade, dois dias muito animados e muito divertidos!!!