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domingo, 30 de outubro de 2016

“iPad Hour”



Cerca de 30 alunos participaram na primeira “iPad Hour” que se realizou no passado dia 20 de outubro, das 13h às 14h, na Biblioteca Escolar.
Entre reações de verdadeiro entusiasmo e, por vezes de surpresa e espanto, os alunos viajaram por diversas aplicações que versam assuntos tão diversos como Anatomia, Astronomia, História, Ciências Naturais ou apenas por outras que permitem apenas momentos de pura diversão.
Foi uma hora muito rápida que se repetirá com uma periodicidade mensal ou bimensal.
Estejam atentos ao placarde da BE/CRE no exterior do Pavilhão H. A atividade será divulgada pelo seguinte cartaz:



Rodolfo Castro capta atenção e interesse de alunos de diversos níveis etários









Uma vez mais, a BE/CRE da Escola Básica e Secundária de Gama Barros teve o privilégio de contar com a presença daquele que se apresenta como o pior contador de histórias do mundo. A verdade é que a sua capacidade de comunicação, a sua expressividade e o seu sentido de humor inconfundíveis proporcionam momentos inesquecíveis e captam a atenção dos alunos que, de um modo geral, querem sempre mais uma história. Fruto de muito trabalho e de muita pesquisa, Rodolfo Castro apresenta versões originais de histórias como “O Capuchinho Vermelho”, “Cinderela” e “A Bela Adormecida”, por exemplo, que são desconhecidas da maioria do público, que foi habituado a ouvir as versões mais “Douradas” e “Eufemísticas” da Disney.
Por vezes, o público fica apenas surpreendido, outras quase chocado pois as versões originais destes “Contos de Fadas” radicam em acontecimentos, costumes e tradições e em factos históricos que diferem imenso das versões que chegaram até nós.
Para além de um excelente contador de histórias, Rodolfo Castro é um excelente professor de História e de Antropologia repleto de sentido de humor, por vezes um pouco negro.
No próximo dia 18 de novembro, a Biblioteca Escolar contará, novamente, com a sua presença para outras três sessões – às 10h, às 11h 45min e às 15h 15min.





Livro do Mês - "Diário e registo histórico de Invenções e Descobertas"






Mensalmente, a Biblioteca Escolar vai destacar um livro que considere de interesse relevante para a comunidade escolar, em particular para os alunos.
No mês de outubro o “Livro do Mês” foi o livro “Diário e registo histórico de Invenções e Descobertas” (com magníficas reconstruções a 3 dimensões), pois pretendemos, também, lançar o tema da Biblioteca Escolar para este ano – “Descobertas”.
O livro continuará em destaque durante a primeira semana de novembro e pode ser consultado mediante solicitação no Balcão de Atendimento da BE/CRE.
A qualidade e diversidade da informação disponibilizada, assim como os modelos em 3 dimensões de algumas das principais invenções da história da humanidade como a Prensa, a Lâmpada e o Cinema, de entre outros, transformam este livro numa verdadeira viagem pelo tempo e pela história da inteligência e do engenho humanos.
A não perder!

"Leituras de porta em porta"





“Leituras de porta em porta” é uma atividade que pretende proporcionar aos elementos da comunidade escolar um momento de leitura. Gostaríamos que esta atividade promovesse o “ler por prazer” e não fosse mais um momento de análise de texto, de preenchimento de fichas de leitura...
Assim, periodicamente, será afixado nas portas de algumas salas de aula o documento, em suporte de papel, que identifica a atividade. Nesse documento, reproduz-se uma das portas da cidade do Funchal criada no âmbito do “Projeto arte pORtas abErtas".
Ao entrar numa sala em cuja porta esteja afixado este documento, o/a professor/a de Português “deverá” proceder à leitura do pequeno texto que encontrará em cima da sua mesa e/ou em suporte digital, no ambiente de trabalho do computador da sala, de modo a permitir diferentes modalidades de leitura.
Este mês, e porque outubro é o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares, o texto escolhido, da autoria de Walter Hugo Mãe, intitula-se “Bibliotecas”.
Aqui fica o texto, em jeito de desafio, para que ele entre pela porta de muitas famílias e para que, nessas casas, no momento que considerarem mais adequado, se leia apenas pelo prazer de ler…
Boa leitura.


“Bibliotecas”

“As bibliotecas deviam ser declaradas da família dos aeroportos, porque são lugares de partir e de chegar.
Os livros são parentes diretos dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e, como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se entrassem dentro do próprio ar, a ver o que existe para depois do que não se vê.
O leitor entra com o livro para o depois do que não se vê. O leitor muda para o outro lado do mundo ou para outro mundo, do avesso da realidade até ao avesso do tempo. Fora de tudo, fora da biblioteca. As bibliotecas não se importam que os leitores se sintam fora das bibliotecas.
Os livros são também toupeiras ou minhocas, troncos caídos, maduros de uma longevidade inteira, os livros escutam e falam ininterruptamente. São estações do ano, dos anos todos, desde o princípio do mundo e já do fim do mundo. Os livros esticam e tapam furos na cabeça. Eles sabem chover e fazer escuro, casam filhos e coram, choram, imaginam que mais tarde voltam ao início, a serem como crianças. Os livros têm crianças ao dependuro e giram como carrosséis para as ouvir rir e para as fazer brincar.
Os livros têm olhos para todos os lados e bisbilhotam o cima e o baixo, a esquerda e a direita de cada coisa ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Podemos pensar que abrir e fechar um livro é obriga-lo a pestanejar, mas dentro de um livro nunca se faz escuro. Os livros querem sempre ver e estão sempre a contar.
As bibliotecas só aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade dos ignorantes e dos incautos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e soam canções e trombetas a cada instante. E há invariavelmente quem discuta com fervor o futuro, quem exija o futuro e seja destemido, merecedor da nossa confiança e da nossa fé.
Adianta pouco manter os livros de capas fechadas. Eles têm memória absoluta. Vão saber esperar até que alguém os abra. Até que alguém se encoraje, esfaime, amadureça, reclame o direito de seguir maior viagem. E vão oferecer tudo, uma e outra vez, generosos e abundantes. Os livros oferecem o que são, o que sabem, uma e outra vez, sem se esgotarem, sem se aborrecerem de encontrar infinitamente pessoas novas. Os livros gostam de pessoas que nunca pegaram neles, porque têm surpresas para elas e divertem-se com isso. Os livros divertem-se muito.
As pessoas que se tornam leitoras ficam logo mais espertas, até andam três centímetros mais altas, que é efeito de um orgulho saudável de estarem a fazer a coisa certa. Ler livros é uma coisa muito certa. As pessoas percebem isso imediatamente. E os livros não têm vertigens. Eles gostam de pessoas baixas e gostam de pessoas que ficam mais altas.
Depois da leitura de muitos livros pode ficar-se com uma inteligência admirável e a cabeça acende como se tivesse uma lâmpada dentro. É muito engraçado. Às vezes, os leitores são tão obstinados com a leitura que nem se lembram de usar candeeiros de verdade. Tentam ler só com a luz própria dos olhos, colocam o livro perto do nariz como se o estivessem a cheirar. Os leitores mesmo inteligentes aprendem a ler tudo, até aquilo que não é um livro. Leem claramente o humor dos outros, a ansiedade, conseguem ler as tempestades e o silêncio, mesmo que seja um silêncio muito baixinho. Alguns leitores, um dia, podem aprender a escrever. Aprendem a escrever livros. São como pessoas com palavras por fruto, como as árvores que dão maçãs ou laranjas. Pessoas que dão palavras.
Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das histórias e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro dos livros tem assuntos importantes para tratar. Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar apoio. Alguns livros obrigam-nos a pôr mãos ao trabalho. Mas sem medo. O trabalho que temos pela escola dos livros é normalmente um modo de ficarmos felizes.
Todos os livros são infinitos. Começam no texto e estendem-se pela imaginação. Por isso é que os textos são mais do que gigantescos, são absurdos de um tamanho que nem dá para calcular. Mesmo os contos, de pequenos não têm nada. Se os soubermos entender, crescemos também, até nos tornarmos monumentais pessoas. Edifícios humanos de profundo esplendor.
Devemos sempre lembrar que ler é esperar por melhor.”


Mãe, Valter Hugo (2015) «Bibliotecas» in Contos de cães e maus lobos. Porto: Porto Editora, 2015.