Litografia de Almeida
Garrett por Pedro Augusto Guglielmi (Biblioteca Nacional de Portugal).
“João Batista da Silva
Leitão de Almeida Garrett nasce a 4 de fevereiro de 1799, no Porto. Nome
cimeiro das letras portuguesas, Almeida Garrett é o precursor do Romantismo
literário em Portugal e o grande dinamizador do teatro português no séc. XIX.
Para além da prática literária, Garrett foi ainda jornalista, político e
legislador. Oriundo da burguesia,
Almeida Garrett e a sua família refugiam-se em 1809 na Ilha Terceira, escapando
assim à segunda invasão francesa. Nos Açores, o escritor recebe uma educação
clássica e iluminista, através do estudo de Voltaire e Rousseau. Em 1817,
muda-se para Coimbra, para estudar Direito, desenvolvendo nesta cidade a sua
simpatia pelos ideais do liberalismo. Em 1822, Almeida
Garrett é nomeado funcionário do Ministério do Reino, no mesmo ano em que se
casa com Luísa Midosi. Em 1823, com a reação Miguelista da Vila-Francada,
Garrett exila-se em Inglaterra, iniciando o estudo do Romantismo inglês, e
depois em França. Por estes anos aprofunda o seu conhecimento da literatura
romântica, através das obras de Byron, Victor Hugo, Schlegel e Walter Scott, ao
mesmo tempo que redescobre Shakespeare. Desta época data também o seu interesse
pelos cancioneiros populares, o que o leva a começar a preparar o Romanceiro. Em 1825 e 1826,
publica, em Paris, os poemas Camões e
Dona Branca, considerados os
primeiros exemplares portugueses escritos à luz da estética romântica. Em 1826,
publica também o Bosquejo da História da
Poesia e Língua Portuguesa, uma introdução à antologia de poesia portuguesa
Parnaso Lusitano. Em 1826, Garrett
regressa a Portugal e dedica-se ao jornalismo político nos periódicos O Português e O Cronista. Em 1828, quando D. Miguel regressa ao poder, o escritor
volta a exilar-se em Inglaterra. Em 1829, publica, em Londres, Lírica de João Mínimo e o tratado Da Educação. Em 1830, publica o tratado
político Portugal na Balança da Europa. Em 1832, ano em que
regressa à ilha Terceira, Garrett alista-se no exército liberal. Durante o
cerco do Porto, escreve o romance histórico O
Arco de Santana e colabora com Mouzinho da Silveira nas reformas
administrativas. Em 1834, é nomeado cônsul-geral em Bruxelas, numa espécie de
terceiro exílio motivado por um desencanto crescente em relação à política
portuguesa. Aqui aprofunda o seu conhecimento da literatura alemã, sobretudo das
obras de Schiller e Goethe. Em 1836, Almeida
Garrett regressa a Lisboa, separa-se de Luísa Midosi e funda o jornal O Português Constitucional. No mesmo
ano, é incumbido pelo governo setembrista de Passos Manuel da organização do
Teatro Nacional. É neste âmbito que se revela determinante, o seu contributo
para a dinamização do teatro português, uma vez que a sua ação foi decisiva
para o projeto do futuro Teatro nacional D. Maria II. Para além disso, ao longo
dos anos seguintes, Garrett escreve várias peças de teatro, nomeadamente Um Auto de Gil Vicente (1838) e Frei Luís de Sousa (1843). Em 1846, é publicada em
livro aquela que é considerada a sua obra-prima, Viagens na Minha Terra, que havia saído, no ano anterior, sob o formato
de folhetim, na revista Universal Lisbonense.
Viagens na Minha Terra é considerado, pela crítica literária e académica, o
livro que deu início à prosa moderna em Portugal. Em 1851, Garrett funda
o jornal A Regeneração e, no ano
seguinte, chega a desempenhar, ainda que por pouco tempo, o cargo de ministro
dos Negócios Estrangeiros. Em 1853 dá à estampa o livro de poesia Folhas Caídas, causando alguma celeuma
devido ao tom voluptuoso com que é descrita a paixão do escritor por Rosa de
Montufar, viscondessa da Luz. A 9 de dezembro de
1854, Almeida Garrett morre, em Lisboa." Fonte:
VV.AA. (2011). Almanaque Sábado 2011, Vol. I. Lisboa: Edições
Tinta-da-china. |
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