segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Dia da Internet Mais Segura assinalado na EBS Gama Barros


O Dia da Internet Mais Segura assinala-se a 7 de fevereiro. Este ano, a data foi assinalada na nossa escola com a atividade “Leituras de porta em porta” que contou, uma vez mais, com a colaboração dos alunos monitores da Biblioteca Escolar. O texto escolhido integra a coletânea «À Roda de uma Vontade» editada pela APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), para assinalar os 30 anos desta Instituição. A APAV apoia vítimas de diversos tipos de crimes, bem como as respetivas famílias, através da prestação de serviços, gratuitos e confidenciais, de natureza jurídica, psicológica, social e emocional. Ao longo dos últimos 30 anos a APAV estima ter apoiado cerca de 330 mil pessoas vítimas de crime.

O texto partilhado com a comunidade escolar é da autoria de Carlos Pinto de Abreu, advogado e vogal da direção da APAV. Neste conto, relata-se a história de uma magistrada, vítima de uso abusivo da sua imagem, que, para além de ter de enfrentar o impacto das consequências desse crime na sua vida pessoal, se vê confrontada com a crítica e a falta de apoio de todos os seus colegas de profissão.

O texto, distribuído a docentes, assistentes administrativos e operacionais e a alunos monitores da Biblioteca Escolar, vinha, ainda, acompanhado de um código QR que viabilizava o acesso a um documento do Centro Internet Segura sobre privacidade na Internet, nomeadamente nas Redes Sociais.

De entre outras Dicas sugeridas no referido documento, destacamos as seguintes:

- Ter sempre perfis privados nas Redes Sociais;

- Limitar a informação/dados pessoais nas Redes Sociais;

- Não aceitar amigos/seguidores por parte de pessoas desconhecidas;

- Não responder a mensagens de desconhecidos ou que peçam informações pessoais – Bloquear ou denunciar esses utilizadores;

- Não colocar tudo o que se faz no dia-a-dia nas Redes Sociais – estas não são um Diário;

- Se necessário, ligar para a Linha Internet Segura – 800 21 90 90 (gratuita).

E não pense que este tipo de situações só acontece aos outros. PODE ACONTECER A SI TAMBÉM.











“FEZ-SE MULHER. ESTUDOU DIREITO: O seu sonho era ser magistrada. A sua missão era promover a justiça e construir a igualdade no mundo. Proteger as vítimas e os inocentes. Restaurar a paz e a concórdia. Estudou muito.

Fez os exames ao CEJ. Entrou. Esforçou-se. Foi das auditoras mais aplicadas. Assumiu o seu percurso iniciático com empenho profissional e humildade intelectual. E tomou posse, finalmente, para poder julgar causas. E julgou. Com paciência. Sabendo ouvir. Enfrentando e decidindo, mesmo os casos mais difíceis. Teve os seus dias de angústia. De dúvidas. De incerteza. Fez sempre o melhor que sabia e podia. Com sacrifício pessoal e familiar.

O medo de errar não a tolheu de modo algum, mas também não a imunizou ou empederniu. Era empática e atenta. Calorosa e determinada. Era mesmo, naquela comarca, e isso pesava-lhe muitíssimo, vista de fora, uma pessoa temida e, dentro do tribunal, uma das mais respeitadas.

O enorme poder de um magistrado é mesmo terrível. Pode restringir e limitar brutalmente a liberdade própria ou a de terceiros. Pode afetar irremediavelmente a honra e a imagem. Quantas vezes decide de forma determinante e irreparável do destino das partes e do seu património. Quantas vezes conforma – ou, se erra, deforma mesmo – a verdade. É um poder que mexe muito com as pessoas. E mexe imenso com o próprio. Se este for responsável, rigoroso, preocupado e humano, claro. (…)

Há magistrados que, quando a causa é própria, acham mesmo que podem ser advogados… em causa própria. Erram. Enganam-se. E, de certo modo, enganam a justiça. Aliás, um advogado em causa própria, diz sabiamente o povo, tem sempre um néscio como cliente. Há magistrados que, arrolados como testemunhas, bloqueiam, hesitam, gaguejam, tal é a pressão e a responsabilidade a que se sentem sujeitos, pois pesam todas as respostas. (…)

A magistrada deste conto era uma pessoa tão trabalhadora e tão equilibrada que nunca se queixou, por um lado, da pendência desumana, da carga excessiva, ou, por outro, alguma vez assumiu as dores das partes e nunca quis ser, ainda que por momentos, advogada, nem para suprir a falta de intervenção de um na sala de audiências. Porque também para um advogado digno desse nome não basta a presença, não informada, desatenta ou desinteressada. Exige-se informação, conhecimento, sabedoria e intervenção. Estratégia e coragem. Bom senso e proatividade.

Era, apesar das suas crenças, porque também as tinha, uma magistrada sempre isenta e imparcial. Esforçava--se por ser e também para ser e parecer ser equidistante e ponderada, sóbria e avisada.(…)

A magistrada deste conto era igualmente humilde e respeitadora. Um expoente de cidadania ativa e de exercício sensato do poder judicial. Não era, nunca, arrogante, nem sequer agreste. Era mesmo um exemplo. Dela, diziam os advogados, era de esperar inteligência e argúcia, mas sobretudo paciência, urbanidade e humanidade.

Também nunca a magistrada deste conto pensou ser vítima.

Era uma pessoa forte. A família, humilde, preparara-a para as dificuldades e obstáculos e ela assumia que era necessário trabalhar no duro, ter dias menos bons, ter revezes inesperados, ter dores esperadas, crescer, sofrer e, por vezes, ser, enfim, humana em toda a sua plenitude e fragilidade.

Um dia, quando menos o esperava, sentiu quase intuitivamente umas conversas que terminavam abruptamente quando se aproximava, umas caras que se voltavam estranhas e envergonhadas, quando pelos corredores passava, até uns risinhos irritantes que se abafavam quando olhava para certos grupos no seu tribunal. Perguntou.

A resposta foi arrasadora. Nunca antes alguém tivera a hombridade ou a coragem de a alertar. Ou de fazer algo para prevenir ou evitar a disseminação brutal dos danos. Que foram depois ampliados nos jornais e na televisão. E a partir daí a magistrada, ainda o sendo, deixou de ser só a magistrada. A magistrada era, agora, mais uma vítima. Não de si mesma, mas de um crime hediondo. De um ato doloso e malévolo de terceiro desconhecido. Da cobardia e da mesquinhez. Do mal e da inveja. Da total insensibilidade. Corriam pelas redes sociais fotomontagens da cara da magistrada em corpos nus que não eram o seu e em poses pornográficas com terceiros com quem nunca privara e que nunca vira. O fenómeno tornara-se viral. Sem confinamento. Sem vacina. Sem cura. Sem retrocesso.

Fosse só isso! Tudo o que à sua volta aconteceu foi cem vezes pior. Os colegas do tribunal, em vez de a apoiarem, julgavam-na, quando não a criticavam; ora, diziam eles, por se ter exposto assim (e isto porque, pasme-se, era usada uma foto da cara retirada do seu Facebook) ou por não se ter defendido assado (porque certamente algo teria feito a magistrada para gerar tal animosidade), ora porque também eles podiam ser alvo de algo assim…

Por força do maldizer, do ouvir dizer e do falatório público, alguns elementos do Conselho Judiciário voltaram-lhe as costas, ostracizaram-na mesmo ou, pior, achavam, em conversas de corredor, cochichadas, hipócritas e não assumidas, que não poderia continuar a exercer a magistratura, tal era, diziam, a vergonha funcional e, pior, o escândalo público que, pasme-se, também a eles lhes causara!

«Não me admirou nada que tivesse acontecido isto; viram as minissaias com que às vezes ia para o tribunal», diziam estas e coisas destas outras más-línguas, calcando mais quem já espezinhada estava.

Sentiu-se então muito só, profundamente injustiçada, miseravelmente abandonada, ainda mais vitimizada. Mas até parecia que todos achavam que também era culpada. Ou, pelo menos, pouco cuidadosa ou avisada.

«Algo teria feito para merecer tudo aquilo», diziam os que não a conheciam. Mesmo alguns conhecidos, e outros ditos seus «amigos», gozaram até com a situação e houve mesmo quem, com total falta de sensibilidade e empatia, andasse a espalhar aquelas imagens ofensivas.

Não perdeu esses «amigos» porque já não o eram, mas perdeu a pouca confiança e autoestima que lhe restava.

E a magistrada até se afastou de outros que eram realmente seus amigos, ou porque estes já não sabiam o que dizer ou o que fazer, ou porque já não conseguia encarar e falar com ninguém, nem mesmo com os seus familiares mais próximos. Fechou-se em casa e, dentro de casa, num casulo de dor. Sofria em silêncio e sem amparo. Sentiu-se cada vez mais humilhada e injustiçada.

O seu namorado não aguentou a pressão…e, porventura, também, a sua depressão. Deixou-a. Mais só ficou.

A família falava egoística e permanentemente na vergonha que lhes caíra em cima - «O que é que nos havia de acontecer…», «És do Tribunal e nem sequer sabes resolver isto que é contigo e nos põe a todos em xeque», «O que é que tu nos fizeste?». Ouviu-os, desculpou-os e ignorou-os até onde pôde, mas depois não aguentou e isolou-se ainda mais, sofrendo sempre em silêncio. Foi assim que, em isolamento total, ferida e incompreendida, sem amor nem apoio, entrou em depressão profunda.

Ninguém a aceitou ou compreendeu. Ninguém a protegeu. Ninguém realmente a apoiou. Mesmo tendo-se queixado imediatamente à justiça, logo que alertada. Mas a justiça nada fez para, pelo menos, tirar aquelas imagens do mundo virtual que, no fundo, destruiu todo o seu mundo real. Mas, no seu caso, não desistiu de fazer justiça. Custasse o que lhe custasse.

A alma da magistrada e o espírito de jurista não a fizeram então parar ou desistir. Mas precisava de ajuda. Contactou um advogado.

Lutou contra tudo e contra todos os que lhe diziam que «não valia a pena procurar uma agulha num palheiro», que era impossível conseguir identificar o autor das colagens e da difusão das imagens pornográficas com a sua cara. O seu advogado também não descansou enquanto não se chegou à origem do ato criminoso.

Foi o seu único apoio naquele momento, mas arrepiava-a a sua objetiva frieza, atitude pragmática e racionalidade exacerbada. Só discutia factos e provas. Possibilidade, plausibilidade e credibilidade. Ilícitos, culpa, nexo de causalidade e dano. Não sentimentos. Só o compreendeu verdadeiramente mais tarde. Mais que mecanismo de defesa era uma tentativa de lhe dar força tentando desviar o foco, retirar carga negativa, minorar o sofrimento.

A sua queixa tinha sido quase imediata e automaticamente arquivada por falta de provas. Sem investigação digna desse nome. Mas houve reabertura do inquérito.

Mais uma vez contra tudo e contra todos, com os requerimentos apresentados, com o esforço e inteligência do novo titular do inquérito e a atenção e dedicação policiais finalmente dadas ao caso foi, enfim, possível descobrir, não o autor, mas sim a autora do crime.

A surpresa foi então terrível.

Fora uma das suas melhores amigas, quem sabe por despeito, inveja ou vingança, que nunca compreendeu, a manipular e colocar as imagens adulteradas e coladas primeiramente no Instagram o que gerou depois uma explosão de visionamentos e de reencaminhamentos para vários outros sites. A prova foi obtida e foi a possível, aguentou-se contra todas as investidas para a descredibilizar ou desvalorizar. O tribunal de primeira instância, depois da defesa, condenou. E o tribunal superior, depois do recurso, confirmou a condenação. Quase meia década depois…

A justiça, muito lenta e particularmente custosa em termos humanos, fez-se onde se tinha que fazer. Mas não chegou minimamente a tempo.

A mulher cujo sonho era ser magistrada, já o não é.

Se não desistiu do seu processo, desistira de exercer a função. Saíra entretanto, com desilusão, amargura, mágoa e tristeza, da magistratura, do sonho pelo qual tanto lutara.

Se não fosse a tardia decisão judicial, o advogado que a apoiara e a nobreza da missão que pessoal e profissionalmente cumprira no pouco tempo em que a abraçara, quase só encontrara, então, burocracia, inércia, insensibilidade, desinteresse e… os risinhos fúteis, as caras (re)voltadas, a hipocrisia e um sentimento de abandono, de hostilidade e de desumanidade que lhe custou mais, muito mais, que ser vítima do crime.

Enfim, talvez por isso mesmo, deixou o foro e abandonou o país.

Emigrou para longe, começou uma vida nova. Voltará um dia mais tarde, certamente, com uma justiça mais atuante, moderna e humana, porque apesar da sua má experiência sabe que tudo poderá melhorar se cada um der sempre o seu melhor. Não nos processos, mas com e para as pessoas com que se interfere no dia a dia.

Com o tempo sararão quase todas as feridas, deixará certamente de ser vítima, embora não de ter sido vítima. Mas, claro, já não voltará a ser magistrada. Voltou a ser simplesmente mulher. Com uma nova vida.

E neste contexto, moral da história, fez-se justiça, e se a história tem alguma moral (!), o advogado ganhou o caso, mas, algures pelo meio do processo ou no fim de tudo, na vida de uma mulher e na de vários de nós e de outros, perdeu muito a justiça.”

 

Abreu, C. P. (2020).Ser mulher. Ser magistrada. Ser vítima. Ser e deixar de ser. In À Roda de Uma Vontade. Trinta Anos da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Quetzal Editores e APAV.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Mundo de Anne Frank (re)visitado na Biblioteca Escolar

 

Maqueta do edifício onde funcionava a empresa de Otto Frank na Prinsengracht. Em primeiro plano, as traseiras do edifício onde se situava o Anexo Secreto.


À semelhança de anos letivos anteriores, o mês de janeiro é, também, o “mês de Anne Frank” na Biblioteca Escolar da EBS Gama Barros.

É habitual a professora bibliotecária dinamizar, em parceria com os docentes de Português do 8.º ano de escolaridade, uma sessão de enquadramento ao “Mundo de Anne Frank” que permite conhecer um pouco o contexto histórico em que viveu esta jovem adolescente e perceber as razões que levaram esta família e as restantes quatro pessoas a refugiarem-se, durante dois anos, num anexo, sem nunca de lá poderem sair.

A sessão passa pelo conhecimento do espaço do anexo, quer através da maqueta existente na biblioteca, quer através da visita virtual possível através do site oficial do Museu Anne Frank em Amesterdão. A professora bibliotecária não deixa, também, de explorar com @s alun@s as capas de diferentes edições do Diário e de partilhar fotografias da família Frank e outros documentos que permitem conhecer todo o background histórico-cultural que conduziu à eclosão da 2.ª Guerra Mundial, com particular destaque para a política anti-semita de Hitler, que se foi consubstanciando numa perseguição cada vez mais feroz aos judeus.

Pormenor da maqueta onde se pode ver a estante falsa que ocultava a passagem para o Anexo Secreto

Pormenor do quarto de Anne Frank no Anexo Secreto. Atualmente, apenas se pode ver tudo o que Anne deixou nas paredes do quarto. 

Corte transversal do edifício que permite ver as divisões que faziam parte do Anexo Secreto


Livros e filmes em destaque na Biblioteca Escolar 


A sessão é complementada com a leitura de alguns excertos do Diário, da versão em Banda Desenhada, que suscita muito interesse por parte dos alunos mais novos. No final da aula, partilha-se um excerto do livro “Sobrevivi ao Holocausto” de Nanette Blitz Konig, amiga de Anne Frank, nomeadamente o excerto em que ela relata o seu encontro com Anne no campo de concentração de Bergen Belsen, pouco tempo antes da sua morte.



Desta vez, partilhamos contigo as páginas do Diário escritas precisamente a 30 de janeiro de 1943, já alguns meses depois da entrada no anexo secreto:

“Sábado, 30 de janeiro de 1943

Querida Kitty,

Estou a ferver de raiva, no entanto não posso mostrá-lo. Apetecia-me gritar, bater o pé, dar um bom abanão à Mamã, chorar e nem sei que mais, por causa das palavras desagradáveis, olhares trocistas e acusações que ela me lança dia após dia, que me perfuram como setas lançadas por um arco, quase impossíveis de arrancar do corpo. Gostava de gritar à Mamã, a Margot, aos van Daans, a Dussel e também ao Papá:

- Deixem-me em paz, deixem-me ter pelo menos uma noite em que não chore até adormecer, com os olhos a arder e a cabeça a latejar. Deixem-me fugir, fugir de tudo, fugir deste mundo!

Mas não posso fazer isso. Não posso permitir que eles vejam as minhas dúvidas, ou as feridas que me infligiram. Não suportaria a sua simpatia ou o seu escárnio bem-humorado. Isso só me faria querer gritar ainda mais.

Todos pensam que me estou a exibir quando falo, que sou ridícula quando me calo, insolente quando respondo, matreira quando tenho uma boa ideia, preguiçosa quando estou cansada, egoísta quando como mais uma dentada do que devia, estúpida, cobarde, calculista, etc., etc. Todo o dia não ouço outra coisa a não ser que sou uma criança exasperante e, embora eu me ria e finja não me importar, importo-me. Gostava de poder pedir a Deus que me desse outra personalidade, uma personalidade que não antagonizasse toda a gente.

Mas é impossível. Estou limitada ao carácter com que nasci, e contudo tenho a certeza de que não sou uma pessoa má. Faço o meu melhor para agradar a toda a gente, mais do que lhes passaria pela cabeça num milhão de anos. Quando estou lá em cima, tento rir, porque não quero que vejam os meus problemas.

Mais do que uma vez, depois de uma série de censuras absurdas, retorqui à Mamã:

- Não me importa o que dizes. Porque é que não desistes de mim? Sou um caso perdido.

Claro, ela diz-me que não lhe responda torto e ignora-me praticamente durante dois dias. Depois, de repente, é tudo esquecido e volta a tratar-me como aos outros.

Para mim, é impossível ser toda sorrisos num dia e veneno no outro. Prefiro pensar que no meio é que está a virtude, embora não seja assim tão virtuosa, e guardar os meus pensamentos para mim própria. Talvez um destes dias trate os outros com o mesmo desdém com que me tratam a mim. Oh, quem me dera poder fazê-lo!

Tua, Anne”

In  Frank, A. (2019). O Diário de Anne Frank. Livros do Brasil.

 

Capa da edição comemorativa dos 75 anos da publicação de "O Diário de Anne Frank"


"Rosa Branca" de Roberto Innocenti no "Jardim das Leituras"

 

Na passada sexta-feira, dia 27 de janeiro, assinalou-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Foi neste dia que, em 1945, as tropas soviéticas chegaram ao Campo de Concentração de Auschwitz, na Polónia. O cenário com que se depararam era terrível. Apesar de milhares de prisioneiros terem sido “arrastados” pelas tropas Nazis na “Marcha da Morte” numa tentativa de “apagar” crimes hediondos, muitos tinham sido aqueles que tinham ficado para trás, sobretudo porque a linha que já os separava da morte era muito ténue. Milhares de cadáveres estavam espalhados pelo campo, outros tantos, embora ainda vivos, já pareciam estar na antecâmara da morte tal era a sua debilidade. Dos milhares de crianças que tinham morrido neste campo, nas câmaras de gás, vítimas de experiências médicas, de doenças, de fome… apenas cerca de 500 sobreviveram.

Os repórteres de guerra fizeram questão de captar esta realidade para que não se pudesse dizer que não. Para que não se pudesse dizer que ali, e em centenas de outros campos de concentração, o ser humano tinha perdido a sua dignidade e tinha sido tratado pelos seus semelhantes como não se trata nada, nem ninguém. As imagens captadas nesse dia, e nos dias subsequentes, e os testemunhos dos sobreviventes levam-nos a pensar que o horror do Holocausto nunca poderá ser esquecido e não poderá ser repetido.

Essa é uma das mensagens que a professora bibliotecária da EBS Gama Barros tenta, todos os anos, ano após ano, passar aos alunos de diferentes anos e ciclos de ensino.

E porque é imperioso sensibilizar mesmo os mais pequenos, durante o mês de janeiro, os alunos do 5.º ano foram recebidos no Jardim das Leituras pela professora Filomena Lima que partilhou com eles o livro "Rosa Branca”.

Trata-se de um livro da autoria do conceituado Roberto Innocenti, autor multipremiado, e que nos transporta para uma pequena localidade na Alemanha, durante a 2.ª Guerra Mundial. Rosa é uma menina inocente que não compreende por que razão centenas de soldados começam a chegar à sua terra, nem por que razão, um dia, ao sair da escola, testemunha a tentativa de fuga de um menino de um camião militar. Ao ver que não se trata apenas de uma criança, mas de várias que estão presas no camião, Rosa decide seguir o veículo para tentar perceber para onde estão a ser levadas aquelas crianças. Depois de muito correr em perseguição dos veículos conduzidos por soldados nazis, Rosa chega a um local desconhecido, fora da localidade, onde se depara com várias outras crianças presas, numa zona delimitada por arame farpado eletrificado. Rosa Branca, como qualquer pessoa de bom coração, não vai ficar indiferente perante o que vê e quando se apercebe que aquelas crianças, e muitos adultos, estão cheios de fome passa a privar-se de comida para a partilhar com quem mais dela precisa.

“Rosa Branca” é uma história que não deixa ninguém indiferente e que suscita o debate sobre a essência da humanidade e sobre a Guerra e a Paz. Um livro a não perder…










segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Miss Gage está de volta!

 

A personagem principal do livro “A Viúva e o Papagaio”, de Virginia Woolf, está de volta à Biblioteca da EBS Gama Barros. À semelhança de anos letivos anteriores, Miss Gage vem partilhar com @s alun@s do 5.º ano parte das suas aventuras, mas tem, também, outros propósitos.

Esta velha senhora vem preparada para sensibilizar @s alun@s para boas práticas na pesquisa da informação, nomeadamente as relacionadas com o respeito pelos Direitos de Autor. A propósito de uma pequena tarefa de pesquisa de informação sobre a autora do livro, Miss Gage clarifica o conceito de pesquisa, sublinhando a diferença em relação ao conceito de “Cópia”, e orienta @s alun@s na tomada de notas como bons “detetives” que são. Afinal, qual é o detetive que se preza que pretende ser acusado de um crime, nomeadamente do de Plágio?

Uma aparente brincadeira que pretende levar os alunos a interiorizar noções importantes associadas à Literacia da Informação.







À Roda dos Livros na Biblioteca Escolar…

 


“À Roda dos Livros” é uma nova atividade da Biblioteca Escolar dinamizada pela professora Cláudia Cardoso. Destina-se, preferencialmente, aos alunos do 2.º Ciclo e, tal como o nome indica, os alunos vão ser convidados a estarem sentados à roda de um livro que irá ser lido e explorado por esta professora de Educação Física, membro da equipa da BE/CRE, e uma verdadeira amante de livros e de leitura.

A primeira atividade está a ser dinamizada com alunos do 5.º ano e desenvolve-se em torno da leitura de excertos do livro “O Grande Livro dos Superpoderes” das autoras Susanna Isern (texto) e Rocio Bonilla (ilustrações). Depois de ouvirem atentamente as descrições dos poderes de algumas das personagens, @s alun@s são convidad@s a adivinharem de que superpoder se trata e são desafiados a realizarem uma pequena atividade alusiva a esse superpoder – criatividade, leitura, perseverança, atenção e agilidade são alguns dos poderes que são abordados nestas sessões de leitura.

Na verdade, todos nós temos superpoderes. Este é o princípio de que se parte para cada um dos alunos descobrir qual é o seu superpoder, inspirado pelo texto e pelas ilustrações do livro. “Muitas vezes, os nossos superpoderes são aquilo que nós gostamos de fazer, outras vezes, podem ser algo que sempre fizemos muito bem, e outras ainda, algo com que sonhamos e treinamos muitas vezes, pois queremos muito aperfeiçoá-la e fazê-la ainda melhor.” Lê-se na ficha de trabalho que é entregue no final da sessão a cada um(a) d@s alun@s. Basta que olhemos para dentro de nós e que partilhemos com os outros, pois quando partilhamos, multiplicamos o que temos, crescemos, e tornamos o mundo um melhor local.   















sábado, 22 de outubro de 2022

Top Leitor do mês de setembro

 A iniciativa “Top Leitor” está de volta e visa dar visibilidade aos “maiores” leitores da nossa biblioteca e, naturalmente, criar novos e melhores leitores.

Neste momento, já foram apurados os vencedores do mês de setembro. São eles o aluno Artur Silva, do 5.º 7.ª, a aluna Miriam Manuel, do 5.º 1.ª e a aluna Jéssica Ramos do 7.º 3.ª.

Cada um deles leu três livros, em apenas quinze dias.

Como seria de esperar, os três receberam como prémio para melhor leitor um livro que, esperamos, promova o seu gosto pelos livros e pela leitura.

Para os três, os nossos parabéns e votos de boas leituras!





 

domingo, 18 de setembro de 2022

Receção aos(às) aluno(a)s de 5.º ano na EBS Gama Barros

 

Pelo 2.º ano consecutivo um grupo alargado de docentes da escola Básica e Secundária de Gama Barros mobilizou-se para receber mais de 170 alunos que no dia 13 de setembro iniciaram a sua vida escolar na “Escola dos Grandes”.

O início do 2.º ciclo representa para as crianças uma grande mudança e foi, também, com o intuito de minimizar o impacto de todas essas mudanças que foi preparada esta “Receção” aos novos alunos e respetivos pais/encarregados de educação (Este ano, a receção já foi precedida de uma atividade de orientação, realizada com alunos do 4.º ano das escolas Ribeiro de Carvalho e EB1 n.º 1 do Cacém, na escola sede).

Esta atividade de receção foi inicialmente pensada pela equipa operacional de docentes responsável pela implementação da Ação de Melhoria “Generalizar e consolidar as práticas de articulação horizontal e vertical” mas conta com a colaboração de todos os docentes dos grupos disciplinares de Ciências Naturais, de Física e de Química, de Educação Física e ainda da professora bibliotecária e das psicólogas da Escola). Todos se envolveram na preparação de um conjunto de atividades para dar a conhecer a escola a estes alunos, mas também alguns dos seus projetos.

Assim, pais/encarregados de educação e aluno(a)s dirigiram-se para o Auditório, à hora marcada para cada uma das turmas, onde foram primeiramente recebidos pela sub-diretora, professora Rosário Santos, e pelos respetivos diretores de turma. Cada turma foi recebida com intervalos de 60 minutos pelo que tudo começou às 9:00 e terminou por volta das 18:30.

São Pedro parecia não estar do nosso lado pois uma verdadeira intempérie caiu sobre a escola precisamente às 9:00 da manhã. Mas, a energia e a vontade de acolher todos os novos alunos e respetivos pais /encarregados de educação não demoveu ninguém e todo o plano foi cumprido tal como estava previsto.

Este primeiro dia na escola dos crescidos ia ser bem animado e cheio de surpresas. Deste modo, enquanto os pais/encarregados de educação ficaram reunidos com o(a) diretor(a) de turma, os seus filhos/educandos realizaram uma “viagem” pela escola.

A 1.ª paragem foi no Refeitório/Bar. Os alunos e as alunas foram convidado(a)s pelos professores de Ciências Naturais da escola a “criar” pequenos lanches saudáveis a partir de uma série de alimentos que foram disponibilizados. E, nunca esquecendo que a nossa é uma Eco-escola, houve também um momento de sensibilização sobre a importância de utilizarmos, por exemplo, sacos de tecido para acondicionar os lanches, e garrafas reutilizáveis para a água ou para o chá. Os nossos alunos pareceram estar muito bem informados sobre hábitos alimentares saudáveis e muito disponíveis para repensar algumas práticas menos aconselháveis.

A 2.ª paragem ocorreu nos laboratórios de Física e de Química onde os docentes deste grupo disciplinar os surpreenderam com uma série de pequenas experiências relativas a esta área do conhecimento humano. O(a)s aluno(a)s ficaram deslumbrado(a)s com alguns fenómenos que pareciam magia mas, na verdade, têm uma explicação científica.

A 3.ª paragem realizou-se no pavilhão Gimno-desportivo. Aqui, o(a)s aluno(a)s foram convidado(a)s e interagir e a realizar várias atividades que pretendem motivá-los para a prática desportiva mas, também, promover o espírito de equipa.

A visita estava quase no fim.

Entretanto, os pais/encarregados de educação tinham sido encaminhados para a Biblioteca Escolar onde as psicólogas, a professora bibliotecária e a assistente operacional os receberam. Este ano, as psicólogas Carla Marques e Inês Silva apresentaram sucintamente o novo Projeto “Mente Saudável”. Este é um projeto pensado sobretudo para o(a)s aluno(a)s e que surgiu, sobretudo, do facto de se terem vindo a sentir crescentes dificuldades em sala de aula, nomeadamente, alguma agitação dos alunos e uma diminuta capacidade de foco. Por outro lado, nos recreios observamos um uso excessivo do telemóvel e um aumento dos conflitos com recurso à agressividade. Como resultado da pandemia, apercebemo-nos, ainda, o quão acentuados todos estes aspetos se tornaram, “congelando” o desenvolvimento de competências socio-emocionais. Por isso, e com o objetivo de colmatar estas fragilidades, promovendo a Saúde Mental dos alunos, mas também, de toda a comunidade educativa que com eles se relaciona, surgiu o Projeto “Mente Saudável” com várias propostas de intervenção sendo que aquela a que foi dado mais destaque foi a da Atenção Plena”. As psicólogas Carla Marques e Inês Silva criaram, também, um “Quantos Queres?” que foi oferecido a todo(a)s com o objetivo (de entre outros) de promover momentos de partilha e de diálogo entre pais e filhos.

A professora bibliotecária, Filomena Lima, deu a conhecer o projeto “10 minutos a ler”, chamou a atenção para algumas das vantagens da leitura entre pais e filhos e tentou estabelecer uma espécie de “contrato” no sentido de se institucionalizar um momento de leitura em voz alta, no final do dia, envolvendo pais e filhos.  

 

E assim, a receção estava a chegar ao fim. Agora, já com todos reunidos na biblioteca, faltava oferecer a cada um(a) dos aluno(a)s o “Kit” de receção. Uma vez mais, os princípios de uma Eco-escola foram respeitados e estes “Kits” foram construídos utilizando frascos que foram sendo recolhidos junto do corpo docente e que, deste modo, foram reutilizados. Desse “Kit” fazia parte um folheto com “Dicas para obter sucesso na escola”, o conto infantil “Pezinho de Lã”, da autoria de Paula Oliveira, um panfleto com as diversas modalidades do Desporto Escolar, um marcador de livros com pequenas notas sobre a importância da leitura em família, o “Quantos queres?”, uma receita para fazer bolachas saudáveis, e um pacote de chá para tornar o momento de leitura mais aconchegante.

Muito obrigada a todo(a)s aquele(a)s que tornaram possível esta receção, quer na sua preparação, quer na sua realização.

Para os alunos e para as alunas só nos resta reforçar os nossos votos de que se sintam felizes na Escola Básica e Secundária de Gama Barros nos próximos 8 anos.

Para já, um excelente ano letivo de 2022/2023 para todos!