O ato do beijo, segundo muitos antropólogos, poderá
confundir-se com a origem da própria humanidade e estar intimamente ligado ao
gesto de alimentação boca a boca que ocorria entre as mães e os respetivos
filhos. Os chimpanzés, tal como outros animais, alimentam os filhos dessa
forma, pelo que há quem defenda a teoria de que os nossos antepassados
hominídeos também o pudessem ter feito. Segundo esses teóricos teria havido,
com o tempo, uma associação entre o contacto dos lábios e a expressão de amor e
afeto.
No entanto, o primeiro beijo de que há registo
remonta, apenas, a cerca de 1500 a.C., na Índia. O antropólogo Vaughn Bryant
identificou textos védicos primitivos que referem que as pessoas “cheiravam”
com as bocas e os amantes “encaixavam boca com boca”.Esculturas Indianas são
também, até ao momento, os artefactos mais antigos, que se conhecem,
representando o beijo. Todavia, o beijo terá, muito provavelmente, só chegado
ao Ocidente quando Alexandre, O Grande, conquistou o Punjab cerca de mil anos
depois.
Importa, no entanto, referir que muitos povos não
praticam o ato do beijo. O beijo é algo que os Lepcha e os Sirono da Bolívia
desconhecem. Muitas culturas em África, no Pacífico Sul e nas Américas não
beijavam até à chegada dos exploradores Europeus. O beijo e, sobretudo, o beijo
que implicava troca de salivas, seria considerado desagradável e mesmo
repugnante. Quando o povo Tsonga, da África do Sul, viu os primeiros europeus a
beijarem-se terão dito: “Olhem para aquela gente! Chupam-se uns aos outros!
Comem a saliva e a porcaria uns dos outros.” Acresce, todavia, esclarecer que
alguns investigadores defendem que essas sociedades podem considerar o beijo
como um ato do foro estritamente íntimo e, consequentemente, nunca para ser
praticado ou mesmo falado em público.
Na Tailândia, por exemplo, não se devem mostrar gestos
de afeto em público pelo que as pessoas não se beijam quando se cumprimentam. A
saudação é feita juntando as mãos à altura do peito e fazendo uma leve vénia.
Os chineses são, de um modo geral, muito amáveis, mas,
ao cumprimentarem-se, não se beijam nem se abraçam, pois são também muito
discretos. Num primeiro encontro, os chineses optam por um aceno de cabeça, por
um sorriso ou por um aperto de mão, numa situação mais formal. Cumprimentar com
um ou dois beijos no rosto, para os que não estão habituados aos hábitos
ocidentais, provocará, no mínimo, uma sensação de desconforto.
Os índios de
uma tribo isolada no Equador, os Cayapas, cheiram a mão dos amigos ao
cumprimentá-los. O “beijo” de despedida de uma tribo da Nova Guiné consiste em
passar a mão na axila do companheiro e, em seguida, esfregar o cheiro dele por
todo o corpo.
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