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quarta-feira, 31 de março de 2021

Alunos das turmas 11.º CT2, 11.º LH1 e 12.º CT1/SE assinalam Dia Mundial da Poesia

 


Poema

silenciosamente aproximo-me do poema
circundo-o duma palavra faço nela
uma incisão deliberada

e exponho a ferida ao ar sem protegê-la
para que infecte e frutifique

de resina ainda com gosto a papel húmido
o poema cresce ramifica-se
comovidamente do cerne para a casca
inteiro liso adstringente sinuoso

mas
todo o poema é perfeitamente impuro

Vasco Graça Moura

(Um dos poemas escolhidos pelos alunos)


No dia 21 de março foi Dia Mundial da Poesia. A Biblioteca Escolar assinalou a data, aqui no nosso blogue, com uma série de publicações alusivas a esta efeméride.

Haverá, no entanto, melhor forma de se “homenagear” a poesia do que ler ou dizer poesia? E foi para ouvir ler, e para se falar de poesia, que fui convidada pela professora de Português, Filomena Pereira, a participar em algumas das suas aulas.

Esta docente lançou aos seus alunos o desafio de, nas últimas aulas deste período, partilharem com o grupo turma um poema. Assim, esqueceram-se as aulas mais formais de análise estilística, e centrámo-nos na mera fruição do texto poético. Ler, pensar, refletir, sentir e partilhar foram verbos presentes nestas aulas em que cada aluno leu um poema escolhido por si, de entre um corpus alargado de textos de poetas como Vasco Graça Moura, José Luís Peixoto, Pedro Mexia, Ary dos Santos, de entre outros.

Os alunos e as alunas foram partilhando as suas leituras e todos eles foram apresentando as suas justificações para a escolha de este ou de aquele poema “– Faz-me lembrar a minha infância em Angola.”; “-Fez-me pensar naqueles momentos em que, também eu, finjo que está tudo bem.”; “- Este poema tocou-me particularmente porque perdi um ente querido recentemente.”

Estas foram apenas algumas das justificações dadas pelos alunos.

Mas as docentes foram surpreendidas quando algumas alunas do 11.º LH1 pediram para partilhar poemas da sua autoria. Foi com muito agrado que ouvimos esses textos, e é com muita satisfação que divulgamos três desses poemas, depois de as respetivas autoras terem autorizado esta partilha.

E viva a Poesia!!!

 

 Sonho que sou criança

Neste adulto que habita em mim

Neste sonho habito no corpo

De criança como vim

 

Ser criança é ter humildade

É viver da verdade

Poder correr, poder dançar

Poder bailar, poder amar

 

As crianças são amáveis

Sinceras e corajosas

Simples e vaidosas

 

Como eu queria voltar

Aos meus tempos de criança.

Sonho que sou criança...

 Sofia Rações, 11.º LH1

 

 

Se te perdesse morreria,

morreria por não ter mais o dom de falar de amor.

Causar-me-ia uma ferida,

a do eterno pecador.

 

Sozinha no meio dos meus pensamentos

anseio ainda a tua chegada,

resguardada no silêncio

desta fria madrugada.

Verónica Lourenço, 11.º LH1

 

 

Expressar-me sempre foi importante

Para mim

Desde que deixei de poder expressar o

que sinto livremente sem julgamento ou

ignorância alheia

tive de arranjar outra forma de ser eu

expressando-me através da dança,

da liberdade que os movimentos me

traziam

ou do alívio que sentia depois de cantar

o meu corpo e alma

como se tudo o que sentia estivesse

embrulhado naquela canção

de como a falta de palavras para

descrever o que eu penso quando escrevo

me levou a aprender novas

línguas

simplesmente para me expressar com

um número infinito de palavras e

emoções

e como para não me sentir presa na

minha própria casa

tive que fazer o meu sonho de casa

Hanifa Quintas, 11.º LH1

31 de março de 1889 - Há 132 anos era inaugurada a Torre Eiffel

No dia do seu aniversário, sugerimos que visite o site oficial da Torre Eiffel. Ficará a conhecer este monumento, que se tornou o símbolo de França, com todo o pormenor: todo o historial do processo de construção, o seu engenheiro Gustave Eiffel, a ligação da Torre à Ciência, todos os pormenores ligados à iluminação...

Poderá, ainda, fazer uma visita virtual muito realista! Quase parece que está no cimo da Torre!!! Para isso aceda ao seguinte link:

https://youtu.be/HNApxhvK1Hg

A 31 de março de 1889, precisamente 100 anos depois da Revolução Francesa, era inaugurada a Torre Eiffel, em Paris, por ocasião da Exposição Universal que teve lugar nesta cidade.

A torre, em ferro, cuja construção durou cerca de dois anos, funcionava como porta de entrada para a Exposição mas, acima de tudo, evidenciava o desenvolvimento industrial da França.

Com 324 metros de altura, mais 15 centímetros no verão devido à dilatação, a Torre Eiffel foi, durante 40 anos, o edifício mais alto do mundo. Continuou a ser o edifício mais alto de França até ao ano de 2004, altura em que foi contruído o Viaduto de Millau. A Torre tem 3 níveis para os visitantes. A caminhada para o primeiro nível é superior a 300 degraus. O terceiro, e mais alto nível, só é acessível por elevador.

A torre tornou-se o símbolo de Paris e de França, fazendo parte de cenários de filmes que se passam na cidade. O seu estatuto de ícone é tão forte que ainda hoje serve como um símbolo para todo o país. A torre foi usada como o logotipo da candidatura francesa para sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 1992.

Quem diria que, quando foi construída, era suposto ser desmantelada alguns anos depois. Tal ia acontecendo em 1909. A Torre Eiffel quase foi demolida! Apenas o seu valor como antena de transmissão de rádio acabou por salvar o monumento.

Por fim, delicie-se com uma fotografia e duas ilustrações fascinantes do dia da inauguração da Torre.  Poderá ver muitas outras, e outros documentos bastante interessantes, acedendo ao Google Arts and Culture clicando no seguinte link:




sexta-feira, 26 de março de 2021

No Dia Mundial do Teatro sugerimos uma "visita virtual" ao Teatro Romano de Lisboa

 

Sabias que no século I d.C., Lisboa, que nessa altura fazia parte do Império Romano, tinha um imponente teatro?

"Esse teatro, como grande parte de Lisboa,  “desapareceu” no terramoto de 1755. As ruínas, descobertas em 1798 durante a reconstrução da cidade, acabaram esquecidas. Em poucos anos, sobre elas foram construídos prédios de habitação. Só mais tarde, na década de sessenta do século XX, o que estava escondido debaixo dos pés veio à superfície. As escavações arqueológicas realizadas em várias campanhas tornaram possível a recuperação desta história da velha Olisipo."

Fonte: https://ensina.rtp.pt/artigo/o-teatro-do-imperio-romano-quando-lisboa-era-olisipo/

Podes ver e ouvir um pouco da sua história contada por Lídia Fernandes, a arqueóloga que coordena o Museu de Lisboa – Teatro Romano se vires o documento vídeo que disponibilizamos clicando no seguinte link:

https://ensina.rtp.pt/artigo/o-teatro-do-imperio-romano-quando-lisboa-era-olisipo/

 

Dia Mundial do Teatro - Sabes como apareceu o Drama como Arte Literária?

Nota: Para acederes às legendas em Português, nas "Definições" clica em "Legendas" e depois seleciona "Português".

Amanhã, dia 27 de março, assinala-se o Dia Mundial do Teatro. A Biblioteca Escolar selecionou um conjunto de documentos que te ajudarão a conhecer melhor esta forma de expressão artística e literária.

Começamos por te sugerir o visionamento de um pequeno filme que te conta, em poucos minutos, a história do aparecimento do drama como arte literária.

Dia Mundial do Teatro - Sugestões de espetáculos online

 


“Verso por verso, estrofe por estrofe, episódio por episódio, canto por canto, no Dia Mundial do Teatro, Os Lusíadas serão ditos, na íntegra, numa transmissão através do Facebook do D. Maria II, às 10h. Ao leme desta aventura, estará António Fonseca, ator que desde 2008 se tem atirado à epopeia de Camões para refrescar na memória coletiva este marco do património cultural português. 

Se estes são tempos de mudança, lembremo-nos que, do final do século XV até meados do século XVI, o tamanho do Mundo, para um europeu, mais que duplicou. Essa mudança deu-se em menos de 50 anos e está registada n’Os Lusíadas.  Mas Os Lusíadas são também uma súmula do saber que resistiu ao tempo e que continua a resistir: os factos são históricos ou poético/históricos, mas as suas profundas motivações são de todos os tempos. E a precisão e agudeza com que Camões as formula podem deixar-nos o resto da vida a meditar.”

Fonte: https://www.tndm.pt/pt/espetaculos/-os-lusiadas-como-nunca-os-ouviu/


Dia Mundial do Teatro: atividades online para todas as idades no TNSJ

Entre outras sugestões, À Espera de Godot e O Balcão são as produções próprias que sobem ao palco virtual da Casa para assinalar a data.

Com o espaço físico ainda “vedado”, as celebrações do Dia Mundial do Teatro vão chegar ao conforto e à segurança da casa dos espectadores. Para comemorar a data, o Teatro Nacional São João (TNSJ) apresenta uma série de atividades online. 

O programa arranca às 09h00, com a Oficina de Páscoa no Teatro, sendo que ao longo do dia vai ser possível assistir às transmissões de duas produções próprias da Instituição que marcaram o ano do Centenário do seu edifício-sede: À Espera de Godot e O Balcão. O programa digital do São João conta ainda com o lançamento de mais um episódio de Todos os que Falam, uma apresentação do Clube de Teatro Sub-18 e o lançamento do projeto Bambolina!.



No Dia Mundial do Teatro, entre as 10h00 e as 24h00, o Teatro Animação de Setúbal exibe “Valentin, Valentin”, baseada em textos do cantor e autor cómico alemão Karl Valentin, no Facebook do município.

No mesmo dia, e no mesmo horário, o Fórum Municipal Luísa Todi acolhe, em emissão online, a peça “FAKE”, de Miguel Fragata e Inês Barahona, que aborda a construção do falso como verdade.

A ligação para o streaming será disponibilizada no momento da compra do ingresso na BOL – Bilheteira Online.

Os bilhetes para o espetáculo têm o valor simbólico de 1, 2 ou 5 euros, mediante a disponibilidade de cada um, sendo que parte da bilheteira reverte a favor da APPACDM de Setúbal e da Associação de Saúde Mental Doutor Fernando Ilharco.


Teatro Aloés - Veja o Programa e faça já a sua reserva para amanhã

 


Caros amigos e espectadores,
É com muito prazer que vos convidamos a comemorar o Dia Mundial do Teatro connosco. 


Programa

Leitura da mensagem do Dia Mundial do Teatro pela atriz Patrícia André
Disponível no nosso perfil de Facebook e Instagram, a partir das 10h00

Conversa com o público - A Função Social do Teatro  - 27 de março às 17h00 (através da plataforma zoom)
Tópico: Dia Mundial do Teatro - A Função Social do Teatro
Hora: 27 mar. 2021 05:00 da tarde Lisboa
Dados de acesso
Entrar na reunião Zoom
https://zoom.us/j/95114389775?pwd=YTB3MnVOeklxaEpCNDh0QzVxWjVNdz09
ID da reunião: 951 1438 9775
Senha de acesso: 636546

Espetáculo A MORADA - disponível para visualização entre as 20h00 de dia 27 de março e as 23h00 de dia 28 de março de 2021
Reserve o seu acesso através do link:  https://livestage.ticketline.pt/show/a-morada
Se não estiver registado na plataforma deverá criar uma conta. Após a reserva do acesso irá receber na sua caixa de email a confirmação
Nota: o acesso é reservado a 100 pessoas, aconselhamos a reserva com a maior antecedência possível

Até breve !
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"O Auto da Barca do Inferno" - um julgamento da sociedade portuguesa do século XVI?

 Certamente já ouviste falar de Gil Vicente. Este autor é sobretudo conhecido por um dos seus autos – “O Auto da Barca do Inferno”.

Se já fizeste o 9.º ano, já leste, pelo menos, excertos dessa obra. Ninguém esquece algumas das suas personagens – O Anjo, o Diabo e o Parvo, estão, com certeza, presentes na tua memória. Para quem já leu, ou para quem nunca ouviu falar deste Auto, deixamos uma sugestão – vê excertos das primeiras cenas, representadas no Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, e ouve, também, os comentários que vão sendo feitos a propósito deste texto que, apesar de ter sido escrito no início do século XVI, se mantém tão atual.

Acede ao documento através do seguinte link:

https://ensina.rtp.pt/artigo/auto-da-barca-do-inferno-de-gil-vicente-2/

Gil Vicente - o Pai do Teatro Português

 Amanhã, dia 27 de março, assinala-se o Dia Mundial do Teatro. Não sei se saberás, mas Gil Vicente é considerado o pai do Teatro Português. Pouco se sabe sobre a sua vida mas a verdade é que ele nos deixou um enorme legado – cerca de 40 autos.

Para conheceres um pouco melhor este dramaturgo, sugerimos-te este programa. 


quarta-feira, 24 de março de 2021

Dia Nacional do Estudante



No Dia Nacional do Estudante pensámos em aflorar o tema do stress tendo em conta que este é um problema que afeta tantos estudantes, sobretudo devido às inúmeras tarefas que têm que cumprir. Importa, também, referir que este problema tem sido, naturalmente, potenciado pelo confinamento. A falta de socialização tem-nos afetado a todos, mas talvez possamos dizer que o seu impacto é maior junto dos mais jovens e junto dos mais idosos. Esperamos que este documento vídeo, cujo visionamento sugerimos, vos dê algumas dicas para aprender a lidar com o stress, e, até, conseguir tirar dessa pressão algo de positivo.

segunda-feira, 22 de março de 2021

23 de março de 1869 - Nascimento de Calouste Gulbenkian

Para a visita virtual clique no link:
https://gulbenkian.pt/museu/colecoes/visita-virtual/

Não podíamos deixar de assinalar o nascimento do homem que possibilitou a criação da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, um dos grande pólos de cultura do nosso país. Nela podemos admirar uma das maiores coleções de arte privada do mundo, num total de mais de seis mil peças, e, para além de muitas outras valências, frequentar uma das melhores bibliotecas de arte do mundo.

Deixamos algumas sugestões para conhecer melhor o homem e o museu. Começamos pela visita virtual ao museu. Depois, sugerimos o visionamento do programa "A Alma e a Gente". Ficará, certamente, a conhecer melhor aquele que foi considerado, à data da sua morte como o homem mais rico do mundo. Por fim, deixamos uma sugestão de leitura - "O Homem Mais Rico do Mundo", publicado por ocasião dos 150 anos do nascimento de Calouste Gulbenkian, há precisamente dois anos.





"A história da vida de Calouste Gulbenkian é muitas coisas, mas não uma história de alguém que construiu uma fortuna do nada. Mais velho de três irmãos, Calouste nasceu em 1869, numa abastada família arménia otomana de Istambul, a capital do vasto Império Otomano. Para o pequeno Calouste, viajar entre a Europa e a Ásia teria sido rotina, pois a família estava instalada de ambos os lados do Bósforo. A casa da família e a primeira escola de Calouste, Aramyan-Uncuyan, ficavam do lado asiático da cidade, em Kadiköy. Os escritórios e armazéns da família estavam sediados do lado europeu. As férias eram passadas nas Ilhas dos Príncipes, no adjacente Mar de Mármara. 


Uma das primeiras imagens que temos de Calouste mostra-o de pé, numa posição algo rígida e em trajos europeus, junto de outras duas pessoas em vestuário tradicional da Mesopotâmia, que os sultões otomanos tinham conquistado no começo do século XVI.O par à direita são provavelmente familiares, talvez membros da família Kouyoumdjian de Bagdade. Os Gulbenkian eram comerciantes e cambistas, em comunicação regular com associados nas principais cidades otomanas, como Izmir, Beirute e Bagdade, e até de mais longe, em territórios que haviam antes sido otomanos como a Bulgária e o Egipto, mas também Marselha e Manchester. Exportavam algodão em bruto, lã, pêlo de angorá e ópio do império, e importavam tecido de Manchester, artigos de vidro de França e querosene de Baku. (...)"

in Conlin, J. (2019). O Homem Mais Rico do Mundo. Lisboa: Objetiva.



Dia Mundial da Água - Vamos lá "Valorizar a água"

Nota: Pode ter acesso às legendas em Português acedendo às definições, selecionando legendas e depois "Português".

O Dia Mundial da Água é celebrado, anualmente, no dia 22 de março, depois de a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) ter aprovado a data, por resolução, em 1993.

O tema escolhido para a ONU em 2021 é «Valorizar a água». Pretende-se desta forma alertar para as consequências negativas do crescimento populacional, do aumento do seu uso na agricultura e na indústria e das alterações climáticas na preservação da água.

Para assinalar a data, realiza-se a campanha a H2Off – Hora de fechar a torneira. A campanha pretende mobilizar as pessoas a não abrirem as torneiras das 22 às 23 horas, de forma a tomarem consciência da importância deste bem.

Fonte: https://www.sns.gov.pt/noticias/2021/03/22/dia-mundial-da-agua-4/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=dia-mundial-da-agua-4


domingo, 21 de março de 2021

No Dia Mundial da Poesia - (Re)veja o filme "O Clube dos Poetas Mortos"

 Apenas para estimular o seu apetite por este fabuloso filme, deixamos uma cena na qual o Professor Keating sugere aos seus alunos que abandonem o seu manual sobre Poesia, e que deixem de se preocupar com a métrica e as rimas e se foquem naquilo que é, afinal, a essência da poesia... 

21 de Março - Dia Mundial da Poesia

 A Biblioteca Escolar não poderia deixar de assinalar o Dia Mundial da Poesia.

Assim, começa por partilhar dois pequenos filmes que o ajudarão a perceber um pouco melhor o que é a poesia, nomeadamente a importância da musicalidade e do ritmo nesta forma de expressão artística.

Nota: Se preferir as legendas em Português, nas definições, selecione legendas, e depois, Português.




sábado, 20 de março de 2021

O que acontece se continuarmos a cortar todas as árvores das cidades? Dá que pensar...

 No Dia Internacional da Floresta, a Biblioteca Escolar pede-lhe que gaste 5 minutos para ver este filme....E se seguíssemos o exemplo de Singapura...

Nota: Vá às definições e, em legendas, selecione Português.

"Leituras de Porta em Porta" no Dia Internacional das Florestas

 


E, se no dia em que se deve lembrar uma vez mais a importância das florestas para o equilíbrio ambiental e ecológico, assim como da própria qualidade de vida dos cidadãos, se falasse de “Amor”, não pelas árvores, mas “entre” as árvores. É este o tema de mais um “Leituras de Porta em Porta” (Online). Esperemos que este texto nos ajude a pensar que para além de serem fundamentais à nossa sobrevivência, as árvores devem ser respeitadas como seres vivos que são, que nascem, crescem, morrem, mas, também, “amam”.

Amor

A placidez das árvores reflete-se igualmente na sua reprodução, uma vez que esta é planeada com pelo menos um ano de antecedência. A filiação determina se cada primavera é ou não a estação do amor. Se, por exemplo, as coníferas lançam as suas sementes se possível todos os anos, já as árvores de folha caduca adotam uma estratégia completamente diferente. Antes que floresçam, é preciso que votem entre si: avançamos com a coisa na próxima primavera ou é melhor esperarmos um ou dois anos? Na floresta as árvores preferem florescer todas ao mesmo tempo, pois isso permite que se misturem bem os genes de todos os indivíduos.

Isso aplica-se perfeitamente às coníferas, embora as caducifólias tenham ainda em conta um outro fator: as corças e os javalis. Estes animais têm um enorme apetite por bolotas e amêndoas de faia, alimentos que os ajudam a formar uma espessa gordura para o inverno, pois contêm até 50 por cento de óleo e amido, mais do que qualquer outro alimento. Durante o outono, áreas florestais inteiras são vasculhadas até à última migalha, de tal modo que na primavera mal é possível ocorrer qualquer germinação de árvores. É por isso que as árvores se sincronizam entre elas. Se não florescerem todos os anos, então corças e javalis não poderão contar com alimento. Isso limita o número de novas crias, pois no inverno as fêmeas grávidas têm de suportar um longo período com poucos nutrientes e nem todas sobrevivem. Quando por fim todas as faias e carvalhos florescem ao mesmo tempo e dão fruto, então os poucos devoradores de plantas não são capazes de consumir tudo, o que faz com que sobrem sempre sementes em número suficiente para a germinação. Nesses anos, os javalis triplicam as suas taxas de natalidade, já que na floresta encontram alimento mais do que suficiente durante o inverno. Antigamente utilizava-se a expressão «ano de engorda» para os anos em que havia sementes de faias e carvalhos. Nesse tempo, a população rural aproveitava essa bênção para os seus parentes domesticados, os porcos domésticos, levando-os para os bosques a fim de engordarem com frutos selvagens antes da matança, garantindo assim um toucinho em condições. O número de javalis voltava normalmente a decair no ano seguinte, uma vez que as árvores voltavam a fazer uma pausa, deixando vazio o chão da floresta.  

Este florescimento em intervalos de vários anos tem igualmente graves consequências para os insetos, especialmente para as abelhas, uma vez que a elas se aplica o mesmo que aos javalis, ou seja, uma pausa de vários anos faz decair a sua população. Ou melhor dizendo, faria decair, já que grandes populações de abelhas é coisa que não há. E porque não? Porque as verdadeiras árvores do bosque estão-se nas tintas para estas pequenas colaboradoras. De que lhes servem uns quantos insetos polinizadores quando florescem milhões e milhões de flores em áreas de centenas de quilómetros quadrados. Uma árvore tem de pensar numa outra solução, qualquer coisa mais fiável e menos exigente. Haverá então algo mais fácil que aproveitar a ajuda do vento? O vento tira o fino pólen das flores e transporta-o para as árvores vizinhas. Os fluxos de ar têm ainda uma vantagem adicional, que é o facto de ocorrerem também a baixas temperaturas, até mesmo abaixo dos 12ºC, valor abaixo do qual já está demasiado fresco para as abelhas e estas ficam em casa. Este é provavelmente o motivo pelo qual também as coníferas adotam esta estratégia. Na verdade, não teriam necessidade disto, uma vez que florescem quase todos os anos. Dos javalis não precisam elas de ter medo, pois os pequenos frutos de abetos e companhia não constituem uma atrativa fonte de alimentação. É verdade que existem pássaros como o cruza-bico, que, como o próprio nome indica, utiliza o seu poderoso bico retorcido para extrair o fruto das pinhas e comê-lo, embora isso não represente um grande problema, tendo em conta a quantidade total disponível. E uma vez que nenhum animal pretende armazenar sementes de coníferas para o inverno, as árvores deixam a sua procriação nas mãos do vento. É assim que vão lentamente caindo dos ramos, podendo ser facilmente levadas pelas rajadas de vento. O certo é que uma conífera não precisa de fazer uma pausa ao jeito das faias ou carvalhos.

E como se abetos e companhia quisessem ainda superar as caducifólias no que ao acasalamento diz respeito, produzem enormes quantidades de pólen. É tanto o pólen, que basta um ligeiro vento para que sobre as florestas de coníferas em flor pairem enormes nuvens, que mais parecem um fumo de um fogo a arder nas copas. Isto levanta inevitavelmente a questão sobre como é possível evitar a endogamia perante semelhante confusão. As árvores só sobreviveram até hoje por exibirem grande variedade genética no seio de uma mesma espécie. Quando todas lançam o seu pólen ao mesmo tempo, misturam-se os grânulos de todos os exemplares, alastrando pelas copas de árvores inteiras. E uma vez que o próprio pólen se encontra especialmente concentrado em volta do corpo correspondente, é grande o perigo de acabar por polinizar as próprias flores. E isso é o que árvores não querem de todo, pelos motivos já expostos. Para tal, desenvolveram variadas estratégias. Algumas espécies apostam no momento certo. As flores macho e fêmea abrem com alguns dias de diferença, para que estas últimas sejam maioritariamente polinizadas pelo pólen de árvores da mesma espécie. As cerejeiras-bravas, que confiam nos insetos, não têm esta possibilidade. Nelas os órgãos sexuais masculinos e femininos encontram-se nas mesmas flores. Além disso, na qualidade de uma das poucas autênticas espécies florestais, é polinizada por abelhas, que continuamente exploram a copa inteira, espalhando inevitavelmente o próprio pólen. Mas a cereja é sensível e pressente o perigo da endogamia, verificando o pólen, cujas delicadas mangueiras penetram o estigma feminino, desejando crescer na direção do óvulo. Se o pólen é próprio, então os rebentos são travados e murcham. Apenas é permitido o material genético de fora, de sucesso garantido, o qual irá posteriormente formar sementes e frutos. De que forma pode a árvore distinguir o que é dela do que não é? Isso é algo que até hoje não sabemos exatamente. Sabe-se apenas que efetivamente os genes são ativados e têm de se adequar. Poderíamos dizer com segurança que a árvore é capaz de pressenti-lo. Não é também verdade que para nós, seres humanos, o amor físico é algo mais que a disseminação de neurotransmissores, que por sua vez ativam secreções? Aquilo que as árvores sentem ao acasalar permanecerá ainda durante muito tempo no domínio da especulação.

Algumas espécies evitam a endogamia de forma bastante lógica, a saber, pelo facto de cada indivíduo ter apenas um sexo. Existem por conseguinte salgueiros macho e salgueiros fêmea, os quais inevitavelmente nunca se podem reproduzir consigo próprios, mas apenas com outras árvores. Mas os salgueiros não são verdadeiras árvores do bosque. Eles desenvolvem-se em locais pioneiros, ou seja, em qualquer parte onde ainda não exista uma floresta. Uma vez que nessas superfícies crescem milhares de florescentes ervas e arbustos, os quais atraem as abelhas, também os salgueiros apostam nos insetos para a polinização. Só que isso acarreta um problema: as abelhas precisam primeiro de voar até aos salgueiros macho, trazer daí o pólen e só depois transportá-lo até aos salgueiros fêmea. O contrário não permite qualquer tipo de polinização. O que faz então a árvore se ambos os sexos devem florescer ao mesmo tempo? Os cientistas descobriram que para isso todos os salgueiros segregam um odor sedutor que chama as abelhas. Quando os animais chegam à zona abrangida, a orientação passa a ser de natureza ótica. Para tal, os salgueiros-macho esforçam-se bastante com os seus esporos, fazendo-os emitir um brilho amarelo-claro. Isso chama a atenção das abelhas para eles em primeiro lugar. Após ingerirem uma primeira refeição de açúcar, os insetos dão meia-volta para irem visitar as mais discretas flores verdes das árvores fêmea.

A endogamia, conforme conhecida nos mamíferos, ou seja, no seio de uma população com laços de parentesco, não deixa porém naturalmente de ser possível em todos os três casos referidos. E aqui vento e abelhas têm em igual medida uma palavra a dizer, já que ambos percorrem grandes distâncias, fazendo com que pelo menos uma parte das árvores receba pólen de parentes bastante afastados, renovando assim continuamente o património genético local. Apenas espécies arbóreas raras, absolutamente isoladas, das quais apenas alguns exemplares coexistem, podem perder a sua diversidade, tornando-se assim mais vulneráveis e acabando por desaparecer por completo passados alguns séculos.”

In Wohlleben, P. (2016). A Vida Secreta das Árvores. Lisboa: Pergaminho.

 


quinta-feira, 18 de março de 2021

"Leituras de porta em porta", em versão digital, para assinalar o Dia do Pai

 

“Os Livros que devoraram o meu pai”

 Capítulo I

Livros e Mais Livros!

 

_ Vivaldo! Vivaldo! Vivaldo! Vivaldo! – gritava o chefe da repartição, mas ele ouvia aquela voz lá muito ao fundo, a desaparecer numa esquina.

Foi assim que a minha avó me começou a contar a história de Vivaldo Bonfim, o meu pai. Ele trabalhava no 7.º Bairro Fiscal e achava-se num mundo entediante, chato, plano, aborrecido, cheio de papéis, papeladas e outras burocracias que se fazem com a madeira das árvores. Era um mundo desprovido de literatura. A minha mãe estava grávida de mim, eu nadava no seu útero, dava voltas como a roupa na máquina de lavar, nessa altura fatídica. O meu pai só pensava em livros (livros e mais livros!), mas a vida não era da mesma opinião, a vida dele pensava noutras coisas, andava distraída, e ele teve de se empregar. A vida, muitas vezes, não tem consideração nenhuma por aquilo de que gostamos. Contudo, o meu pai levava livros (livros e mais livros!) para a repartição de finanças e lia às escondidas sempre que podia. Não é uma atitude que se aconselhe, mas era mais forte do que ele. O meu pai amava a literatura acima de tudo. Punha sempre um livro em baixo de modelos B, impressos de alteração de atividade e outros papéis de nomes ilustres, e lia discretamente, fingindo trabalhar. Não era uma atitude muito bonita, mas o meu pai só pensava nos livros. Foi isto que a minha avó me contou com os seus pensamentos cheios de rugas na testa.

Nunca conheci o meu pai. Quando nasci já ele não andava aqui neste mundo. 

 

Capítulo 2

Escadas e Escadarias 

O que significa um eufemismo? É quando queremos dizer coisas que podem magoar e, para o evitar, usamos umas palavras menos bicudas. Por exemplo, eu poderia dizer que o meu pai já não anda neste mundo em vez de dizer que morreu de um enfarte. Parece um eufemismo: «não anda neste mundo» em vez de «morreu», mas não é. É a verdade objetiva como haverão de perceber. Sem qualquer figura de estilo.

Uma tarde, uma tarde como tantas outras, o meu pai estava a ler um livro que mantinha debaixo dum impresso do IRS para que o chefe não reparasse que ele não estava a trabalhar. E foi nessa tarde que ele, de tão embrenhado, tão concentrado na leitura, entrou livro adentro. Perdeu-se na leitura. Quando o chefe da repartição chegou à secretária do meu pai, ele já lá não estava. Havia, em cima da mesa, uns impressos do IRS e um exemplar de A Ilha do Dr. Moreau aberto nas últimas páginas. O Júlio (era assim que se chamava o chefe do meu pai) chamou por ele: Vivaldo! Vivaldo!, mas o meu pai nada. Estava enfiado no meio da literatura, estava a viver aquele romance.

A minha avó diz que isto pode acontecer quando verdadeiramente nos concentramos no que lemos. Podemos entrar livro adentro como aconteceu com o meu pai. É um processo tão simples quanto debruçarmo-nos numa varanda, só que muito menos perigoso, apesar de ser uma queda de vários andares. Sim, porque a leitura das coisas pode ter muitos andares. Soube pela minha avó que um tal Orígenes, por exemplo, dizia haver uma primeira leitura, superficial, e outras mais profundas, alegóricas. Não me vou alongar por este tema, basta saber que um bom livro deve ter mais do que uma pele, deve ser um prédio de vários andares. O rés do chão não serve à literatura. Está muito bem para a construção civil, é cómodo para quem não gosta de subir escadas, útil para quem não pode subir escadas, mas para a literatura há que haver andares empilhados uns em cima dos outros. Escadas e escadarias, letra abaixo, letras acima.

 

Capítulo 3

Por Vezes a Voz Dela Fica Um Pouco Amarrotada 

Fiz doze anos ontem e é por isso que toda esta aventura começou. A festa foi normal, como tantas outras que já tive. Veio a família toda: primos, tios, tias e alguns amigos e vizinhos. Houve um bolo e cantou-se os parabéns. Tudo normal. As velas arderam a sua cera para cima do bolo, as pessoas desafinaram a música dos parabéns na minha direção, bateram palmas, riram de contentes. Eu projetei um sopro com doze anos para cima das velas e elas apagaram-se com o peso do ar. O bolo foi fatiado sem misericórdia. E quando finalmente entardeceu – e toda a gente se foi embora -, a minha avó disse-me, com os seus olhos esquecidos, para passar por casa dela no dia seguinte. Nesse dia tive presentes de toda a gente, menos da minha avó. Estranhei porque isso nunca aconteceu. Os avós, mesmo quando a memória lhes falta, nunca se esquecem dos presentes.

E no dia seguinte lá fui, depois das aulas, ter com a minha avó. Ela disse-me para me sentar, fez um gesto com a mão engelhada em direção ao sofá das riscas. Sento-me sempre nessas riscas, sempre que a visito. Ela também se sentou com a sua lentidão e um vestido florido. Passou as mãos pelo cabelo, ajeitou a voz e os óculos. Por vezes a voz dela fica um pouco amarrotada, quando se senta, quando acaba de fazer um esforço. Explicou-me - enquanto eu mastigava um bolo – que eu já era um homenzinho e que começava a ter responsabilidades. Estava na altura de saber a verdade. As palavras dela vinham cheias de cabelos brancos, podia sentir que havia nelas muita vida vivida. Era uma conversa séria, por isso prestei muita atenção. Ela falou-me do meu pai e contou-me como ele, naquela tarde na repartição de finanças, entrou dentro dum livro e nunca mais soubemos dele (eu pensava, até então, que toda a tragédia de me ter tornado órfão de pai se devia a uma doença de coração. «Teve um enfarte», foi o que sempre ouvi dizer sobre o meu pai).

Ao que parece, o meu pai tinha previsto uma coisa destas, já imaginava que pudesse cair naquele abismo de letras, e fechou os seus livros no sótão da casa da minha avó. Durante doze anos, a biblioteca do meu pai esteve à minha espera com aqueles livros todos sentados nas prateleiras. Entregou a chave do seu reduto literário à minha avó: «Dá-lha quando achares que ele pode ler o meu sótão de livros», disse o meu pai umas semanas antes de partir para esse mundo de letras.

A minha avó entregou-me a chave, com toda a solenidade. Naquele sótão encontraria todos os livros do meu pai, inclusivamente o livro A Ilha do Dr. Moreau, que foi o livro que ele usou para entrar no mundo da literatura. Muito nervoso, recebi aquele presente. Ia finalmente conhecer o meu pai, iria atrás dele, iria percorrer todas as palavras que ele percorreu, haveria de encontrá-lo por trás de uma frase, entre personagens dum romance qualquer. Ou assim acreditava.”

 

Cruz, A. (2014). Os Livros Que Devoraram O Meu Pai – A Estranha E Mágica História De Vivaldo Bonfim. Alfragide: Editorial Caminho, SA.



terça-feira, 16 de março de 2021

“Grandes” Mulheres em Aula de Cidadania e Desenvolvimento

 


A semana passada assinalou-se o Dia Internacional da Mulher. Foram vários os docentes que aproveitaram a data para falar em Igualdade de Género e para suscitar nos alunos o interesse por conhecerem mulheres que, no passado, ou na atualidade, se têm destacado em vários domínios do conhecimento ou da ação humana.

Alguns docentes partiram das publicações no blogue da biblioteca para abordar o assunto, outros propuseram a leitura de poemas ou outros textos, e outros, ainda, sugeriram aos alunos que escolhessem uma mulher célebre e fizessem uma breve pesquisa para posterior partilha com o grupo turma. Foi o que aconteceu com a professora Manuela Correia na sua direção de turma – o 7.º 5.ª. Desde a Padeira de Aljubarrota, passando por Carolina Beatriz Ângelo, Madre Teresa de Calcutá, e muitas outras, os alunos partilharam as suas descobertas resultantes de uma pesquisa realizada no âmbito do Trabalho Autónomo. A professora Manuela Correia convidou-me a participar nessa Aula de Cidadania. Eu lá estive às 8:15 e foi com muito interesse que ouvi os alunos e tentei contribuir com alguma informação sobre o tema. Obrigada à professora Manuela Correia pelo convite que me endereçou.