sexta-feira, 25 de março de 2022

Concurso de Poesia na EBS Gama Barros

 

Os vencedores do Concurso de Poesia

Este ano, o grupo de Português e a biblioteca escolar decidiram assinalar o Dia da Poesia lançando o desafio de um concurso de poesia aos alunos do Ensino Secundário. A adesão ao concurso foi enorme, havendo a registar várias dezenas de participantes com poemas inéditos, muitos deles de considerável qualidade literária. A tarefa do júri, do qual fizeram parte a coordenadora do Departamento de Línguas, professora Filomena Pereira, a coordenadora de Português, professora Fernanda Gomes, uma representante da Direção da Escola, a professora de Português, Sílvia Nogueira, e a professora bibliotecária, Filomena Lima, revelou-se, por isso, bastante difícil ao ter de escolher as três melhores composições poéticas.

Os três vencedores foram os seguintes alunos:

1.º lugar – Vasco Matos (12.º CT1)  Com a trilogia Desintegração, Autorreflexão, Metamorfose

2.º lugar – Rafael Lourenço (10.º AV1) com o poema Fim dos Tempos

3.º lugar – Ana Sofia Peralta (12.º CT1) com o poema Dizem ser uma família 

Para além de desejarmos que esta incursão dos alunos pelo mundo da poesia seja o prenúncio de uma longa viagem poética, queremos felicitar os vencedores e todos os restantes participantes pela forma empenhada com que se entregaram a esta iniciativa.

Muitos parabéns a todos e a todas.





E, claro, aqui ficam os poemas premiados…

1.º lugar – Vasco Matos 

Desintegração

Perdi-me no espaço vazio

Perdi-me na escuridão

Perdi-me no meu universo

 

Perdi-me nos meus sentimentos

Perdi-me em mim

Perdi-me, nos teus conselhos

 

Nos meus desejos

nos meus bocejos

nos meus olhos

no meu coração

 

Perdi-me, em

 

Tudo

 

Que me faça    

                         Ser

                                   Eu.

                                                                                 Perdi-me no mesmo caminho,

                                                                                 Incontáveis vezes. 


Autorreflexão.

Palavras consumidas pelo tempo

Perdidas na solidão

Roubadas pelo vento

Substituída pela impressão

 

Palavras de amor esquecidas

Perdões nunca perdoados

Mentes desvanecidas

Corações magoados

 

Destinados a ser o reflexo

De uma pequena gota de água

Puro e brilhante, ingénuo e simples.

-Destinados a sermos nós mesmos

 

                                                                           -Que sejamos sempre o reflexo

                                                                            de simples espontâneas pinceladas,

                                                                            numa tela por pintar.

 

 A arte de saber aprender a receber aquilo, que nem sempre podemos dar:

- Aos leitores que deixaram palavras por dizer, e perderam oportunidade de ultrapassar medos. 

 

Haverá       Sempre      Oportunidade       De     Florescer. 


Metamorfose.

 

É preciso cair, cair e cair,

Vezes sem conta, até murcharmos,

Até irmos ao limite dos nossos limites

 

Para finalmente,

Cairmos no sítio certo.

E aproveitarmos o solo mais rico

Para criar raízes

 

Crescer um caule

Crescerem folhas

E, crescerem

As

           Flores

                      Mais bonitas

                                            Que

                                                    Avistaste.

 

-sempre as foste.

                                                                                                                     

-A cura tem fases, como a água.

às vezes somos um mar revoltado

Ou um rio sereno, ou mesmo águas paradas.

Mas somos sempre água, em diferentes manifestações. 


2.º lugar – Rafael Lourenço 


FIM DOS TEMPOS

 

Com a chegada do dia da poesia,

Eu liberto da minha prisão interior.

Todos os sentimentos e por vezes ironia,

Criatividade e imaginação, tudo o que há na vida.

 

A altura não é a melhor,

Para pensar em paz e felicidade.

A meio de uma guerra que a muitos trouxe dor,

Provocada por aqueles que ao mundo não têm amor.

 

Pois é verdade que em diferentes sítios,

Se encontra muita gente de bom valor.

No entanto nos outros cantos há presente,

Seres que às vezes até parecem dementes.

 

Enlouquecidos pelo dinheiro e poder,

Confundidos por um falso sonho de controlo.

Em que querem trazer de volta os tempos,

Em que o globo tinha os impérios como donos.

 

Agora resta somente esperar,

Que o tempo passe e a guerra abrande.

Pois o que eu temo agora,

É que comecemos uma Guerra Nuclear.

 

Já estivemos mais longe desse ponto,

E da vista do “Czar” a NATO continua a provocar.

Se nós nos deixarmos desleixar,

Para a terceira guerra vamos todos juntos marchar.

 

Seria sem sombra de dúvidas,

O fim da vida como conhecemos.

E o maior perigo seria,

Não deixar a família viver,

Num mundo melhor,

Do que neste onde agora vivemos.


3.º lugar – Ana Sofia Peralta

Dizem ser uma família

 

Desde sempre, soube que tinha uma família bem constituída:

Tios, primos, pais, avós e mais os que nunca tinha visto.

Contudo, contando-os com o auxílio de uma mão,

Sempre vi poucos pássaros na casota acolhedora.

 

Nascido o passarinho, mais bem constituído era este abrigo.

Oh! Aquele ninho…um bando de amor interminável

Para apoiar o bicho trazido à fauna ingovernável.

(Não esquecer: o abrigo era, na mesma, vazio).

 

Daqui vejo, agora, a mesma casota, de outrora, desmembrada.

Fugiram? Não. Chegaram ao bando onde o tempo não existe.

(Não) Abandonaram o passarinho grande e os companheiros.

Não! Não comparemos os retirados com os ausentes…

 

Desde sempre, soube que tinha uma família bem constituída

Pelos necessários para tornarem este pequeno pássaro feliz.

Os restantes? São só os restantes que nada acrescentam,

Surgem, raramente, para marcar a sua (não) existência.

 

Ah…! Quem me dera que aquele abrigo de outrora fosse eterno. 

 


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