Os vencedores do Concurso de Poesia |
Este ano, o grupo de
Português e a biblioteca escolar decidiram assinalar o Dia da Poesia lançando o
desafio de um concurso de poesia aos alunos do Ensino Secundário. A adesão ao
concurso foi enorme, havendo a registar várias dezenas de participantes com
poemas inéditos, muitos deles de considerável qualidade literária. A tarefa do
júri, do qual fizeram parte a coordenadora do Departamento de Línguas,
professora Filomena Pereira, a coordenadora de Português, professora Fernanda
Gomes, uma representante da Direção da Escola, a professora de Português,
Sílvia Nogueira, e a professora bibliotecária, Filomena Lima, revelou-se, por
isso, bastante difícil ao ter de escolher as três melhores composições
poéticas.
Os três vencedores
foram os seguintes alunos:
1.º lugar – Vasco Matos
(12.º CT1) Com a trilogia Desintegração, Autorreflexão, Metamorfose
2.º lugar – Rafael Lourenço
(10.º AV1) com o poema Fim dos Tempos
3.º lugar – Ana Sofia Peralta (12.º CT1) com o poema Dizem ser uma família
Para além de desejarmos
que esta incursão dos alunos pelo mundo da poesia seja o prenúncio de uma longa
viagem poética, queremos felicitar os vencedores e todos os restantes
participantes pela forma empenhada com que se entregaram a esta iniciativa.
Muitos parabéns a todos e a todas.
E, claro, aqui ficam os
poemas premiados…
1.º lugar – Vasco Matos
Desintegração
Perdi-me no espaço vazio
Perdi-me na escuridão
Perdi-me no meu universo
Perdi-me nos meus sentimentos
Perdi-me em mim
Perdi-me, nos teus conselhos
Nos meus desejos
nos meus bocejos
nos meus olhos
no meu coração
Perdi-me, em
Tudo
Que me faça
Ser
Eu.
Perdi-me no mesmo caminho,
Incontáveis vezes.
Autorreflexão.
Palavras consumidas pelo tempo
Perdidas na solidão
Roubadas pelo vento
Substituída pela impressão
Palavras de amor esquecidas
Perdões nunca perdoados
Mentes desvanecidas
Corações magoados
Destinados a ser o reflexo
De uma pequena gota de água
Puro e brilhante, ingénuo e simples.
-Destinados a sermos nós mesmos
-Que sejamos sempre o reflexo
de
simples espontâneas pinceladas,
numa tela por pintar.
A arte
de saber aprender a receber aquilo, que nem sempre podemos dar:
- Aos leitores que deixaram palavras por
dizer, e perderam oportunidade de ultrapassar medos.
Haverá Sempre Oportunidade De Florescer.
Metamorfose.
É preciso cair, cair e cair,
Vezes sem conta, até murcharmos,
Até irmos ao limite dos nossos limites
Para finalmente,
Cairmos no sítio certo.
E aproveitarmos o solo mais rico
Para criar raízes
Crescer um caule
Crescerem folhas
E, crescerem
As
Flores
Mais bonitas
Que
Avistaste.
-sempre as foste.
-A
cura tem fases, como a água.
às vezes
somos um mar revoltado
Ou
um rio sereno, ou mesmo águas paradas.
Mas
somos sempre água, em diferentes manifestações.
2.º lugar – Rafael Lourenço
FIM DOS TEMPOS
Com a chegada do dia da poesia,
Eu liberto da minha prisão interior.
Todos os sentimentos e por vezes ironia,
Criatividade e imaginação, tudo o que há na vida.
A altura não é a melhor,
Para pensar em paz e felicidade.
A meio de uma guerra que a muitos trouxe dor,
Provocada por aqueles que ao mundo não têm amor.
Pois é verdade que em diferentes sítios,
Se encontra muita gente de bom valor.
No entanto nos outros cantos há presente,
Seres que às vezes até parecem dementes.
Enlouquecidos pelo dinheiro e poder,
Confundidos por um falso sonho de controlo.
Em que querem trazer de volta os tempos,
Em que o globo tinha os impérios como donos.
Agora resta somente esperar,
Que o tempo passe e a guerra abrande.
Pois o que eu temo agora,
É que comecemos uma Guerra Nuclear.
Já estivemos mais longe desse ponto,
E da vista do “Czar” a NATO continua a provocar.
Se nós nos deixarmos desleixar,
Para a terceira guerra vamos todos juntos marchar.
Seria sem sombra de dúvidas,
O fim da vida como conhecemos.
E o maior perigo seria,
Não deixar a família viver,
Num mundo melhor,
Do que neste onde agora vivemos.
3.º lugar – Ana Sofia Peralta
Dizem
ser uma família
Desde sempre, soube que tinha uma família bem
constituída:
Tios, primos, pais, avós e mais os que nunca tinha
visto.
Contudo, contando-os com o auxílio de uma mão,
Sempre vi poucos pássaros na casota acolhedora.
Nascido o passarinho, mais bem constituído era este
abrigo.
Oh! Aquele ninho…um bando de amor interminável
Para apoiar o bicho trazido à fauna ingovernável.
(Não esquecer: o abrigo era, na mesma, vazio).
Daqui vejo, agora, a mesma casota, de outrora,
desmembrada.
Fugiram? Não. Chegaram ao bando onde o tempo não
existe.
(Não) Abandonaram o passarinho grande e os
companheiros.
Não! Não comparemos os retirados com os ausentes…
Desde sempre, soube que tinha uma família bem
constituída
Pelos necessários para tornarem este pequeno pássaro
feliz.
Os restantes? São só os restantes que nada
acrescentam,
Surgem, raramente, para marcar a sua (não) existência.
Ah…! Quem me dera que aquele abrigo de outrora fosse eterno.
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