sábado, 20 de fevereiro de 2021

Clube de Leitura do 11.º LH1 reúne “online”


Apesar do confinamento provocado pela pandemia de Covid-19, o Clube de Leitura do 11.º LH1 reuniu nos dias 18 e 19 de fevereiro através da plataforma Teams para mais uma partilha de leituras. Desta vez, o clube reuniu na sequência da leitura de um conjunto de títulos subordinados a uma mesma temática – o Holocausto. O desafio foi lançado pela professora bibliotecária tendo em conta a recente efeméride “Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto” assinalada no dia 27 de janeiro.

Assim, as leituras realizadas foram as seguintes:

- “O tatuador de Auschwitz”

- “Canção de embalar de Auschwitz”

- “O violino de Auschwitz”

- “Os meninos que enganaram os Nazis”

- “Os rapazes que enganaram Hitler”

- “As irmãs de Auschwitz”

- “A rapariga do casaco azul”

Cada aluno(a) selecionou um ou mais excertos da sua preferência e após a leitura em voz alta desse mesmo excerto propôs um tema para debate, alargado ao grupo turma, suscitado por essa mesma leitura.

A propósito do livro “O Violino de Auschwitz” foram propostas as seguintes questões para debate a partir da leitura de alguns excertos:

- Será que o nível de sofrimento físico e psicológico experienciado nos Campos de Concentração permitia aos prisioneiros continuar a ter objetivos e a manter algum foco ou haveria momentos de absoluto desespero e de perda de sentido de vida?

- Tenta colocar-te na pele de um prisioneiro de um campo de concentração. Seria viável a criação de relações de amizade num ambiente tão duro e hostil?

- Qual terá sido o papel do trabalho para esses prisioneiros? Será que para a personagem principal do livro, o trabalho poderá ter sido um refúgio?  

“O Tatuador de Auschwitz” suscitou uma interessante reflexão sobre a Esperança e ainda um debate a propósito da visão que os homens tinham das mulheres. Será que as coisas estão iguais ou melhores?

A propósito de “Os Rapazes que Desafiaram Hitler” falou-se de resiliência. Os alunos afirmaram perentoriamente que não interessam os obstáculos que temos pela frente se formos determinados. Num paralelismo com o presente, viu-se a pandemia de Covid-19 como um grande desafio para a humanidade e como um problema que temos que ultrapassar com coragem, e até alguma ousadia, tal como fizeram os seres humanos que viveram durante a 2.ª Guerra Mundial.

As guerras afetam todos os seres humanos – crianças, jovens, adultos, idosos. Muitas são as crianças que, por causa de uma guerra passam diretamente para a idade adulta sem viverem esse período maravilhoso da vida que é a infância. Este foi o tema proposto para debate por uma das alunas que leu “Os meninos que enganavam os Nazis” sobretudo tendo em conta o seguinte excerto:

“Crescido, enrijecido, mudado…Talvez o meu coração também se tenha acostumado às catástrofes, talvez se tenha tornado incapaz de sentir uma mágoa profunda. O menino que eu era havia passado um ano e meio, um miúdo perdido no metropolitano e no comboio que o conduz a Dax…deixou de existir, perdeu-se para sempre no matagal de um bosque, numa estrada provençal, nos corredores de um hotel de Nice, esboroando-se a cada dia da nossa fuga (…) Afinal ainda não cheguei aos doze anos. (…) Até agora, penso ter acreditado sair da guerra ileso, mas poderei estar muito enganado. Não me tiraram a vida, mas foi pior. Roubaram-me a infância. Mataram dentro de mim o menino que eu poderia ter sido…”

In Joffo, J. (2017). Os meninos que enganavam os Nazis. Barcarena: Editorial Presença.

O debate foi-se prolongando e a leitura de excertos dos diversos livros foi tornando a conversa cada vez mais interessante e profícua. Uma sessão não chegou para que todos participassem pelo que nos voltámos a reunir no dia seguinte, mais uma vez online, mas com o mesmo entusiasmo pelas obras lidas.

Uma vez mais, este grupo de alunos deixou bem patente o seu gosto pela leitura e a sua capacidade para gerar uma discussão de ideias sobre problemáticas atuais apesar de terem partido de acontecimentos históricos ocorridos no século passado.

Muito obrigada a todos os alunos e alunas do 11.º LH1 por terem enriquecido os nossos dias e por terem gerado tanto calor humano neste momento tão difícil em que nos vemos obrigados ao afastamento físico e em que estamos restritos ao ensino a distância.





sábado, 13 de fevereiro de 2021

Dia de S. Valentim - Vamos lá falar de Amor...

Este ano não houve “Correio de S. Valentim”, não houve decorações alusivas à data, na Biblioteca, não houve “Leituras de Porta em Porta”.

No entanto, a Biblioteca Escolar não deixa passar em branco esta data e apresenta mais uma Imagem Interativa com imensa informação sobre esta festividade e sobre o Amor… Clique em cada um dos ícones e vai perceber que este trabalho foi mesmo feito com muito Amor e Dedicação.

Feliz Dia de S. Valentim!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021


Apesar do confinamento, amanhã, dia 9 de fevereiro, poderás “ir” ao Teatro…de modo virtual, claro!

No Dia da Internet Mais Segura, a Fundação Altice, no âmbito do programa “Comunicar em Segurança”, promove esta peça de teatro que tem como objetivo principal sensibilizar, de uma forma lúdica e envolvente,  os estudantes, pais, encarregados de educação e séniores, para as oportunidades e constrangimentos da utilização dos meios online.

Trata-se de uma peça sobre a identidade e a reputação digital que conta com a participação de Tiago Aldeia, Pedro Górgia e Alexandre Silva.

A peça estará disponível apenas dia 9 de fevereiro. Os links de acesso são os seguintes:

FACEBOOK: https://www.facebook.com/Idatuamarcananet


INSTAGRAM: https://www.instagram.com/idatuamarcananet/


SAPO VÍDEOS (Comunicar em Segurança): videos.sapo.pt/1eTsDAGzdSsaZzk1W8Ur 


Ainda a propósito do Dia da Internet + Segura - Duas sugestões de leitura para os mais jovens

 



“Alerta Premika! Risco Online detetado Ameaça nas Redes Sociais! E agora, Marta?”

Premika, a androide futurista que entra em missão sempre que uma criança corre perigo, viaja do futuro até ao nosso tempo para observar Marta. Ela sabe que algo de errado se passa…Mas Marta anda tão entusiasmada com as toneladas de likes que recebe, que não liga nenhuma aos bips e beeps de aviso de Premika.

Será que tu lhe podes dar uma ajuda? É que Marta tem muitas decisões para tomar e precisa mesmo de alguém, do lado dela, que a ajude a navegar na Internet em segurança…



“Alerta Premika! Risco Online detetado  Um jogo Online Arriscado! E agora, Tiago?”

Tiago tem dez anos e adora videojogos…e já não é de agora! Começou a jogar aos seis anos, primeiro com os amigos da escola, depois com os amigos dos amigos. Há algum tempo, meteu-se num jogo de equipas online, sem conhecer os jogadores. Mas o Tiago acha-os bué fixes, sobretudo o BlackShark. Ele sabe tudo sobre videojogos e o Tiago está completamente fascinado por este amigo virtual.

Só pensa no BlackShark, e em todas as coisas giras que ele lhe ensina, desde que acorda até que se deita. Será que o BlackShark é mesmo tão fixe como o Tiago pensa? É que, ultimamente, o Tiago tem andado irritadiço e nem quer brincar com os amigos nos intervalos das aulas, o que é muito estranho…

Fonte: Wook.pt


Estamos perante dois livros que abordam o problema da Segurança Online de modo quase interativo. No primeiro livro, o leitor ajuda a personagem principal a tomar decisões em momentos chave do seu percurso no mundo digital - consoante a opção do leitor assim prossegue a narrativa, com diferentes consequências para Marta dependentemente das opções tomadas. No segundo livro, as autoras apresentam 5 percursos diferentes que o leitor deverá seguir.

No final de ambos os livros, as autoras apresentam várias DICAS DE SEGURANÇA para uma utilização segura do Facebook (e outras redes sociais) – no 1.º livro, e de segurança para jogar online – no 2.º livro.

AQUI FICAM ALGUMAS:

- No Facebook, no Instagram, ou em outras redes sociais, deves aceitar pedidos de amizade apenas de pessoas que conheces em carne e osso ou as que são aprovadas pelos teus pais.

- Para evitares pessoas mal-intencionadas, não coloques fotografias que possam identificar os sítios onde vives ou vais habitualmente (a tua escola, a porta de casa, a rua dos avós, onde fazes desporto, danças ou jogas futebol, etc.)

- Desconfia sempre de desconhecidos que te pedem o teu nome, morada, número de telefone, o nome da tua escola ou fotografias tuas. Nunca deves dar essa informação, mesmo que a pessoa te pareça simpática.

- Protege as tuas contas do jogo com passwords fortes (cada password deve conter oito carateres, no mínimo, misturando letras, números, maiúsculas, símbolos, hífenes. As passwords são uma espécie de chave de casa que usamos no mundo digital e, como tal, não devem ser partilhadas.

- Os jogos são mundos de fantasia, onde, por vezes, vivemos experiências muito intensas. Nunca tentes replicar na vida real situações que experimentaste nos jogos.

- Se jogares com alguém que é agressivo, ou que te pressiona para obter informações pessoais, ou que te envia conteúdos esquisitos, tens o direito de bloquear e denunciar esse jogador.

- Se tiveres dúvidas, consulta o site do Centro Internet Segura em www.internetsegura.pt ou liga para o número 800 21 90 90 de “Linha Internet Segura”. É gratuito e confidencial.

 

Fontes:

Manata, C., Palermo, R., Castro, T. S., (2017). Alerta Premika! Risco Online detetado Ameaça nas Redes Sociais! E agora, Marta?. Lisboa: Edições Teodolito.

Manata, C., Palermo, R., Castro, T. S., (2020). Alerta Premika! Risco Online detetado Um jogo Online Arriscado! E agora, Tiago?. Lisboa: Edições Teodolito.





Dia da internet + Segura

O Dia da Internet Mais Segura é uma iniciativa da rede Insafe, com o apoio da Comissão Europeia. Um dos objetivos deste dia é o de contribuir para a criação de uma Internet melhor para todos, sensibilizando os utilizadores, jovens e menos jovens, para os perigos de uma utilização indevida facultando-lhes ferramentas que, tal como o nome sugere, possibilitem uma maior segurança.

Em 2021, o Dia da Internet Mais Segura terá lugar amanhã, dia 9 de fevereiro.

Para além da partilha de alguns vídeos que consideramos pedagógicos, sugerimos a participação num Webinar intitulado “Sexualidade e comportamentos de risco online” que decorrerá amanhã, dia 9 de fevereiro, a partir das 14:30. O evento é gratuito.

Para aceder ao programa e ao link para participar siga:  https://bit.ly/3qdls5L

 

A Biblioteca Escolar partilha com alunos, professores, educadores, e pais/encarregados de educação pequenos vídeos que alertam para alguns dos perigos associados ao uso indevido da Internet.

Lembra-te que não acontece só aos outros. Pode acontecer-te a ti!

Vídeo 1 - Risco de disponibilizar imagens pessoais online


Vídeo 2 - Sexting



Vídeo 3 - Cyberbullying


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

4 de fevereiro de 1799 - Nascimento de Almeida Garrett

 

Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielmi 

(Biblioteca Nacional de Portugal).


“João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasce a 4 de fevereiro de 1799, no Porto. Nome cimeiro das letras portuguesas, Almeida Garrett é o precursor do Romantismo literário em Portugal e o grande dinamizador do teatro português no séc. XIX. Para além da prática literária, Garrett foi ainda jornalista, político e legislador.

Oriundo da burguesia, Almeida Garrett e a sua família refugiam-se em 1809 na Ilha Terceira, escapando assim à segunda invasão francesa. Nos Açores, o escritor recebe uma educação clássica e iluminista, através do estudo de Voltaire e Rousseau. Em 1817, muda-se para Coimbra, para estudar Direito, desenvolvendo nesta cidade a sua simpatia pelos ideais do liberalismo.

Em 1822, Almeida Garrett é nomeado funcionário do Ministério do Reino, no mesmo ano em que se casa com Luísa Midosi. Em 1823, com a reação Miguelista da Vila-Francada, Garrett exila-se em Inglaterra, iniciando o estudo do Romantismo inglês, e depois em França. Por estes anos aprofunda o seu conhecimento da literatura romântica, através das obras de Byron, Victor Hugo, Schlegel e Walter Scott, ao mesmo tempo que redescobre Shakespeare. Desta época data também o seu interesse pelos cancioneiros populares, o que o leva a começar a preparar o Romanceiro.

Em 1825 e 1826, publica, em Paris, os poemas Camões e Dona Branca, considerados os primeiros exemplares portugueses escritos à luz da estética romântica. Em 1826, publica também o Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa, uma introdução à antologia de poesia portuguesa Parnaso Lusitano.

Em 1826, Garrett regressa a Portugal e dedica-se ao jornalismo político nos periódicos O Português e O Cronista. Em 1828, quando D. Miguel regressa ao poder, o escritor volta a exilar-se em Inglaterra. Em 1829, publica, em Londres, Lírica de João Mínimo e o tratado Da Educação. Em 1830, publica o tratado político Portugal na Balança da Europa.

Em 1832, ano em que regressa à ilha Terceira, Garrett alista-se no exército liberal. Durante o cerco do Porto, escreve o romance histórico O Arco de Santana e colabora com Mouzinho da Silveira nas reformas administrativas. Em 1834, é nomeado cônsul-geral em Bruxelas, numa espécie de terceiro exílio motivado por um desencanto crescente em relação à política portuguesa. Aqui aprofunda o seu conhecimento da literatura alemã, sobretudo das obras de Schiller e Goethe.

Em 1836, Almeida Garrett regressa a Lisboa, separa-se de Luísa Midosi e funda o jornal O Português Constitucional. No mesmo ano, é incumbido pelo governo setembrista de Passos Manuel da organização do Teatro Nacional. É neste âmbito que se revela determinante, o seu contributo para a dinamização do teatro português, uma vez que a sua ação foi decisiva para o projeto do futuro Teatro nacional D. Maria II. Para além disso, ao longo dos anos seguintes, Garrett escreve várias peças de teatro, nomeadamente Um Auto de Gil Vicente (1838) e Frei Luís de Sousa (1843).

Em 1846, é publicada em livro aquela que é considerada a sua obra-prima, Viagens na Minha Terra, que havia saído, no ano anterior, sob o formato de folhetim, na revista Universal Lisbonense. Viagens na Minha Terra é considerado, pela crítica literária e académica, o livro que deu início à prosa moderna em Portugal.

Em 1851, Garrett funda o jornal A Regeneração e, no ano seguinte, chega a desempenhar, ainda que por pouco tempo, o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1853 dá à estampa o livro de poesia Folhas Caídas, causando alguma celeuma devido ao tom voluptuoso com que é descrita a paixão do escritor por Rosa de Montufar, viscondessa da Luz.

A 9 de dezembro de 1854, Almeida Garrett morre, em Lisboa."

Fonte:

VV.AA. (2011). Almanaque Sábado 2011, Vol. I. Lisboa: Edições Tinta-da-china.


Por que não ver o episódio “Almeida Garrett e o Romantismo” da série “A Alma e a Gente” e conhecer um pouco melhor esta figura ímpar do panorama literário Português.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

"La Chandeleur" - A festa dos crepes



A tradição de comer crepes nesta data é muito antiga. O papa Gelásio I distribuía crepes aos peregrinos em Roma. O formato circular e amarelado do crepe poderá sugerir a roda da vida e o seu elemento principal, o sol. Ele representa o retorno da primavera e da luz depois dos dias sombrios de inverno.

A preparação dos crepes também tem um ritual importante. Uma tradição do século V, diz que ao virar o crepe com a mão direita, você deve ter algo de ouro na mão esquerda (pode ser uma moeda também). Ao girar o crepe, ele deve cair perfeitamente de volta na panela. Segundo a lenda, isto traz prosperidade para o ano.

Segundo as tradições mais antigas, o primeiro crepe também era importante. Ele devia ser guardado no armário para que a colheita nesse ano fosse abundante.

Juntamente com os crepes doces ou salgados, é tradição beber sidra numa tigela redonda, em vez de se utilizar um copo. Os franceses em geral, cristãos e não cristãos, costumam recordar a tradição e juntar a família e os amigos para comerem crepes.

 

Aqui fica uma receita de crepes para assinalares este dia festivo. 

Bon Appétit!!!

2 de fevereiro - "La Chandeleur"/Dia de Nossa Sra. das Candeias

 

Apresentação do Senhor
1500-01. Por Hans Holbein, o Velho, atualmente no Kunsthalle de Hamburgo, na Alemanha
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Sabias que…

- A 2 de fevereiro se assinala o Dia de Nossa Senhora das Candeias. Em França esse dia é designado por “La Chandeleur”.

- Esta comemoração tem origens pagãs e cristãs.

- A palavra “Chandeleur” vem do latim “candelarum”. Nas religiões pagãs, a “Chandeleur” é conhecida como a "festa do fogo". Ela marca o fim dos dias escuros de inverno e simboliza esperança e prosperidade tendo em conta a aproximação da primavera, abençoando a terra para as futuras plantações.

- Na época dos romanos, “La Chandeleur” era uma festa em honra do deus Pã (deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores).

- Na religião Cristã, o dia 2 de fevereiro, Dia de Nossa Sra. das Candeias, corresponde à apresentação do menino Jesus no templo e à purificação da Virgem Maria. Segundo a lei de Moisés, após darem à luz, as mulheres ficavam impuras, devendo visitar o templo de Jerusalém somente quarenta dias após o parto. Nesse dia deviam apresentar-se perante o sacerdote e realizar um sacrifício para se purificarem. Lê-se no texto Bíblico o seguinte:

“Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-nO a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na lei de Deus: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor, e para oferecerem em sacrifício, como se diz la lei do Senhor, um par de rolas ou duas pombinhas.” (Lucas 2: 22-24)

Foi com base na apresentação do Menino Jesus pela Virgem Maria e por São José, diante do profeta Simeão, que nasceu a celebração do Dia de Nossa Senhora das Candeias. Jesus seria a luz que iluminaria o mundo. É por isso que ela ocorre exatamente 40 dias após o Natal.

As festas deste dia começaram a ser celebradas com uma procissão de velas no século X, a recordar esse aspeto.

Segundo a tradição desta data, todas as velas da casa devem ser acesas. Os cristãos também costumavam trazer velas para serem abençoadas na igreja e serem usadas durante o ano.

- Segundo um ditado muito antigo, se chover no dia de Nossa Sra. das Candeias isso significa mais 40 dias de chuva; se, em contrapartida,  estiver um dia claro e ensolarado, o inverno está quase no fim. 

Em Português o ditado é formulado da seguinte forma:

“Se as Candeias vierem a rir, está o Inverno para vir. Se as Candeias vierem a chorar, está o Inverno a acabar.”

 Fontes:

Apresentação de Jesus no Templo. In: Wikipédia, a enciclopédia livre [Em linha]. Flórida: Wikimedia Foundation, 2018, rev. 9 Setembro 2018. [Consult. 9 set. 2018]. Disponível em WWW:<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Apresenta%C3%A7%C3%A3o_de_Jesus_no_Templo&oldid=53097624>.

 Kyl, Suelen.(2017, 1 30). La Chandeleur – A festa dos crepes. Disponível em https://guiadoestrangeiro.com/la-chandeleur-a-festa-dos-crepes/

 Nossa Senhora da Luz. (2020, agosto 29). Wikipédia, a enciclopédia livre. Retrieved 23:56, agosto 29, 2020 from https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Nossa_Senhora_da_Luz&oldid=59211977.

 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

O Regicídio em "D. Amélia" de Isabel Stilwell

 

Ainda no âmbito da evocação do Regicídio, deixamos mais uma sugestão de leitura, desta vez um excerto do livro “D. Amélia – A rainha exilada que deixou o coração em Portugal”.


“Estação fluvial de Lisboa, 1 de Fevereiro de 1908

 

A viagem tinha sido longa, o comboio descarrilara ali por altura de Casas Brancas, parara duas horas com uma avaria. Amélia tinha telegrafado a Manuel a avisar do atraso. O príncipe respondera que lhe dava jeito mais umas horas para praticar o piano, que Rey Colaço lhe daria assim aula até mais tarde. Amélia comentara divertida com Luís Filipe:

- Suspeito que o mano se tem divertido à grande, sem a mãe para o obrigar a cumprir horários.

Agora atravessavam o rio, um dia gelado mas de céu azul, «os meus favoritos», confessara, para elogiar a vista da cidade que com esta luz fica deslumbrante, comentara, enquanto segurava o filho pelo braço.

- Não se incline assim, Luís Filipe, que cai.

- O príncipe chegou-se perto, e cobriu-a com o seu casacão, enquanto lhe dizia ao ouvido:

- A caçada foi boa, minha querida mãe?

Amélia apertou-lhe a mão e sorriu.

- Ontem à noite estava um bocadinho melodramática, filho, desculpe…

Percebo as suas angústias, não sou uma criança. Lembre-se de que estava lá no dia em que a carruagem de Afonso e Ena foi pelos ares. Também tenho medo, há alturas em que tenho mesmo muito medo.

Amélia virou-se, aflita:

- Filho…

- É claro que ando armado, mãe, e o pai também. Não podemos evitar os perigos, mas podemos tentar defender-nos deles…

Amélia olhou-o, angustiada.

- Implorei ao pai para que insistisse com o João Franco para vos dar proteção, a si e a ele. Mas o pai diz que vai atravessar a cidade de landau aberto, ainda agora recusou que nos viessem buscar de carro. Garante que agora, agora que os cabecilhas da revolução estão presos, não há grande perigo…

- Mãe, se o pai acreditasse que havia perigo acha que a deixava a si, ou a mim e ao Manuel correr perigo? Corajoso como é, atravessava o Terreiro do Paço a pé, se fosse preciso, mas não nos sujeitava a qualquer risco…

Amélia acenou que sim com a cabeça. Era verdade o que Luís Filipe dizia, mas temia que Carlos estivesse a avaliar mal a situação, por toda a Europa corriam os atentados.

- Olhe – disse Luís Filipe, aproveitando para a distrair -, olhe quem está ali a acenar-lhe, o seu bebé, o seu Manolito…

A rainha virou-se para o cais que se aproximava e que estava cheio de gente, os ministros que esperavam o rei, alguns dos seus amigos, e Manuel, com Kerausch ao lado, que sem vergonha lhes acenava.

Amélia olhou para o relógio. Eram cinco da tarde – aquela pobre gente tinha esperado e bem. Foi a primeira a desembarcar. Abraçou o filho mais novo com força e aceitou as flores de uma criança de bochechas rosadas. Deu-lhe um beijo rápido e foi cumprimentando os que gostava e os que não gostava até chegar a carruagem…

 

Falavam entre eles. Manuel contava-lhes entusiasmado como a Never Mind, a égua favorita da rainha, estava coxa. Amélia dava-lhe pormenores do descarrilamento. Carlos troçava da falta de pontaria de Luís Filipe: «Houve pelo menos um porco que se ficou a rir do seu irmão», enquanto o herdeiro lhe fazia uma careta e Manuel ria divertido.

A carruagem era precedida de dois batedores, e as restantes da comitiva tinham-se atrasado.

Subitamente o ruído de um tiro. Amélia virou os olhos aterrorizada para o lado de onde viera o estalido. De joelho assente na rua, um homem de barba negra e capa fazia pontaria e disparava.

Pelo canto do olho, captou um vulto que corria na direção do landau e se dependurava de um dos seus estribos. Quando deu por si estava em pé, as flores na mão fustigavam a cara do homem que de revólver na mão disparava sobre todos eles. La Grande, alta, aterrorizada, batia-lhe e gritava «Infames», «Infames».

Luís Filipe estava de pé e o seu revólver fumegava.

«Claro que ando armado, mãe. Eu protejo o meu pai, eu mato quem o matar», a frase ecoava-lhe nos ouvidos. Gritou. Mandou-o sentar. Berrou-lhe que se protegesse. E viu o seu corpo cair, uma ferida imensa na cara, de onde jorrava sangue. Viu Manuel a puxar do lenço, a enxugar o sangue que corria, o lenço tingido, ensopado, a pingar.

- Luís Filipe não, o meu filho não – gritava alto. Mais dois tiros soaram, e em terror, tanto terror como nunca tinha sentido antes, louca de terror berrou ao cocheiro:

- Tire-nos daqui.

O tiroteio continuava cerrado. Já nem se virara para a rua, só para o seu filho.

- Tire-nos daqui, tire-nos daqui – repetia, desvairada.

- Respira, ainda respira, Luís, meu querido, meu querido filho, aguente, vamos chamar o médico, vamos para o Hospital da Estrela, meu querido filho.

Tomava-o nos braços e embalava-o, o vestido ensopado no sangue, que era afinal o seu, a esperança a impedi-la de enlouquecer.

- Tire-nos daqui, tire-nos daqui – gritava de novo.

O cocheiro fustigava os cavalos que galopavam assustados pela calçada, o cocheiro a puxar as rédeas, a conduzi-los para a Rua do Arsenal, era só preciso passar o portão do Arsenal da Marinha, lá dentro estariam seguros. Ouviu uma nova silvada de tiros e Manuel gritou:

- Deixe mãe, foi só uma bala de raspão no braço – sossegou-a. Dois homens saltaram sobre o estribo. Reconheceu o marquês de Lavradio.

- Salve-o, salve-o – implorou, enquanto o segundo homem, ofegante da corrida que fizera pelo terreiro, tomava o pulso do príncipe.

- Ainda respira, senhora.

O corpo pesado de Carlos estava dobrado sobre si mesmo, ligeiramente inclinado para o lugar que a mulher ocupara, como se buscasse o seu apoio. O corpo crivado de balas, um boneco que abanava a cada solavanco, ignorado, esquecido, porque Amélia só via Luís Filipe, só Luís Filipe lhe importava.

- El-rei está morto – disse Lavradio, e Amélia repetiu alto, a voz estridente:

- El-rei está morto.

O landau entrou pelo portão do Arsenal e os marinheiros tentaram parar os cavalos, as mãos lançadas aos freios, enquanto outros acorriam ao rei e à rainha, aos corpos, aos mortos, aos vivos.

- Depressa, depressa um médico – gritava Amélia. Manuel ajudava os guardas a tirar o corpo do irmão e a estendê-lo no chão do barracão, o corpo de Luís Filipe ao lado do corpo de Carlos, estendido sobre dois sacos de serapilheira, a cama de reis, a sepultura de dois cadáveres.

Amélia ajoelhou-se sobre o corpo do filho e sentiu uma tontura, perdeu os sentidos. Manuel suportou-lhe o corpo, e gemeu, o sangue a correr-lhe do braço, mas Amélia voltou a si. «Como era possível que fraquejasse num momento destes?», pensou, zangada consigo mesma, «o meu filho ainda precisa de mim».

A condessa de Figueiró, que chegara na carruagem atrás, veio ao seu encontro.

Pepita gritava, agarrada à sua senhora, mas Amélia sacudiu-a, impaciente.

- Um médico, um médico – insistia, e ajoelhava-se junto do príncipe, a cara desfeita pelo tiro da carabina, os olhos fechados.

- Já não respira, Sua Alteza – disse-lhe, numa voz sussurrada, um dos soldados que tomara o pulso do príncipe.

- Mataram o meu filho – disse Amélia, e Manuel encostou-se à mãe a soluçar. Passou a mão distraída pelo cabelo do filho mais novo, parecia sossegar, mas subitamente disparou em direção ao portão, como uma flecha. Tinha acabado de o ver. João Franco lívido, ofegante, entrava a correr pelo portão, sozinho, saltara da carruagem da comitiva e atravessara o terreiro pelo seu pé.

Esquecida de tudo, avançou sobre ele fora de si. Este homem roubara-lhe tudo. Os assassinos tinham disparado as armas, mas fora ele, só ele, que tornara possível o crime. Acusou-o: «Mataram el-rei, Mataram o meu filho!» Sabia que se tivesse na mão uma arma, se tivesse na mão a pistola do seu filho, o teria morto.

Lavradio deu-lhe o braço e apertou-o com força, puxando-a de novo ao pátio, aos corpos deitados no chão.

Trouxeram-lhe uma cadeira. Cobriram-na com cobertores. E assim ficou a rezar baixinho, ao lado dos seus, sem ver os ministros e os amigos que entravam e saíam, como se precisassem de ver para crer.

Só uma voz a fez despertar, talvez fosse o facto de lhe falar em francês, como se encontrasse na língua, na sua língua, um colo.

Ergueu-se de um salto.

- Mataram o meu filho – murmurou em voz baixa Maria Pia, a sua sogra, uma sombra do que era.

- O meu também – retorquiu Amélia, a dor em cada sílaba estridente.

A rainha-mãe olhou-a estarrecida. Arrastada da Ajuda para o Arsenal só agora compreendia: perdera o filho e o seu adorado neto.

Deixou-se cair sobre os joelhos e chorou.

 

«Porque não morri também? Porque não me mataram? Esses vermes, esses infames, porque não me mataram a mim?», repetia, como que numa ladainha, a cabeça de Manuel deitada sobre o seu colo, na carruagem fechada e escoltada pela cavalaria da guarda municipal que os levava para as Necessidades.

Manuel gemeu:

- Não diga isso, mãezinha, não diga isso, mãe, não me deixe sozinho.

Amélia ajeitou o braço ligado do seu pequenino e beijou-lhe a testa.

Tinha ao colo o rei de Portugal. (…)"

Stilwell, I. (2010). D. Amélia – a rainha exilada que deixou o coração em Portugal. Lisboa: Esfera dos Livros.

 


Os Dias da História - 1 de fevereiro de 1908 - O Regicídio

A 1 de fevereiro de 1908 era morto, no Terreiro do Paço, o Rei D. Carlos e o sucessor ao trono, o príncipe D. Luís Filipe. Era o início do fim da monarquia em Portugal. A Biblioteca Escolar lembra este acontecimento histórico e sugere-te uma série de documentos, em diversos suportes, que te ajudarão a perceber melhor o que aconteceu. Começa por ver o seguinte vídeo:


   

 Poderás, agora, ler o seguinte texto: 

 “Pelas 17h00 desse dia, a família real chegou a Lisboa, depois de uma estadia em Vila Viçosa. Após uma viagem de comboio até ao Barreiro, o rei D. Carlos, a rainha D. Amélia e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe seguiram de barco e desembarcaram na Praça do Comércio. Aqui subiram para uma carruagem aberta e percorreram as arcadas da praça. Era um sábado e havia pouca gente a assistir à passagem da comitiva real, que era escoltada por um destacamento da Guarda Municipal. Quando passava perto da esquina com a rua do Arsenal, um homem armado com uma carabina ajoelhou-se e fez fogo sobre a carruagem, atingindo o rei; outro subiu ao estribo da carruagem e fez vários disparos de revólver sobre o monarca. O príncipe foi igualmente atingido. O tiroteio durou pouco mais de um minuto e após a confusão que se gerou e a intervenção da guarda, tanto o rei como o príncipe, assim como os autores do atentado, estavam mortos. Os dois homens envolvidos eram Manuel Buiça, antigo sargento de cavalaria e professor, que foi quem efetivamente alvejou mortalmente o rei e o príncipe com uma espingarda, e Alfredo Luís da Costa, empregado de comércio e caixeiro-viajante. Houve outros disparos dirigidos à carruagem real, cuja autoria nunca se chegou a descobrir. O atentado foi planeado e executado por um pequeno grupo de conspiradores ligados à Carbonária portuguesa, a sociedade secreta que estava, na altura, associada ao movimento republicano. O atentado abalou profundamente o regime monárquico. O novo rei, D. Manuel II, tinha apenas 18 anos de idade e não possuía qualquer experiência política. Não houve repressão sobre os círculos revolucionários ligados ao assassinato ou sobre as manifestações de homenagem às sepulturas dos dois regicidas, o que foi visto pelos republicanos como um sinal de fraqueza e da queda iminente da monarquia. Em abril de 1909, o congresso do Partido Republicano decidiu derrubar o regime pela força, anunciando o golpe que veio a ocorrer a 5 de outubro de 1910.” 

 Pinto. P. (2020). Assassinato do Rei D. Carlos. In Os Dias da História-365 episódios da História de Portugal e do Mundo (p. 46). Barcarena: Editorial Presença.

Sugestões de leitura para os mais novos:



Orlando leva Ana e João na máquina do tempo em busca de um criminoso perigosíssimo que tem uma alcunha elucidativa — o Toupeira — e sabe camuflar-se tomando personalidades diferentes conforme o caso. Isso dificulta imenso a perseguição. Mas o grupo não desiste. Todas as pistas apontam para Lisboa no ano de 1908 e certos indícios fazem pensar que se relacionam com uma simpática família onde há três lindas raparigas. A melhor maneira de o caçar será fazerem amizade com elas. Para isso instalam-se na casa vizinha e passam a frequentar as festas, os passeios e até os bailes que o rei dá no Palácio da Pena, em Sintra. Mas sempre que julgam estar prestes a desmascará-lo, descobrem que afinal a pessoa de quem desconfiavam não é o Toupeira. As voltas e semivoltas levam João a envolver-se sem querer com um grupo de revolucionários que se preparam para assassinar o rei D. Carlos...



Para conheceres um pouco melhor este livro antes de o leres, podes ver a pequena reportagem que se segue:

https://sicnoticias.pt/cultura/2008-02-01-O-dia-em-que-mataram-o-rei