quinta-feira, 21 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DAS FLORESTAS



As atuais comemorações têm as suas raízes em manifestações antigas, nomeadamente no culto das árvores e das florestas de culturas antigas e que ainda perduram.
Os gregos e os romanos tinham o culto de várias divindades que associavam às árvores. Os celtas acreditavam na magia das árvores e que cada uma tinha o seu próprio poder. A simbologia estendeu-se também às florestas, espaço de mistério e de sentimentos conflituais que excitam a imaginação e o fantástico. As comemorações referenciadas na antiga Grécia e em Roma assumem a sua expressão mais celebrizada em França como símbolo do novo regime que sucedeu à Revolução Francesa “as árvores da liberdade”.
As actuais comemorações e as“Festas da Árvore”, do início do século, têm a sua raiz no Dia da Árvore, dia especialmente dedicado à plantação de árvores no Nebrasca (EUA), face à escassez de florestas, com início em 10 de abril de 1872.
Muitos países se seguiram nesta iniciativa. As comemorações tinham lugar em diferentes épocas, dependendo das condições climáticas.
Em Portugal, a primeira “Festa da Árvore” foi comemorada em 1907, estendendo-se estas comemorações, sobretudo durante o período inicial da 1.ª República, até 1917. Foram interrompidas pelo Estado Novo. Para alguns a “Festa da Árvore” não passava de um culto pagão, sendo destruídas as árvores plantadas.
Em dezembro de 1970, no âmbito das comemorações do Ano Europeu da Conservação da Natureza, foi retomada a celebração oficial do “Dia da Árvore”, por proposta da então Direção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas e da Liga para a Proteção da Natureza.
A “Festa da Árvore” passou a“Festa da Floresta” quando, em 1971, a FAO estabeleceu o "Dia Mundial da Floresta" com o objetivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.
Em Portugal foi celebrado o primeiro “Dia Mundial da Floresta” em 1974, tendo sido escolhida, como em muitos outros países do hemisfério norte, a data de 21 de março, o primeiro dia de primavera.
Em 30 de novembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que declara o dia 21 de março de cada ano como Dia Internacional das Florestas, encarregando o Secretariado de, em colaboração com os governos e as demais organizações internacionais e da ONU, organizar anualmente as comemorações do Dia Internacional.
DIA DA FLORESTA AUTÓCTONE
A 23 de novembro celebra-se, na Península Ibérica, o Dia da Floresta Autóctone. Esta efeméride surge em complemento do Dia Mundial da Floresta - 21 de março - pouco adequado à plantação de espécies autóctones nos países do sul da Europa.
Assim, sugere-se a plantação de árvores no dia da Floresta Autóctone e a rega (se necessário) no Dia Mundial da Floresta.
A EVOLUÇÃO DA FLORESTA
A floresta na Península Ibérica, durante as mudanças climáticas pleistocénicas, com avanços e recuos dos gelos continentais, era diferente das florestas atuais.
Antes da última glaciação tínhamos no nosso território um clima subtropical húmido, estando coberto por florestas de lenhosas sempre-verdes com composição semelhante à que se observa hoje, nos Açores, Canárias e Madeira. Aqui este tipo de floresta não foi devastado pela última glaciação devido às temperaturas não atingirem os baixos valores do continente.
Esta floresta designa-se Laurissilva por ter árvores da família das Lauráceas, como o loureiro Laurus nobilis, o til Ocotea foetens ou o vinhático Persea indica.


 

 

Na serra de Sintra ainda persistem algumas espécies relíquia da Laurissilva como o feto-dos-carvalhos Davallia canariensisou o feto-folha-de-hera Asplenium hemionitis.
Durante a última glaciação o nosso país teve um clima muito frio, desaparecendo a Laurissilva e passando a ter uma cobertura vegetal semelhante à actual taíga. Abundavam pinheiros e Juniperus como a sabina-das-praias.
Depois da última glaciação a floresta apresenta espécies adaptadas ao novo clima, predominando carvalhos, género Quercus,e a faia Fagus sylvatica.
A nossa espécie instala-se na Europa em plena última glaciação e assiste/colabora na formação da floresta atual. De início, a humanidade aproveita a proteção e riqueza disponibilizada pela floresta: caça, frutos, água. Quando inicia o cultivo de cereais e a domesticação dos animais inicia-se a degradação da floresta. Intensifica-se com a procura de lenha e de carvão, exploração de madeira e alargamento do espaço pastoril e agrícola.
A construção de naus, durante os descobrimentos, teve grande responsabilidade na exploração e declínio das florestas europeias. A maior parte da floresta de serra de Sintra foi então destruída.
Com as montanhas desarborizadas, a população começou a viver do pastoreio. Os fogos e queimadas também contribuíram para a desertificação das nossas montanhas. Passam a estar cobertas por urzes, giestas, tojos, torgas e carqueja.
Portugal foi artificialmente rearborizado a partir do século XIX. Na serra de Sintra foram utilizados o pinheiro-bravo Pinuspinaster, o cedro do Buçaco Cupressus lusitanica e o eucalipto Eucaliptus globulus.
A não substituição por matas fundadas na vegetação natural – equilibrada e estável - teve como consequência a pesada fatura dos fogos. Após o grande incêndio de 1966, criaram-se condições para se instalarem as espécies invasoras como as acácias, o pitósporo e as háquias.
Actualmente, no topo, predominam os pinhais bravos, eucaliptais e acaciais, que o fogo periodicamente devora. O avanço das espécies invasoras é cada vez maior.
A fauna da serra, onde já viveram ursos, cervos, javalis, lobos, gatos-bravos, lebres, não pode hoje ser rica dado o predomínio de espécies exóticas.
A FLORESTA ATUAL NA SERRA DE SINTRA
Estima-se que, atualmente, apenas persista 1% da vegetação arbórea natural. No entanto, o clima especial, a diversidade de exposições e de composição geológica permitem uma notável biodiversidade: cerca de 900 plantas autóctones, sendo, cerca de metade, mediterrânicas ou oeste-mediterrânicas. Nos espaços mais abrigados ocorre a regeneração do carvalhal.
 
 
Floresta de carvalho cerquinho
Ainda se encontram quase todas as espécies do género Quercusespontâneas em Portugal: o sobreiro Quercus suber vê-se com frequência a meia altitude nas encostas setentrionais mais frescas, o carvalho-alvarinho ou roble Quercus robur, que subsiste na humidade das vertentes mais a norte de clima mais suave, o carvalho-negral Quercus pyrenaica prefere a parte superior da montanha mais fria e com solos mais ácidos e secos, e o carrasco Quercus coccifera por toda a serra, este preferindo as encostas mais secas, onde se intercala com a azinheira Quercus rotundifolia, o Quercus lusitanica a carvalhiça, carvalho arbustivo característico de zonas outrora ocupadas por floresta, o carvalho-cerquinho Quercus faginea nos terrenos calcários, e nas vertentes setentrional e meridional a média altitude Quercus rotundifolia, a azinheira. Coabitam com o azevinho Ilex aquifolium,o medronheiro Arbutus unedo, o folhado Viburnum tinus, o zambujeiro Olea europaea var. sylvestris a gilbardeiraRuscus aculeatus e violetas Viola odorata nas margens dos caminhos.
Carvalho negral



Próximo das linhas de água crescem os freixos Fraxinus angustifolia, amieirosAlnus glutinosa, aveleiras Corylus avellana, salgueiro-preto Salix atrocinerea e o ulmeiro Ulmus minor.
Musgos, líquenes, fetos e grande variedade de cogumelos encontram aqui habitat privilegiado. Cerca de 140 espécies de cogumelos foram já identificadas na serra.

 
Zambujeiro


 Prof. Honório Marques

Bibliografia: www.icnf.pt

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