sábado, 18 de abril de 2020

Em abril, mulheres mil...


Mamie Phipps Clark

Hot Springs, Arkansas, 18 de abril 1917 – Nova York, 11 de agosto de 1983


Mamie Phipps Clark

“Os EUA aboliram a escravatura em 1865, mas, apesar de livres no papel, os homens e mulheres afro-americanos só alcançaram plena igualdade de direitos com a aprovação da Lei do Direito à Habitação Justa, em 1968. Durante mais de 100 anos, foi-lhes negado o direito ao voto, o direito a uma boa educação e o direito de frequentar alguns lugares.
Mamie Phipps Clark nasceu no Arkansas. Devido à segregação racial no Sul dos EUA, Mamie não podia entrar em todas as lojas e era obrigada a frequentar as escolas, com poucos meios, só para pessoas negras. Ainda assim, teve uma infância feliz, recheada de amor e de aprendizagens.
Mamie conheceu o seu futuro marido e colaborador, Kenneth Clark, na Universidade Howard. Na sua tese de mestrado aplicou um teste de imagens para demonstrar que a «raça» era parte integral da identidade da criança. Mamie percebeu que podia usar a psicologia para provar que a segregação era errada.
Em 1943, terminou o doutoramento na Universidade Colombia, e, três anos mais tarde, abriu um consultório com o marido, oferecendo apoio psicológico à comunidade negra da zona do Harlém, em Nova York, continuando, ao mesmo tempo, a fazer investigação.
A Experiência das Bonecas foi um dos seus estudos mais importantes. Mamie e Kenneth visitaram escolas segregadas e escolas integradas, fazendo o seguinte teste a 250 crianças negras: mostravam-lhes quatro bonecas que se diferenciavam apenas na cor – duas eram castanhas, as outras duas, brancas – e pediam-lhes, entre outras coisas: «Mostra-me qual a boneca com que gostavas de brincar»; «Mostra-me a boneca boazinha»; «Mostra-me a boneca que parece má»; etc.
Os resultados da experiência mostraram que as crianças negras se identificavam com a boneca castanha, mas a maioria preferia a boneca branca, porque era bonita e boazinha, ao passo que a castanha era feia e má. No entanto, as crianças das escolas integradas pareciam mais conscientes da injustiça racial, enquanto as das escolas segregadas pareciam mais inclinadas a aceitar a sua suposta inferioridade, o que era preocupante. Mamie e Kenneth provaram, assim, que a segregação afetava negativamente as crianças. Este estudo foi usado, em 1954, no caso Brown vs. Conselho de Educação, para pôr fim à segregação nas escolas públicas, cujos efeitos ainda hoje são sentidos.
Mamie Phipps Clark foi um exemplo de inconformidade e de combate à injustiça que nos devia inspirar."

Mamie Phipps Clark e o seu marido, Kenneth Clark

Fonte: 

Ignotofsky, A. (2016). As Cientistas – 52 mulheres intrépidas que mudaram o mundo. Lisboa: Bertrand Editora, Lda.

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