sexta-feira, 24 de abril de 2020

25 de abril – Os últimos dias da ditadura



Assinalam-se amanhã 46 anos da revolução de abril de 1974. Nesse dia, Portugal fechava a porta a mais de 40 anos de ditadura que coartou as liberdades de expressão e, por vezes, de movimento dos Portugueses.
A Biblioteca Escolar assinala esta data através de uma série de posts apresentando sugestões de filmes, leituras e visitas virtuais a museus. Apesar do Estado de Emergência  a que estamos sujeitos por causa da pandemia de Covid-19, não deixamos de assinalar esta data.
Dedique algum do seu tempo a percorrer o blogue e verá que ficará a saber um pouco mais sobre a Revolução dos Cravos.



CRONOLOGIA

OS ÚLTIMOS DIAS DE DITATURA…

01/01/73 – Vigília pela Paz na capela do Rato interrompida pela PIDE/DGS; afastamento da função pública de 12 pessoas envolvidas. O Patriarcado afasta o padre Alberto, responsável pela capela.
04/04/73 – O III Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro, coloca como objetivos o fim da Guerra Colonial e o estabelecimento das liberdades democráticas. Posteriormente assiste-se a cargas policiais nas ruas.
01/05/73 – Atentado das Brigadas Revolucionárias contra o Ministério das Corporações. A PIDE/DGS informa terem sido presos, desde o início do ano, 87 oposicionistas, dos quais 48 estudantes universitários.
03/05/7320 estudantes presos à porta da Faculdade de Letras de Lisboa, na sequência de protestos contra a introdução de “gorilas” – contínuos treinados pela PIDE/DGS – na faculdade. A polícia dispara rajadas de metralhadoras na Cantina da Cidade Universitária.
12/07/73 – Circular sobre o acesso de oficiais milicianos ao Quadro Permanente do Ministério do Exército, através de cursos intensivos na Academia Militar. Os oficiais do quadro veem nisto o perigo de serem ultrapassados na carreira por camaradas mais novos e sem o Curso normal da Academia. No dia seguinte, essas normas são formalizadas no Decreto-Lei 353/73.
07/09/73136 oficiais reúnem-se num monte nos arredores de Évora para uma “ação de confraternização” e pedem a revogação do Decreto-Lei 353/73.
01/12/73 – Reunião em Óbidos do que foi, posteriormente designado, Movimento de Oficiais das Forças Armadas.
22/12/73 – Revogado o Decreto-Lei 353/73 que originara o Movimento de Oficiais das Forças Armadas.
23/02/74Spínola publica o livro Portugal e o Futuro. O livro esgota rapidamente.
09/03/74 – O Governo decreta o estado de alerta em todos os quartéis.
14/03/74120 oficiais-generais vão a São Bento simbolizar o acatamento do poder civil por parte das Forças Armadas, num episódio que passou à posteridade como a “Brigada do Reumático”. Spínola e Costa Gomes faltam à cerimónia e são demitidos nos dias imediatos.
16/03/74 – O Regimento de Caldas da Rainha avança sobre Lisboa. Casanova Ferreira e Manuel Monge assumem o comando das operações e a responsabilidade pela derrota quando verificam o seu isolamento. 200 elementos, entre oficiais e subalternos, são presos, mas apenas os dois líderes ficarão detidos até ao 25 de abril.
24/03/74 – A Comissão Coordenadora do Movimento dos Oficiais das Forças Armadas reúne, e Otelo Saraiva de Carvalho admite a possibilidade de um levantamento vitorioso, desde que bem planificado e dotado de bons meios de comunicação.
28/03/74 – O Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, faz a sua última “Conversa em família” na RTP. Manifesta-se contra qualquer abandono em África e alerta para os riscos de colapso na retaguarda.
31/03/74 – O Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, tem o seu último, e ilusório momento de glória, ao ser ovacionado no Estádio de Alvalade numa aparição surpresa.
Meados de AbrilOtelo começa a redigir o Plano Geral das Operações para a insurreição, a realizar na semana de 20 a 27 de abril.
15/04/74 – A PIDE/DGS intensifica as prisões como era habitual, tendo em vista minimizar as manifestações do 1º de maio.
21/04/74 – São distribuídas as missões às diferentes unidades que participarão no movimento insurrecional. No quartel de Engenharia da Pontinha começa a ser montado o posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (MFA).
22/04/74Otelo e Costa Martins asseguram a transmissão dos sinais de arranque da insurreição e de que tudo está a correr bem, através de contactos na rádio. A canção vencedora do Festival da Canção desse ano, E Depois do Adeus, interpretada por Paulo de Carvalho, seria o primeiro sinal, transmitida no Rádio Clube português, seguindo-se-lhe Grândola Vila Morena, de José Afonso, na Rádio Renascença, uma hora depois. Fuzileiros e pára-quedistas põem em dúvida a sua participação, mas garantem que nunca atacarão as forças do movimento insurrecional.
23/04/74 – Junto ao Parque Eduardo VII, Otelo entrega aos delegados das unidades as folhas de missão e o equipamento e comunicações.
24/04/74 – Às 22h55m, João Paulo Dinis passa E Depois do Adeus no Rádio Clube Português.
25/04/74 – Às 24h20m, Leite de Vasconcelos lê, no programa Limite da Rádio Renascença, a primeira quadra de Grândola Vila Morena e passa o disco. Segundos depois, na Escola Prática de Administração Militar, no Lumiar, um grupo de capitães e subalternos dá voz de prisão ao oficial de dia e ao oficial de prevenção.
Em Santarém, na Escola Prática de Cavalaria, Salgueiro Maia manda formar o pessoal na parada; uma coluna marcha sobre Lisboa.
O major Jaime Neves apresenta-se no posto de comando da Pontinha sem ter conseguido capturar um carro da Brigada de Trânsito, indispensável para vigiar as comunicações da GNR.
Às 04h20m, no já ocupado Rádio Clube Português, Joaquim Furtado lê o primeiro comunicado: “Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas….”.


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