quarta-feira, 31 de março de 2021

Alunos das turmas 11.º CT2, 11.º LH1 e 12.º CT1/SE assinalam Dia Mundial da Poesia

 


Poema

silenciosamente aproximo-me do poema
circundo-o duma palavra faço nela
uma incisão deliberada

e exponho a ferida ao ar sem protegê-la
para que infecte e frutifique

de resina ainda com gosto a papel húmido
o poema cresce ramifica-se
comovidamente do cerne para a casca
inteiro liso adstringente sinuoso

mas
todo o poema é perfeitamente impuro

Vasco Graça Moura

(Um dos poemas escolhidos pelos alunos)


No dia 21 de março foi Dia Mundial da Poesia. A Biblioteca Escolar assinalou a data, aqui no nosso blogue, com uma série de publicações alusivas a esta efeméride.

Haverá, no entanto, melhor forma de se “homenagear” a poesia do que ler ou dizer poesia? E foi para ouvir ler, e para se falar de poesia, que fui convidada pela professora de Português, Filomena Pereira, a participar em algumas das suas aulas.

Esta docente lançou aos seus alunos o desafio de, nas últimas aulas deste período, partilharem com o grupo turma um poema. Assim, esqueceram-se as aulas mais formais de análise estilística, e centrámo-nos na mera fruição do texto poético. Ler, pensar, refletir, sentir e partilhar foram verbos presentes nestas aulas em que cada aluno leu um poema escolhido por si, de entre um corpus alargado de textos de poetas como Vasco Graça Moura, José Luís Peixoto, Pedro Mexia, Ary dos Santos, de entre outros.

Os alunos e as alunas foram partilhando as suas leituras e todos eles foram apresentando as suas justificações para a escolha de este ou de aquele poema “– Faz-me lembrar a minha infância em Angola.”; “-Fez-me pensar naqueles momentos em que, também eu, finjo que está tudo bem.”; “- Este poema tocou-me particularmente porque perdi um ente querido recentemente.”

Estas foram apenas algumas das justificações dadas pelos alunos.

Mas as docentes foram surpreendidas quando algumas alunas do 11.º LH1 pediram para partilhar poemas da sua autoria. Foi com muito agrado que ouvimos esses textos, e é com muita satisfação que divulgamos três desses poemas, depois de as respetivas autoras terem autorizado esta partilha.

E viva a Poesia!!!

 

 Sonho que sou criança

Neste adulto que habita em mim

Neste sonho habito no corpo

De criança como vim

 

Ser criança é ter humildade

É viver da verdade

Poder correr, poder dançar

Poder bailar, poder amar

 

As crianças são amáveis

Sinceras e corajosas

Simples e vaidosas

 

Como eu queria voltar

Aos meus tempos de criança.

Sonho que sou criança...

 Sofia Rações, 11.º LH1

 

 

Se te perdesse morreria,

morreria por não ter mais o dom de falar de amor.

Causar-me-ia uma ferida,

a do eterno pecador.

 

Sozinha no meio dos meus pensamentos

anseio ainda a tua chegada,

resguardada no silêncio

desta fria madrugada.

Verónica Lourenço, 11.º LH1

 

 

Expressar-me sempre foi importante

Para mim

Desde que deixei de poder expressar o

que sinto livremente sem julgamento ou

ignorância alheia

tive de arranjar outra forma de ser eu

expressando-me através da dança,

da liberdade que os movimentos me

traziam

ou do alívio que sentia depois de cantar

o meu corpo e alma

como se tudo o que sentia estivesse

embrulhado naquela canção

de como a falta de palavras para

descrever o que eu penso quando escrevo

me levou a aprender novas

línguas

simplesmente para me expressar com

um número infinito de palavras e

emoções

e como para não me sentir presa na

minha própria casa

tive que fazer o meu sonho de casa

Hanifa Quintas, 11.º LH1

1 comentário:

  1. Parabéns à Sofia,à Verónica e à Hanifa!
    Os seus poemas prometem.
    Venham mais!

    Manuel Sanches

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