domingo, 26 de outubro de 2025

"Olá, Robot!" - A IA para além das estantes no ano de 2035...

 

Fonte da imagem: Rodrigo Mozelli (gerado com IA)/Olhar Digital


Iniciamos hoje, na véspera do Dia Internacional da Biblioteca Escolar, uma sequência de publicações de textos criados pelos alunos de 9.º ano, no âmbito da atividade “Olá, Robot!”, dinamizada na biblioteca escolar ao longo do mês de outubro, mês das bibliotecas escolares, este ano sob o tema “Para além das estantes: IA, bibliotecas e o futuro das histórias”.

O desafio final dessa atividade passava pela redação de uma página de um Diário, no ano de 2035, que ilustrasse o dia de cada um dos alunos num mundo a viver com a IA para além das estantes.

Os resultados revelam criatividade e imaginação mas, também, uma visão provavelmente realista de um futuro que já não será assim tão longínquo. Muito obrigada às docentes Ana David e Carla Barroso pela colaboração, e a todos os alunos e alunas que participaram nesta atividade.

Cacém, 14 de outubro de 2035

Querida eu do futuro,

                Hoje acordei e olhei pela minha janela. É tão estranho pensar que agora os carros andam sozinhos, a minha eu do passado nunca imaginaria tal coisa. Depois de refletir, levantei-me e fui tomar o pequeno-almoço.  Antes, as panquecas da minha mãe sabiam-me extremamente bem, mas confesso que ir à cozinha, pressionar um simples botão, esperar 10 segundos e a comida aparecer toda pronta é, sem dúvida, mais eficaz. Vesti a roupa, que o meu robô achou mais adequada, tendo em conta a temperatura, arranjei-me e saí.

 Antigamente, no caminho para a escola, dizia “Bom-dia” a pessoas que me mostravam um sorriso bem rasgado. Agora, digo “Bom-dia” a uma espécie de máquinas esquisitas e quando reclamo dizem que eu tenho que me habituar!                                 

Sentei-me na sala, já não há cadernos nem livros, muito menos professores, agora só existem máquinas que me tentam ensinar o que em tempos lhes fora ensinado. Maldita a hora!                             

A biblioteca perdeu a sua essência - não preciso de sair de casa para ler livros digitais. Nem imaginas a falta que sinto daquele cheiro típico a livro!                                                                Já nem gasto o meu tempo a fazer tarefas domésticas, o mundo perdeu a graça e já nem sequer consigo ocupar o meu tempo. Se pudesse voltava atrás e aproveitava o tempo que estive longe de tudo o que envolvia tecnologias. Dói-me pensar que os meus filhos não vão ter a oportunidade de experienciar o mundo sem IA.                                            

Espero que me engane. E tu? O mundo melhorou e voltou a ser como antes? Continua tudo igual?

                                                                                                                                   Com amor, Matilde. :)

(Matilde Dias, 9.º 2.ª)


10 de outubro 2035, em casa

Querida Júlia do passado,    

                                                          

Desde 2025 que os robôs dominaram o mundo! E até a inteligência artificial está muito mais avançada comparativamente com a dos humanos. Posso dizer-te que agora em vez de acordarmos com o despertador de um telemóvel, acordamos com um robô a fazer-nos cócegas nos pés e a cantar uma música relaxante. Na verdade, não posso reclamar, porque cada pessoa do mundo acorda de uma maneira diferente. Tenho amigas, que acordam com o robô delas a gritar, deve ser terrível!

A escola também está muito diferente - já não existem professores humanos, apenas professores robôs. Explicam muito bem as matérias, mas, muitas vezes, mudam de assunto no meio das explicações. Aliás, muitos dos robôs neste mundo abriram empresas, e metade da população humana trabalha para eles…

Bem, como te deves lembrar, havia bibliotecas tanto municipais, quanto escolares, mas neste momento, posso dizer-te que elas foram trocadas por robôtecas, ou seja, quando queremos aprender algo, ligamos uns óculos especiais, e os robôs que as gerem explicam-nos tudo.

Passo os fins de semana a lançar uma bola de ferro, para o meu cão robótico, o Zuki, e para ser sincera já estou farta disso... O mundo foi dominado por robôs e ninguém soube impedir. Estou dececionada com o mundo em que vivíamos antigamente...

 

Adeus, Júlia do passado…

(Júlia Dias, 9.º 6.ª)

27 de agosto de 2035

Querido Diário,

Hoje, eu acordei às 7:00! Graças ao meu alarme, eu levanto-me e peço ao armário para se abrir. Depois de me vestir e de tomar o pequeno-almoço, eu saio de casa. Aproximo-me do carro do meu pai, e as portas abrem-se sozinhas. Assim que entro no carro, o mesmo fecha-se, coloca-me o cinto de segurança e começa a dirigir sozinho.

No momento em que chego à escola, as portas abrem-se automaticamente. Chego à sala de aula, sento-me no meu lugar e todos os meus colegas abrem os seus computadores. Em seguida, faço o mesmo. A professora entra na sala, mas a aula é dada por um drone, pois a mesma só está lá para tirar alguma dúvida. Como não tive aula, decidi ir à biblioteca da escola. O local é bastante moderno, tem bastantes computadores, televisões, tablets, entre outros! Além disso, tem alguns livros. Porém, grande parte deles está lá mais por uma questão de decoração, já que a maior parte dos alunos prefere os livros digitais… Logo que entro, um holograma aparece, perguntando-me o que quero fazer. Eu seleciono que quero usar os computadores. Na hora em que me sento na cadeira, começo a utilizar o ChatGpt para pesquisar sobre vídeos, jogos e compras do meu interesse.

De seguida, as aulas acabam e eu vou para casa. Quando chego a casa, dirijo-me para o meu quarto. Entro na minha cápsula de realidade virtual e começo a jogar...

  Aos fins de semana, passo grande parte do meu tempo, em frente ao ecrã, seja a jogar jogos, a ver vídeos no Youtube ou a fazer qualquer outra atividade, mas, por vezes, pergunto-me como seria se voltasse a ser tudo como antigamente...

Até amanhã.

(Eveline Gonçalves, 9.º 3.ª)


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