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Fonte da imagem: Rodrigo Mozelli (gerado com
IA)/Olhar Digital |
O desafio final dessa atividade passava
pela redação de uma página de um Diário, no ano de 2035, que ilustrasse o dia
de cada um dos alunos num mundo a viver com a IA para além das estantes.
Os resultados revelam
criatividade e imaginação mas, também, uma visão provavelmente realista de um
futuro que já não será assim tão longínquo. Muito obrigada às docentes Ana David
e Carla Barroso pela colaboração, e a todos os alunos e alunas que participaram
nesta atividade.
Cacém,
14 de outubro de 2035
Querida eu do
futuro,
Hoje acordei e olhei pela minha janela. É tão
estranho pensar que agora os carros andam sozinhos, a minha eu do passado nunca
imaginaria tal coisa. Depois de refletir, levantei-me e fui tomar o
pequeno-almoço. Antes, as panquecas da
minha mãe sabiam-me extremamente bem, mas confesso que ir à cozinha, pressionar
um simples botão, esperar 10 segundos e a comida aparecer toda pronta é, sem
dúvida, mais eficaz. Vesti a roupa, que o meu robô achou mais adequada, tendo
em conta a temperatura, arranjei-me e saí.
Antigamente, no caminho para a
escola, dizia “Bom-dia” a pessoas que me mostravam um sorriso bem rasgado.
Agora, digo “Bom-dia” a uma espécie de máquinas esquisitas e quando reclamo
dizem que eu tenho que me habituar!
Sentei-me na sala, já não há cadernos nem livros, muito menos
professores, agora só existem máquinas que me tentam ensinar o que em tempos
lhes fora ensinado. Maldita a hora!
A biblioteca perdeu a sua essência - não preciso de sair de casa para ler livros digitais. Nem imaginas a falta que sinto daquele cheiro típico a livro! Já nem gasto o meu tempo a fazer tarefas domésticas, o mundo perdeu a graça e já nem sequer consigo ocupar o meu tempo. Se pudesse voltava atrás e aproveitava o tempo que estive longe de tudo o que envolvia tecnologias. Dói-me pensar que os meus filhos não vão ter a oportunidade de experienciar o mundo sem IA.
Espero que me engane. E tu? O mundo melhorou e voltou a ser como antes? Continua tudo igual?
(Matilde Dias, 9.º 2.ª)
10 de outubro 2035, em
casa
Querida Júlia
do passado,
Desde 2025 que
os robôs dominaram o mundo! E até a inteligência artificial está muito mais avançada
comparativamente com a dos humanos. Posso dizer-te que agora em vez de
acordarmos com o despertador de um telemóvel, acordamos com um robô a fazer-nos
cócegas nos pés e a cantar uma música relaxante. Na verdade, não posso
reclamar, porque cada pessoa do mundo acorda de uma maneira diferente. Tenho
amigas, que acordam com o robô delas a gritar, deve ser terrível!
A escola
também está muito diferente - já não existem professores humanos, apenas
professores robôs. Explicam muito bem as matérias, mas, muitas vezes, mudam de
assunto no meio das explicações. Aliás, muitos dos robôs neste mundo abriram
empresas, e metade da população humana trabalha para eles…
Bem, como te deves
lembrar, havia bibliotecas tanto municipais, quanto escolares, mas neste
momento, posso dizer-te que elas foram trocadas por robôtecas, ou seja, quando
queremos aprender algo, ligamos uns óculos especiais, e os robôs que as gerem explicam-nos
tudo.
Passo os fins de semana a lançar
uma bola de ferro, para o meu cão robótico, o Zuki, e para ser sincera já estou
farta disso... O mundo foi dominado por robôs e ninguém soube impedir. Estou
dececionada com o mundo em que vivíamos antigamente...
Adeus, Júlia do passado…
(Júlia Dias, 9.º 6.ª)
27
de agosto de 2035
Querido
Diário,
Hoje, eu acordei às 7:00! Graças ao meu
alarme, eu levanto-me e peço ao armário para se abrir. Depois de me vestir e de
tomar o pequeno-almoço, eu saio de casa. Aproximo-me do carro do meu pai, e as
portas abrem-se sozinhas. Assim que entro no carro, o mesmo fecha-se, coloca-me
o cinto de segurança e começa a dirigir sozinho.
No momento em que chego à escola, as portas
abrem-se automaticamente. Chego à sala de aula, sento-me no meu lugar e todos
os meus colegas abrem os seus computadores. Em seguida, faço o mesmo. A
professora entra na sala, mas a aula é dada por um drone, pois a mesma só está lá para tirar alguma dúvida. Como não
tive aula, decidi ir à biblioteca da escola. O local é bastante moderno, tem
bastantes computadores, televisões, tablets,
entre outros! Além disso, tem alguns livros. Porém, grande parte deles está lá mais
por uma questão de decoração, já que a maior parte dos alunos prefere os livros
digitais… Logo que entro, um holograma aparece, perguntando-me o que quero
fazer. Eu seleciono que quero usar os computadores. Na hora em que me sento na
cadeira, começo a utilizar o ChatGpt
para pesquisar sobre vídeos, jogos e compras do meu interesse.
De seguida, as aulas acabam e eu vou para
casa. Quando chego a casa, dirijo-me para o meu quarto. Entro na minha cápsula
de realidade virtual e começo a jogar...
Aos fins de semana, passo grande parte do meu
tempo, em frente ao ecrã, seja a jogar jogos, a ver vídeos no Youtube ou a fazer qualquer outra
atividade, mas, por vezes, pergunto-me como seria se voltasse a ser tudo como
antigamente...
Até amanhã.
(Eveline Gonçalves, 9.º 3.ª)

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