quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

4 de fevereiro de 1799 - Nascimento de Almeida Garrett

 

Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielmi 

(Biblioteca Nacional de Portugal).


“João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasce a 4 de fevereiro de 1799, no Porto. Nome cimeiro das letras portuguesas, Almeida Garrett é o precursor do Romantismo literário em Portugal e o grande dinamizador do teatro português no séc. XIX. Para além da prática literária, Garrett foi ainda jornalista, político e legislador.

Oriundo da burguesia, Almeida Garrett e a sua família refugiam-se em 1809 na Ilha Terceira, escapando assim à segunda invasão francesa. Nos Açores, o escritor recebe uma educação clássica e iluminista, através do estudo de Voltaire e Rousseau. Em 1817, muda-se para Coimbra, para estudar Direito, desenvolvendo nesta cidade a sua simpatia pelos ideais do liberalismo.

Em 1822, Almeida Garrett é nomeado funcionário do Ministério do Reino, no mesmo ano em que se casa com Luísa Midosi. Em 1823, com a reação Miguelista da Vila-Francada, Garrett exila-se em Inglaterra, iniciando o estudo do Romantismo inglês, e depois em França. Por estes anos aprofunda o seu conhecimento da literatura romântica, através das obras de Byron, Victor Hugo, Schlegel e Walter Scott, ao mesmo tempo que redescobre Shakespeare. Desta época data também o seu interesse pelos cancioneiros populares, o que o leva a começar a preparar o Romanceiro.

Em 1825 e 1826, publica, em Paris, os poemas Camões e Dona Branca, considerados os primeiros exemplares portugueses escritos à luz da estética romântica. Em 1826, publica também o Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa, uma introdução à antologia de poesia portuguesa Parnaso Lusitano.

Em 1826, Garrett regressa a Portugal e dedica-se ao jornalismo político nos periódicos O Português e O Cronista. Em 1828, quando D. Miguel regressa ao poder, o escritor volta a exilar-se em Inglaterra. Em 1829, publica, em Londres, Lírica de João Mínimo e o tratado Da Educação. Em 1830, publica o tratado político Portugal na Balança da Europa.

Em 1832, ano em que regressa à ilha Terceira, Garrett alista-se no exército liberal. Durante o cerco do Porto, escreve o romance histórico O Arco de Santana e colabora com Mouzinho da Silveira nas reformas administrativas. Em 1834, é nomeado cônsul-geral em Bruxelas, numa espécie de terceiro exílio motivado por um desencanto crescente em relação à política portuguesa. Aqui aprofunda o seu conhecimento da literatura alemã, sobretudo das obras de Schiller e Goethe.

Em 1836, Almeida Garrett regressa a Lisboa, separa-se de Luísa Midosi e funda o jornal O Português Constitucional. No mesmo ano, é incumbido pelo governo setembrista de Passos Manuel da organização do Teatro Nacional. É neste âmbito que se revela determinante, o seu contributo para a dinamização do teatro português, uma vez que a sua ação foi decisiva para o projeto do futuro Teatro nacional D. Maria II. Para além disso, ao longo dos anos seguintes, Garrett escreve várias peças de teatro, nomeadamente Um Auto de Gil Vicente (1838) e Frei Luís de Sousa (1843).

Em 1846, é publicada em livro aquela que é considerada a sua obra-prima, Viagens na Minha Terra, que havia saído, no ano anterior, sob o formato de folhetim, na revista Universal Lisbonense. Viagens na Minha Terra é considerado, pela crítica literária e académica, o livro que deu início à prosa moderna em Portugal.

Em 1851, Garrett funda o jornal A Regeneração e, no ano seguinte, chega a desempenhar, ainda que por pouco tempo, o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1853 dá à estampa o livro de poesia Folhas Caídas, causando alguma celeuma devido ao tom voluptuoso com que é descrita a paixão do escritor por Rosa de Montufar, viscondessa da Luz.

A 9 de dezembro de 1854, Almeida Garrett morre, em Lisboa."

Fonte:

VV.AA. (2011). Almanaque Sábado 2011, Vol. I. Lisboa: Edições Tinta-da-china.


Por que não ver o episódio “Almeida Garrett e o Romantismo” da série “A Alma e a Gente” e conhecer um pouco melhor esta figura ímpar do panorama literário Português.

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