Mamie
Phipps Clark
Hot
Springs, Arkansas, 18 de abril 1917 – Nova York, 11 de agosto de 1983
Mamie Phipps Clark |
“Os
EUA aboliram a escravatura em 1865, mas, apesar de livres no papel, os homens e
mulheres afro-americanos só alcançaram plena igualdade de direitos com a
aprovação da Lei do Direito à Habitação Justa, em 1968. Durante mais de 100
anos, foi-lhes negado o direito ao voto, o direito a uma boa educação e o
direito de frequentar alguns lugares.
Mamie
Phipps Clark nasceu no Arkansas. Devido à segregação racial no Sul dos EUA,
Mamie não podia entrar em todas as lojas e era obrigada a frequentar as
escolas, com poucos meios, só para pessoas negras. Ainda assim, teve uma
infância feliz, recheada de amor e de aprendizagens.
Mamie
conheceu o seu futuro marido e colaborador, Kenneth Clark, na Universidade
Howard. Na sua tese de mestrado aplicou um teste de imagens para demonstrar que
a «raça» era parte integral da identidade da criança. Mamie percebeu que podia usar
a psicologia para provar que a segregação era errada.
Em
1943, terminou o doutoramento na Universidade Colombia, e, três anos mais
tarde, abriu um consultório com o marido, oferecendo apoio psicológico à
comunidade negra da zona do Harlém, em Nova York, continuando, ao mesmo tempo,
a fazer investigação.
A
Experiência das Bonecas foi um dos seus
estudos mais importantes. Mamie e Kenneth visitaram escolas segregadas e
escolas integradas, fazendo o seguinte teste a 250 crianças negras:
mostravam-lhes quatro bonecas que se diferenciavam apenas na cor – duas eram
castanhas, as outras duas, brancas – e pediam-lhes, entre outras coisas:
«Mostra-me qual a boneca com que gostavas de brincar»; «Mostra-me a boneca
boazinha»; «Mostra-me a boneca que parece má»; etc.
Os
resultados da experiência mostraram que as crianças negras se identificavam com
a boneca castanha, mas a maioria preferia a boneca branca, porque era bonita e
boazinha, ao passo que a castanha era feia e má. No entanto, as crianças das
escolas integradas pareciam mais conscientes da injustiça racial, enquanto as
das escolas segregadas pareciam mais inclinadas a aceitar a sua suposta
inferioridade, o que era preocupante. Mamie e Kenneth provaram, assim, que a
segregação afetava negativamente as crianças. Este estudo foi usado, em 1954,
no caso Brown vs. Conselho de Educação, para pôr fim à segregação
nas escolas públicas, cujos efeitos ainda hoje são sentidos.
Mamie
Phipps Clark foi um exemplo de inconformidade e de combate à injustiça que nos
devia inspirar."
Mamie Phipps Clark e o seu marido, Kenneth Clark |
Fonte:
Ignotofsky, A.
(2016). As Cientistas – 52 mulheres
intrépidas que mudaram o mundo. Lisboa: Bertrand Editora, Lda.
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