sábado, 26 de março de 2022

Alunos do 5.º 2.ª à conversa com a escritora Gilda Nunes Barata

 

As alunas que elaboraram o cartaz de boas-vindas à escritora

No passado dia 23 de março, recebemos na nossa Biblioteca a escritora Gilda Nunes Barata. Este encontro decorreu no âmbito do projeto “O Museu Aqui e Agora e o Futuro Que Lá Mora”, resultante de uma parceria entre a Câmara Municipal de Sintra e a Rede de Bibliotecas Escolares e que pretende, de entre outros objetivos, compreender a criação artística e cultural, valorizando o património local no âmbito de um trabalho de articulação entre a Biblioteca Escolar, os Museus de Sintra e o currículo.

A conversa com a escritora decorreu na sequência da leitura do seu livro “Duas irmãs em Odrinhas”, uma pequena narrativa em torno da história de duas irmãs, Rosa e Benedita, ligadas por fortes laços de amizade. Infelizmente, Rosa adoece gravemente e a sua irmã vai tentar, junto do Deus Cronos, ganhar tempo para Rosa sacrificando a sua infância e trocando o seu tempo para brincar, para ver televisão, para saltar à corda…pela vida da sua querida irmã.

Na realidade, e tal como a própria autora explicou aos alunos do 5.º 2.ª e a todos os presentes, nesta história a questão do tempo está omnipresente. Trata-se de uma história escrita para/sobre o Museu Arqueológico de Odrinhas, também conhecido como o Livro de Pedra. Muito do seu espólio confronta-nos, de facto, com a questão da passagem do tempo e da efemeridade da vida pelo que a escritora terá centrado a sua história em torno desta temática.

A escritora foi recebida no portão da escola pelo delegado e pela sub-delegada da turma 5.º 2.ª, turma que está envolvida neste projeto e, já na biblioteca, foi surpreendida por um cartaz de boas-vindas criado por algumas alunas da turma como apoio da diretora de turma, professora Cláudia Cardoso.

Os alunos e as alunas da turma colocaram várias e interessantes questões à escritora Gilda N. Barata que se mostrou muito disponível para responder a todas elas, nunca esquecendo uma palavra de reforço positivo para cada um do(a)s aluno(a)s.

No final, houve um momento de grande animação e competitividade pois os alunos participaram num jogo de Kahoot sobre o livro, criado pelas professoras bibliotecárias, Filomena Lima e Gracinda Silva.

Depois de uma troca de pequenas lembranças, e de a autora ter autografado os exemplares do seu livro existentes nas bibliotecas do Agrupamento, todos os presentes se juntaram em torno da escritora para uma fotografia de grupo que perpetuará uma manhã de agradável partilha de saberes e de experiências para todos. 














sexta-feira, 25 de março de 2022

Concurso de Poesia na EBS Gama Barros

 

Os vencedores do Concurso de Poesia

Este ano, o grupo de Português e a biblioteca escolar decidiram assinalar o Dia da Poesia lançando o desafio de um concurso de poesia aos alunos do Ensino Secundário. A adesão ao concurso foi enorme, havendo a registar várias dezenas de participantes com poemas inéditos, muitos deles de considerável qualidade literária. A tarefa do júri, do qual fizeram parte a coordenadora do Departamento de Línguas, professora Filomena Pereira, a coordenadora de Português, professora Fernanda Gomes, uma representante da Direção da Escola, a professora de Português, Sílvia Nogueira, e a professora bibliotecária, Filomena Lima, revelou-se, por isso, bastante difícil ao ter de escolher as três melhores composições poéticas.

Os três vencedores foram os seguintes alunos:

1.º lugar – Vasco Matos (12.º CT1)  Com a trilogia Desintegração, Autorreflexão, Metamorfose

2.º lugar – Rafael Lourenço (10.º AV1) com o poema Fim dos Tempos

3.º lugar – Ana Sofia Peralta (12.º CT1) com o poema Dizem ser uma família 

Para além de desejarmos que esta incursão dos alunos pelo mundo da poesia seja o prenúncio de uma longa viagem poética, queremos felicitar os vencedores e todos os restantes participantes pela forma empenhada com que se entregaram a esta iniciativa.

Muitos parabéns a todos e a todas.





E, claro, aqui ficam os poemas premiados…

1.º lugar – Vasco Matos 

Desintegração

Perdi-me no espaço vazio

Perdi-me na escuridão

Perdi-me no meu universo

 

Perdi-me nos meus sentimentos

Perdi-me em mim

Perdi-me, nos teus conselhos

 

Nos meus desejos

nos meus bocejos

nos meus olhos

no meu coração

 

Perdi-me, em

 

Tudo

 

Que me faça    

                         Ser

                                   Eu.

                                                                                 Perdi-me no mesmo caminho,

                                                                                 Incontáveis vezes. 


Autorreflexão.

Palavras consumidas pelo tempo

Perdidas na solidão

Roubadas pelo vento

Substituída pela impressão

 

Palavras de amor esquecidas

Perdões nunca perdoados

Mentes desvanecidas

Corações magoados

 

Destinados a ser o reflexo

De uma pequena gota de água

Puro e brilhante, ingénuo e simples.

-Destinados a sermos nós mesmos

 

                                                                           -Que sejamos sempre o reflexo

                                                                            de simples espontâneas pinceladas,

                                                                            numa tela por pintar.

 

 A arte de saber aprender a receber aquilo, que nem sempre podemos dar:

- Aos leitores que deixaram palavras por dizer, e perderam oportunidade de ultrapassar medos. 

 

Haverá       Sempre      Oportunidade       De     Florescer. 


Metamorfose.

 

É preciso cair, cair e cair,

Vezes sem conta, até murcharmos,

Até irmos ao limite dos nossos limites

 

Para finalmente,

Cairmos no sítio certo.

E aproveitarmos o solo mais rico

Para criar raízes

 

Crescer um caule

Crescerem folhas

E, crescerem

As

           Flores

                      Mais bonitas

                                            Que

                                                    Avistaste.

 

-sempre as foste.

                                                                                                                     

-A cura tem fases, como a água.

às vezes somos um mar revoltado

Ou um rio sereno, ou mesmo águas paradas.

Mas somos sempre água, em diferentes manifestações. 


2.º lugar – Rafael Lourenço 


FIM DOS TEMPOS

 

Com a chegada do dia da poesia,

Eu liberto da minha prisão interior.

Todos os sentimentos e por vezes ironia,

Criatividade e imaginação, tudo o que há na vida.

 

A altura não é a melhor,

Para pensar em paz e felicidade.

A meio de uma guerra que a muitos trouxe dor,

Provocada por aqueles que ao mundo não têm amor.

 

Pois é verdade que em diferentes sítios,

Se encontra muita gente de bom valor.

No entanto nos outros cantos há presente,

Seres que às vezes até parecem dementes.

 

Enlouquecidos pelo dinheiro e poder,

Confundidos por um falso sonho de controlo.

Em que querem trazer de volta os tempos,

Em que o globo tinha os impérios como donos.

 

Agora resta somente esperar,

Que o tempo passe e a guerra abrande.

Pois o que eu temo agora,

É que comecemos uma Guerra Nuclear.

 

Já estivemos mais longe desse ponto,

E da vista do “Czar” a NATO continua a provocar.

Se nós nos deixarmos desleixar,

Para a terceira guerra vamos todos juntos marchar.

 

Seria sem sombra de dúvidas,

O fim da vida como conhecemos.

E o maior perigo seria,

Não deixar a família viver,

Num mundo melhor,

Do que neste onde agora vivemos.


3.º lugar – Ana Sofia Peralta

Dizem ser uma família

 

Desde sempre, soube que tinha uma família bem constituída:

Tios, primos, pais, avós e mais os que nunca tinha visto.

Contudo, contando-os com o auxílio de uma mão,

Sempre vi poucos pássaros na casota acolhedora.

 

Nascido o passarinho, mais bem constituído era este abrigo.

Oh! Aquele ninho…um bando de amor interminável

Para apoiar o bicho trazido à fauna ingovernável.

(Não esquecer: o abrigo era, na mesma, vazio).

 

Daqui vejo, agora, a mesma casota, de outrora, desmembrada.

Fugiram? Não. Chegaram ao bando onde o tempo não existe.

(Não) Abandonaram o passarinho grande e os companheiros.

Não! Não comparemos os retirados com os ausentes…

 

Desde sempre, soube que tinha uma família bem constituída

Pelos necessários para tornarem este pequeno pássaro feliz.

Os restantes? São só os restantes que nada acrescentam,

Surgem, raramente, para marcar a sua (não) existência.

 

Ah…! Quem me dera que aquele abrigo de outrora fosse eterno. 

 


domingo, 20 de março de 2022

Visitas orientadas à Exposição “O Museu Aqui e Agora e o Futuro Que Lá Mora”

 

Depois de ter sido devidamente montada pelos alunos do 5.º 2.ª, a Exposição sobre os Museus de Sintra que integram o projeto “O Museu Aqui e Agora e o Futuro Que Lá Mora” foi visitada, ao longo de toda a semana, pelos alunos do 4.º ano da Escola Básica Ribeiro de Carvalho, e pelos do 5.º ano da EBS de Gama Barros.

Foi com muita animação e entusiasmo que os alunos responderam aos desafios lançados pelas professoras bibliotecárias, Filomena Lima e Gracinda Silva. A metodologia adotada foi a de trabalho em grupo (cada grupo foi formado depois de cada aluno(a) retirar de um saco um cartão, criado pelas PBs, alusivo a cada museu).

De entre os vários desafios apresentados, destacam-se um crucigrama sobre o “Totem” “Estátua”, referente ao Museu Anjos Teixeira, uma sopa de letras sobre o “Totem” “Deus”, referente ao Museu Arqueológico de Odrinhas, a pesquisa de informação no livro “Tantas Voltas e Voltinhas Até Chegarmos Aqui”, sobre o Museu de História Natural, e vários exercícios lacunares e de resposta breve sobre os restantes museus.

Na verdade, o que se pretendia com todos os desafios era, de uma forma lúdica, conduzir o olhar do(a)s aluno(a)s pelo texto e pelas fantásticas ilustrações desta exposição como se estivessem num verdadeiro museu.




















segunda-feira, 14 de março de 2022

Exposição Itinerante "O Museu Aqui e Agora e o Futuro Que Lá Mora"

 

Está em andamento o projeto “O Museu Aqui e Agora e o Futuro Que Lá Mora”. Depois de, na semana passada, se ter realizado a sessão de leitura do livro Duas Irmãs em Odrinhas, foi hoje a vez de montar a exposição alusiva aos seis museus de Sintra que integram este projeto. Os alunos do 5.º 2.ª, turma envolvida neste projeto, assim como os docentes de Português, José Mateus, e de Educação Física e Cidadania e Desenvolvimento, Cláudia Marques, e as professoras bibliotecárias do Agrupamento, Filomena Lima e Gracinda Silva, foram os responsáveis pela montagem da exposição.

Cada grupo de alunos ficou responsável pela “construção” de um totem dos seis que integram a exposição (um para cada um dos museus) – Museu de História Natural, Museu Ferreira de Castro, Casa-Museu Leal da Câmara, MU.SA – Museu de Artes de Sintra, Museu Anjos Teixeira e Museu de Odrinhas, sendo este último aquele que foi “adotado” pela nossa escola.

Os alunos mostraram estar à altura do momento e revelaram-se exímios a decifrar as instruções para a montagem de cada um dos Totens.

Seguem-se, agora, as visitas orientadas à exposição, (todas as turmas do 5.º ano) que estará patente no átrio da Biblioteca, até sexta-feira, dia 18 de março.















domingo, 13 de março de 2022

"Do Telemóvel Para o Mundo" - Sugestão de Leitura para Pais e Enc. de Educação

"Este livro de Daniel Sampaio, numa linguagem coloquial mas rigorosa, aborda a mais atual problemática com que se confrontam os adolescentes, pais e educadores de hoje: a relação dos jovens com a internet e as redes sociais. Partindo duma contextualização sociológica da sociedade atual e da relação dos jovens com as redes sociais e a internet, bem como às mais diversas áreas do conhecimento que proporcionam, aborda também as mais perniciosas questões com que sistematicamente nos confrontamos no relacionamento com as novas tecnologias.

Sem colocar em causa o benefício no acesso e ao conhecimento que esta tecnologia proporciona revela também os problemas que a sua má utilização pode provocar nos jovens de hoje, nomeadamente a vulgarização da sua intimidade, através das redes sociais: Instagram, Facebook, WhatsApp, Snapchat, You Tube.

No fim de cada capítulo inclui uma secção «Para pensar» e «Perguntas e Respostas» em que esquematiza como um manual de consulta as questões de maior importância. Aborda ainda a relação dos adolescentes e dos educadores com a sexualidade as drogas e o álcool, relatando em cada deles casos clínicos específicos.”

Fonte: Fnac.pt

Aqui fica o excerto que oferecemos aos pais.

Boa leitura!

 Os pais, os filhos adolescentes, a internet e as redes sociais

      A internet e as redes sociais são tema frequente entre os pais e os filhos adolescentes, sobretudo nas famílias com mais recursos.

            Quando há cerca de vinte anos preparava o meu livro Voltei à Escola visitei muitas escolas do continente e regiões autónomas. A grande preocupação dos pais era o que fazer face à dependência dos programas televisivos, que prendiam os adolescentes durante muitas horas. Lembro-me na altura eu estar sempre a dizer que o aparelho televisivo tinha um botão para desligar, mas nem sempre conseguia grandes resultados, porque a televisão parecia dominar o diálogo familiar.

            Duas décadas depois tudo está diferente. Com exceção de algumas séries e de certos jogos desportivos, os jovens não se sentam a ver televisão: o «pequeno ecrã» é agora o do telemóvel ou o do computador caseiro. (…)

            A grande maioria dos jovens portugueses comunica com os colegas e amigos através do telemóvel (por vezes também do tablet).

            Os modernos telemóveis, curiosamente batizados de smartphones, permitem o acesso a plataformas de comunicação muito atrativas para os adolescentes e possibilitam uma comunicação muito rápida. Tornam possível, através do acesso às redes sociais, a partilha de emoções e sentimentos, o que é decisivo na adolescência.

            Compreende-se que pais e educadores vivam uma crescente preocupação com o uso do telemóvel, não só pelos riscos da sua ligação à internet (tantas vezes referidos e não raro exagerados), mas pelo uso abusivo de net tornada portátil e de acesso muito facilitado nos nossos dias. Os novos telefones ligam os jovens entre si e podemos mesmo dizer que os adolescentes de hoje partem do seu telemóvel para o mundo, numa comunicação múltipla nunca antes conseguida. Os pais interrogam-se sobre o modo como falar com os filhos e duvidam tantas vezes sobre a sua própria importância na formação da personalidade dos mais novos.

            Os telemóveis ligados à internet invadiram por completo o quotidiano das famílias e levantam importantes questões de privacidade e de autoridade parental, em que muitas vezes a internet é considerada a responsável por tudo o que corre mal.

            Recorremos de novo a Gustavo Cardoso e colaboradores [1]: «44,8%, ou seja, perto de metade dos jovens inquiridos, já teve discussões com os pais por causa do tempo que passa ligado à internet […]. É entre os 13 e os 15 anos que há uma maior percentagem de inquiridos que já tiveram discussões com os pais, percentagem essa que baixa um pouco entre os 16 e os 18 anos [pp. 133-134] […] quando é desencadeado um conflito familiar em torno da utilização do telemóvel são discutidas muitas vezes em conjunto as várias dimensões de utilização: o tempo, o período do dia em que se usa o telemóvel, o que se faz com o telemóvel, os gastos (são 41,5% os rapazes que declararam já ter entrado em contenda com os pais por causa do tempo passado a jogar, sendo que as raparigas estão a uma distância de vinte pontos percentuais)» (pp. 142-143).

            Nada disto seria dramático à partida se todos pensassem sempre como o problema não está nos dispositivos, mas reside no utilizador. É possível uma utilização saudável do telemóvel, se existirem regras desde o início da sua aplicação.

Por isso, pais, professores e adolescentes têm de acertar o modo de uso de dispositivos móveis, numa atmosfera de partilha e de confiança mútuas. Se assim for, é possível, numa família, ter adultos e jovens como grandes utilizadores da internet sem que o seu uso seja abusivo ou gerador de dependência.       

Para verificar até que ponto o adolescente está dependente, convém saber:

 

a)    Se está sempre a utilizar o telemóvel: às refeições, em momentos de conversa com familiares e amigos, no quarto antes de dormir ou mesmo nas aulas;

b)    Se fica extremamente ansioso quando esquece o telemóvel e não o consegue encontrar;

c)    Se mente sobre a sua utilização, sobretudo ao deitar e durante a noite, com o argumento (por exemplo) de que foram os amigos que telefonaram contra as suas indicações;

d)    Se está a enviar mensagens para pessoas na mesma sala ou para alguém que acabou de deixar;

e)    Se o utiliza no cinema, no teatro ou em concertos;

f)     Se utiliza as aplicações dezenas de vezes por dia;

g)    Sobretudo se falta aos seus compromissos mais importantes, nomeadamente escola ou trabalho, momentos familiares significativos, refeições e horas de sono.

(…)

            É impossível, ao contrário do que muitos pais pretendem, controlar totalmente a utilização do telemóvel pelos adolescentes. Tudo de facto se modificou com os smartphones, pondo novos desafios a pais e educadores. As retiradas provisórias de telemóvel, como castigo dado pelos pais por utilização descontrolada, têm muito pouco efeito e acabam por provocar zangas inúteis. O que importa é determinar períodos de não utilização do telemóvel, em que pais e filhos decidem com precisão, embora sem rigidez, estar livres para outras interações familiares.

            Esses momentos devem ser decididos através do diálogo entre pais e filhos, mas convém saber que alguns desses períodos não são negociáveis. Por exemplo, não deve haver utilização de telemóveis no período de sono (22h/8h), nem durante as refeições, regra também válida para os adultos, que muitas vezes a quebram (é frequente ver filhos no Instagram e pais ao mesmo tempo no Facebook). Também deve ser explicado que uma mensagem no WhatsApp não precisa de ser logo respondida…

            É evidente que a família tem de se esforçar, no seu conjunto, para criar alternativas à utilização excessiva da internet. Só através de várias tentativas para se conseguirem convívios familiares sem internet para todos é que esses momentos poderão sedimentar.

            O jantar em família, sem tabuleiros espalhados na sala mas com toda a gente à volta de uma mesa, constitui uma oportunidade que não se pode perder. Há mais de vinte anos, no meu livro Inventem-se Novos Pais, descrevi esses jantares individuais como a «síndrome das bandejas», designação um pouco exagerada mas que infelizmente o tempo tornou significativa. Em muitas famílias, pais e filhos jantam sozinhos, na sala ou no quarto, com o diálogo familiar a ser reduzido ao mínimo. Desde 2011 a generalização da internet nos telemóveis tornou esta realidade ainda mais evidente. Todavia, é possível alterá-la. Em muitas famílias há desejo de partilha, existem muitos pais e filhos que espreitam uma oportunidade para se (re)encontrarem.

 Perguntas e Respostas

 P: Tenho uma filha de 11 anos completamente viciada no telemóvel. Combinei que depois das dez da noite o telemóvel ficava ao meu cuidado, no meu quarto ou na sala. Imagine o que aconteceu: há duas noites, pelas quatro da manhã, acordei com algum ruído. Vi a minha filha a rastejar em direção à sala (a porta do meu quarto tem uma parte em vidro), depois passar de novo para o seu quarto, deslocando-se de gatas. Sem que ela notasse, levantei-me para ver o que se passava e fui dar com ela agarrada ao telemóvel! Não disse nada porque era muito tarde! Depois alguns dias passaram e não sei se é oportuno voltar ao assunto, tenho medo que seja pior.

         R: Claro que deve voltar ao assunto. Se estabeleceu com a sua filha uma regra para utilização do telemóvel, não deve desistir de a pôr em prática. Espero que o compromisso de não utilização se estenda também aos períodos de estudo e das refeições em família!

            O comportamento da sua filha é um pouco preocupante. Em primeiro lugar porque não está a ter um sono descansado, essencial numa menina em crescimento; depois porque não cumpriu um compromisso; finalmente, porque parece estar a ficar dependente do telemóvel.

            Fale com a sua filha de uma maneira calma. Diga que a viu rastejar durante a noite para ir buscar o telemóvel e como isso lhe desagradou. Redefina as regras de utilização do telemóvel e informe que a partir de agora o aparelho fica fechado durante a noite. Com discrição, procure saber se existe alguma preocupação que esteja a provocar tantas conversas telefónicas. Por favor, não adie essa conversa!”

 

Sampaio, D. (2018). Do Telemóvel Para o Mundo. Alfragide: Editorial Caminho, SA.



[1] Gustavo. C. (coordenação). (2015) A Sociedade dos Ecrãs. Lisboa: Tinta da China.