Alunos Monitores e candidatos a monitores prontos para as Leituras de porta em porta
Leituras
de porta em porta
Dia 1 de outubro – Dia Nacional
da Água
Os especialistas
não têm dúvidas: a atual seca é das piores dos últimos 100 anos em
Portugal e uma das mais intensas e prolongadas.
A situação mais
grave vive-se no distrito de Viseu, onde a escassez de água
na barragem de Fagilde obrigou a uma megaoperação de transporte de
água.
Mas a
seca verifica-se um pouco por todo o país, de Trás-os-Montes ao
Alentejo.
E os efeitos já
dão que falar: quer o preço da água quer o preço da luz poderão subir.
Para já,
o Governo afasta a hipótese de racionamento de água, mas apela aos
cidadãos para um uso cuidadoso de um recurso que "ainda
existe".
No final de
outubro, todo o território de Portugal continental encontrava-se em situação de
seca severa (24,8%)
e extrema (75,2%).
Das 60
albufeiras monitorizadas, 28 estão abaixo dos 40% do volume total.
Seriam
necessários muitos dias de chuva para repor os níveis habituais.
A seca
extrema está já a prejudicar culturas e pasto para animais, com muitos
produtores a falarem de "calamidade" e a reclamarem do Governo
ajudas extraordinárias para fazer face aos prejuízos.
A situação mais
dramática vive-se no distrito de Viseu.
A escassez
de água na barragem de Fagilde, que abastece 130 mil pessoas dos concelhos de
Mangualde, Nelas, Viseu e Penalva do Castelo, levou o Governo a montar uma megaoperação inédita.
Dezenas de
camiões-cisterna foram mobilizados para levar água da Albufeira da Aguieira,
que tem uma capacidade maior, para a Albufeira de Fagilde.
A Norte, na
região entre o Douro e Trás-os-Montes, os agricultores têm sentido na pele os
efeitos da seca. Sem chuva não há vegetação e sem vegetação os animais não têm
pastagens que lhes sirvam de alimento. As reservas de alimento que existem
estão a ficar esgotadas.
Nascente do Douro secou
Um vídeo partilhado no Twitter mostra a nascente
do Rio Douro, na Serra do Urbión, na província espanhola de Sória, sem
água. As imagens foram partilhadas por Agustín Sandoval a 1 de novembro.
Os residentes não se lembram da última vez que a seca
atingiu assim um dos símbolos hídricos da Península Ibérica, particularmente de
Portugal, onde desagua na sua plenitude.
No Alentejo, os
campos deviam estar verdes e floridos, mas deles só sai pó. Estão muito
secos e as sementeiras precisam de água para crescer.
Os agricultores
e produtores de gado não se lembram de um ano assim.
Devido à falta
de pastagens, os produtores têm sido obrigados a suportar grandes
custos para alimentar os animais.
Num único
rebanho, mais de 100 cabras sofreram abortos
No Alto
Alentejo, uma das áreas mais atingidas pela seca, num único rebanho de cabras
registaram-se mais de 100 abortos espontâneos.
Algarve também
já foi atingido
No Algarve, há
montes no nordeste onde os furos que fornecem água às populações estão a ficar
sem água.
Os concelhos de
Alcoutim e Castro Marim têm sido os mais afetados. Aqui, os produtores
começam a não ter água para dar aos animais. Além de os furos
estarem a secar, as ribeiras não tem água em condições devido
às descargas de fossas que lá vão parar.
Também a
produção de azeitonas está a ressentir-se. Já foram criados apoios para fazer
face a esta situação, mas estes não chegam a todos os produtores.
Luz também pode
ficar mais cara
A seca está
a deixar a produção de eletricidade nas barragens a níveis
mínimos para não comprometer o abastecimento de água para consumo humano.
E isso pode vir a ter efeitos na fatura da luz paga pelos portugueses.
Sem água, a produção
é desviada para fontes de energia mais caras o que, em última análise,
pressiona uma eventual subida das tarifas de eletricidade.
Preço da água
pode subir
Foi o próprio ministro do Ambiente, João Matos
Fernandes que admitiu que o preço da água pode vir a subir. O
governante lembrou que as tarifas se vão manter no próximo ano, porque “já
estão aprovadas”, mas vincou que é preciso repensar o preço da
água “em tempos de escassez”.
Quebra das
colheitas e abandono de culturas
Os agricultores
temem que, devido à seca, os custos de produção das colheitas e culturas
sejam demasiado elevados, se não forem tomadas medidas de apoio por parte do
Governo.
Muitos
antecipam mesmo uma situação de abandono de algumas colheitas.
Este ano,
já houve impacto em várias produções. Caso da azeitona, por exemplo, que
sofreu uma quebra na ordem dos 40 a 45%.
Os produtores de
queijo também já avisaram que a seca vai afetar a produção e que os preços
podem aumentar a curto prazo.
Produção de
arroz em risco
No vale do Sado,
este ano o arroz ainda foi colhido, mas não se sabe como será no próximo.
Se não chover e
não houver ajudas do Governo, os produtores de arroz temem passar por
dificuldades.
Os efeitos a
longo prazo
As implicações
no fornecimento de água para abastecimento humano, na agricultura, na indústria
e na produção hidroelétrica são consequências que os cidadãos sentem no
imediato. Porém há outras, indiretas, que se registam a longo prazo.
A seca
promove condições que levam à ocorrência
e a propagação de fogos florestais. Este ponto é
particularmente importante dado que este ano o país foi assolado por
tragédias causadas por grandes incêndios.
Há ainda outro
problema: a qualidade
da água. A qualidade da água pode ficar comprometida pela
falta de renovação dos caudais. É que havendo pouca renovação da água,
determinadas substâncias, sejam elas poluentes, sejam elas adubos,
ficam mais concentrados nas origens da água.
Outros efeitos
são o aumento da
erosão dos solos e a eliminação
da cobertura vegetal.
Os portugueses
consomem, em média,
cerca de 150 a 200 litros de água por dia, quando a ONU diz que
o limite deveria ser de 50 litros.
Mais, em
Portugal, um em
cada três litros de água é desperdiçado antes de chegar às
torneiras.
Numa altura de
seca, o Governo tem apelado constantemente à poupança da água. Até porque
serão necessários dois ou três meses chuvosos para resolver parte do problema.
Em 20 anos, a
água será um bem “muito escasso”
Além das falhas
no abastecimento, há ainda excessos no consumo.
Os especialistas
temem que em 20 anos, a água passará de “bem escasso” a “bem muito
escasso”.
Sete gestos
simples para usar no dia a dia
Banhos rápidos: é na
higiene diária que o desperdício é maior, particularmente na hora de tomar
banho. Se optar pelo duche pode poupar até 5.000 litros de água por mês. E se
esse duche for de apenas cinco minutos poupa mais 1.300 litros.
Fechar a
torneira:
enquanto lava os dentes, as mãos ou faz a barba vá fechando a torneira. Pode
poupar 2.700 litros. Num minuto de água a correr desperdiça 12 litros.
Lavar a loiça na
máquina:
com a carga completa, a poupança é muito eficiente e pode chegar aos
1.900 litros de água por mês. Mas se tiver de lavar a loiça à mão, opte por
encher um alguidar. Poupa 360 litros.
Lavar a roupa na
máquina:
também nesta máquina a eficiência beneficia de uma carga completa. Se
ainda assim não for possível evitar lavagens frequentes e com menor carga,
selecione o programa de meia-carga.
Autoclismo: um autoclismo
com duas possibilidades de descarga permite poupar mais de 1.500 litros de
água por mês quando comparado com um autoclismo de descarga simples. E se o
autoclismo tiver o depósito acessível, colocando uma garrafa com água no seu
interior pode poupar litro e meio de água em cada descarga. Faça também
uma utilização mais disciplinada dos sanitários.
Reaproveitar a
água:
enquanto espera pela água quente coloque um balde por baixo da torneira. Essa
água poderá servir para o autoclismo, para limpezas, para regar as plantas ou o
jardim.
Redutor de
caudal:
é fácil de adquirir numa qualquer superfície, de instalar e num piscar de
olhos poupa 40% de água. É, porventura, a medida mais simples e eficaz.