Assinalam-se amanhã 46
anos da revolução de abril de 1974. Nesse dia, Portugal fechava a porta a mais
de 40 anos de ditadura que coartou as liberdades de expressão e, por vezes, de
movimento dos Portugueses.
A Biblioteca Escolar
assinala esta data através de uma série de posts
apresentando sugestões de filmes, leituras e visitas virtuais a museus. Apesar
do Estado de Emergência a que estamos sujeitos por causa da pandemia de
Covid-19, não deixamos de assinalar esta data.
Dedique algum do seu
tempo a percorrer o blogue e verá que ficará a saber um pouco mais sobre a
Revolução dos Cravos.
CRONOLOGIA
OS ÚLTIMOS DIAS DE DITATURA…
01/01/73 – Vigília pela Paz na capela do Rato interrompida pela PIDE/DGS; afastamento da função pública
de 12 pessoas envolvidas. O
Patriarcado afasta o padre Alberto, responsável pela capela.
04/04/73 – O III Congresso da Oposição
Democrática, em Aveiro, coloca
como objetivos o fim da Guerra Colonial
e o estabelecimento das liberdades
democráticas. Posteriormente assiste-se a cargas policiais nas ruas.
01/05/73 – Atentado das Brigadas
Revolucionárias contra o Ministério das Corporações. A PIDE/DGS informa
terem sido presos, desde o início do ano, 87
oposicionistas, dos quais 48
estudantes universitários.
03/05/73 – 20 estudantes presos à
porta da Faculdade de Letras de Lisboa, na sequência de protestos contra a
introdução de “gorilas” – contínuos treinados pela PIDE/DGS – na faculdade. A
polícia dispara rajadas de metralhadoras na Cantina da Cidade Universitária.
12/07/73 – Circular sobre o acesso de oficiais milicianos ao Quadro Permanente
do Ministério do Exército, através de cursos intensivos na Academia Militar. Os
oficiais do quadro veem nisto o perigo de serem ultrapassados na carreira por
camaradas mais novos e sem o Curso normal da Academia. No dia seguinte, essas
normas são formalizadas no Decreto-Lei
353/73.
07/09/73 – 136 oficiais reúnem-se num
monte nos arredores de Évora para
uma “ação de confraternização” e
pedem a revogação do Decreto-Lei 353/73.
01/12/73 – Reunião em Óbidos do que
foi, posteriormente designado, Movimento
de Oficiais das Forças Armadas.
22/12/73 – Revogado o Decreto-Lei
353/73 que originara o Movimento de
Oficiais das Forças Armadas.
23/02/74 – Spínola publica o livro Portugal
e o Futuro. O livro esgota rapidamente.
09/03/74 – O Governo decreta o estado de alerta em todos os quartéis.
14/03/74 – 120 oficiais-generais vão
a São Bento simbolizar o acatamento do poder civil por parte das Forças
Armadas, num episódio que passou à posteridade como a “Brigada do Reumático”. Spínola e Costa Gomes faltam à cerimónia e são demitidos nos dias imediatos.
16/03/74 – O Regimento de Caldas da Rainha avança sobre Lisboa. Casanova Ferreira e Manuel Monge assumem o comando das
operações e a responsabilidade pela derrota quando verificam o seu isolamento. 200 elementos, entre oficiais e
subalternos, são presos, mas apenas os dois líderes ficarão detidos até ao 25
de abril.
24/03/74 – A Comissão Coordenadora do Movimento dos Oficiais das Forças Armadas
reúne, e Otelo Saraiva de Carvalho
admite a possibilidade de um levantamento vitorioso, desde que bem planificado
e dotado de bons meios de comunicação.
28/03/74 – O Presidente do Conselho, Marcelo
Caetano, faz a sua última “Conversa em família” na RTP.
Manifesta-se contra qualquer abandono em África e alerta para os riscos de
colapso na retaguarda.
31/03/74 – O Presidente do Conselho, Marcelo
Caetano, tem o seu último, e ilusório momento de glória, ao ser ovacionado
no Estádio de Alvalade numa aparição surpresa.
Meados de Abril – Otelo começa a redigir o Plano Geral das Operações para a
insurreição, a realizar na semana de 20 a 27 de abril.
15/04/74 – A PIDE/DGS intensifica as
prisões como era habitual, tendo em vista minimizar as manifestações do 1º de maio.
21/04/74 – São distribuídas as missões às diferentes unidades que participarão
no movimento insurrecional. No quartel de Engenharia da Pontinha começa a ser montado o posto de Comando do Movimento das
Forças Armadas (MFA).
22/04/74 – Otelo e Costa Martins asseguram a transmissão
dos sinais de arranque da insurreição e de que tudo está a correr bem, através
de contactos na rádio. A canção vencedora do Festival da Canção desse ano, E
Depois do Adeus, interpretada por Paulo de Carvalho, seria o primeiro
sinal, transmitida no Rádio Clube
português, seguindo-se-lhe Grândola Vila Morena, de José
Afonso, na Rádio Renascença, uma
hora depois. Fuzileiros e pára-quedistas põem em dúvida a sua
participação, mas garantem que nunca atacarão as forças do movimento
insurrecional.
23/04/74 – Junto ao Parque Eduardo VII,
Otelo entrega aos delegados das
unidades as folhas de missão e o equipamento e comunicações.
24/04/74 – Às 22h55m, João Paulo
Dinis passa E Depois do Adeus no Rádio
Clube Português.
25/04/74 – Às 24h20m, Leite de
Vasconcelos lê, no programa Limite da Rádio
Renascença, a primeira quadra de Grândola Vila Morena e passa o
disco. Segundos depois, na Escola
Prática de Administração Militar, no Lumiar,
um grupo de capitães e subalternos dá voz de prisão ao oficial de dia e ao
oficial de prevenção.
Em Santarém, na Escola Prática de Cavalaria, Salgueiro Maia manda formar o pessoal
na parada; uma coluna marcha sobre Lisboa.
O major Jaime Neves
apresenta-se no posto de comando da Pontinha
sem ter conseguido capturar um carro da Brigada de Trânsito, indispensável para
vigiar as comunicações da GNR.
Às 04h20m, no já ocupado Rádio Clube Português, Joaquim Furtado lê
o primeiro comunicado: “Aqui Posto de Comando do Movimento das
Forças Armadas….”.