Rio
de Janeiro, 4 de abril de 1819 – Lisboa, 15 de novembro de 1853
D. Maria II, 1833, Royal Collection |
Só que D. Maria da
Glória era uma menina diferente da maioria das outras meninas pois era a neta
do rei de Portugal. O seu avô era o rei D. João IV que, em 1807, tinha fugido
para o Brasil devido às invasões francesas. Daí o facto de D. Maria ter nascido
no Rio de Janeiro.
No entanto, quando ela
tinha apenas 7 anos, o avô morreu e, portanto, tinha de se escolher um novo rei
para Portugal. O natural sucessor seria o filho mais velho do rei, D. Pedro,
pai de D. Maria da Glória. Todavia D. Pedro era o Imperador do Brasil pelo que
se decidiu que D. Maria sucederia ao avô no reino de Portugal. Como D. Maria
era menor, resolveram que ela casaria com o tio, D. Miguel, irmão do pai, que
ficaria como regente do reino durante a menoridade da pequena princesa.
D. Maria teve pois que
abandonar o Brasil, com apenas 9 anos de idade, deixando para trás os pais e
todos os amigos e partir rumo à Europa, inicialmente com destino à Áustria,
onde ficaria durante algum tempo com o avô materno a fim de se preparar para o
seu novo estatuto de rainha de Portugal.
Todavia, o seu tio D.
Miguel não se contentava com o estatuto de regente do reino e pretendia chegar
a rei de Portugal. Tal pretensão, sobretudo porque era claro o seu intuito de
reinar sem “ouvir” previamente o Parlamento, levou a uma luta que durou anos
entre Absolutistas, que defendiam D. Miguel, e Liberais que estavam a favor de
D. Maria. Esta situação de conflito durou até 1834 ano em que, D. Pedro morreu
e D. Maria foi, finalmente, aclamada rainha de Portugal.
D. Maria II, Simpson, 1840 |
O seu reinado não foi
muito longo mas foi cheio de acontecimentos que a preocuparam e a obrigaram a
lutar, com unhas e dentes, para unir os portugueses que, aos poucos, se iam
dividindo em fações diferentes. Num dos períodos mais conturbados da nossa História,
D. Maria testemunhou, durante o seu reinado, as lutas entre liberais e
absolutistas, a Guerra Civil, a Revolução de Setembro, a Belenzada, a Revolta
dos Marechais, a Maria da Fonte e a Patuleia.
Quando subiu ao trono,
foi-lhe imposta a escolha de um marido. Foi escolhido para seu esposo um príncipe
alemão chamado Augusto de Leuchetenberg. Infelizmente, D. Augusto morreu apenas
dois meses depois do casamento pelo que foi necessário escolher outro marido e urgentemente.
Era preciso criar descendência para o trono de Portugal e assim, foi escolhido
para seu cônjuge D. Fernando de Saxe-Coburgo, um alemão que diziam ser “lindo,
bondoso e inteligente”. Para além de todos esses atributos, D. Fernando amava
as artes o que lhe valeu o apelido de “o Rei Artista”.
D. Fernando de Saxe Coburgo |
Deste casamento
nasceram 11 filhos, cinco dos quais não chegaram à idade adulta.
D. Maria II ficou
conhecida pelo cognome de A Educadora. Tal
deve-se não só à esmerada educação
que deu aos filhos, mas também ao facto de ter instituído o ensino primário
gratuito e acessível a todas as pessoas. Até então, só as pessoas ricas
aprendiam a ler e a escrever, mas D. Maria tentou alterar esse facto ao
rodear-se de ministros que muito contribuíram para o avanço do sistema
educativo e cultural do país.
Na
foto estão alguns filhos da rainha D.Maria II. Da esquerda para a
direita:. Fernando, Antónia, Luís (futuro rei D.Luís I), Maria Ana, Augusto e
João.
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A rainha tinha, também,
uma grande paixão pelo teatro, gosto esse que lhe ficara dos tempos vividos na
Corte de França. Empenhou-se, pois, apoiada por Garrett, para que se
construísse um Teatro que foi edificado no Rossio sobre as ruínas do palácio da
Inquisição - O teatro D. Maria II.
Teatro D. Maria II, Rossio |
Em 1838, D. Fernando
comprou na Serra de Sintra um convento arruinado onde começou a construir um
verdadeiro Palácio de Fadas – O Palácio da Pena. É aí que passarão as férias,
no mês de setembro, por estar muito mais fresco do que em Lisboa. Alguns Natais
serão, também, passados no Palácio da Pena. Aliás, a primeira árvore de Natal
portuguesa foi, precisamente, feita por D. Fernando neste Palácio. Uma gravura,
desenhada por ele, representa-o, vestido de S. Nicolau, a distribuir os presentes aos filhos.
Palácio da Pena- gravura |
D. Fernando II vestido de S. Nicolau distribui presentes aos filhos |
Em novembro de 1853 a
rainha morreu ao dar à luz o seu 11.º filho. Nesse Natal não se montou a
árvore, nem se deram presentes.
O seu corpo está no
Mosteiro de S. Vicente de Fora, em Lisboa.
Chegada do cortejo fúnebre de D. Maria II ao Mosteiro de S. Vicente de Fora |
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