segunda-feira, 6 de abril de 2020

Agora leio eu, a seguir lês tu - "O Bloco das Crianças"


"Alex Ehren interrogou-se sobre como conseguiam as crianças resolver as adivinhas, porque muitas delas nunca tinham frequentado a escola e o seu conhecimento era superficial e cheio de lacunas. Porém, elas gostavam de coisas novas e interessavam-se por histórias que substituíam as experiências que elas tinham vivido. Era o bloco, pensava ele, que substituía o mundo delas duplamente afastado. Estavam confinadas ao campo, mas dentro do bloco das crianças cresciam como plantas dentro de uma estufa, alimentadas pelas palavras das histórias e pelos prados e pássaros que Lisa Pomnenka pintara na parede."

in

Kraus, O.(2019). O Bloco das Crianças. Lisboa: Editorial Presença.



Estou, neste momento, a ler (quase a terminar) “O Bloco das Crianças”, um romance baseado na história verídica de um sobrevivente do Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau – Otto B. Kraus.
No livro, Alex Ehren é um professor e um poeta que tenta, no mundo infernal que é o do campo de concentração, criar uma ilusão de alguma normalidade junto das crianças. Ignorando as ordens dos Chefes do Campo, Alex, juntamente com a ajuda de outros prisioneiros, tenta ensinar às crianças um pouco de Geografia, um pouco de História e, também, transmitir-lhes um pouco daquilo que os Nazis tentaram eliminar – o sentido de pertença a um povo, a uma religião, a uma raça.
No bloco das crianças, consegue-se o impossível recorrendo a meia dúzia de livros escondidos, a restos de folhas de papel deitadas para o lixo pelos SS, a pedaços de madeira que, depois de queimados, servem de lápis, ou que, depois de magicamente esculpidos por Shashek com um resto de lâmina, se transformam em marionetes…
No bloco das crianças, diariamente, acontece magia.
Sem nunca terem visto uma ave a voar no campo, pois todos os pássaros morriam eletrocutados nas vedações eletrificadas, uma das prisioneiras consegue que as crianças dancem simulando o voo das aves…
Apesar da inexistência de árvores no Campo de Concentração, Lisa Pomnenka, uma das prisioneiras que trabalha para o Dr. Menguele, pinta uma parede junto ao bloco das crianças, com um campo verdejante onde não faltam árvores, flores, e belas aves que contrastam com a ausência de vida desse mundo onde pavilhões de madeira escura se sucedem em verdadeira monotonia.
Num local onde a iminência da morte é uma constante, onde se luta por uma fatia de pão, e onde uma colher de sopa a mais pode fazer a diferença entre a vida e a morte, há um conjunto de prisioneiros que luta para que a vida das crianças no Campo seja de uma ilusória normalidade.
Agora leio eu, a seguir por que não lês tu.

Podes, aliás, começar a ler as primeiras páginas deste livro seguindo o link:






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